Netflix ganha mais usuários na América Latina após Copa
Por causa do Mundial, os torcedores compraram TVs com conexão à internet e depois se registraram para assistir a programas por streaming
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2014 às 17h59.
Nova York - A Copa do Mundo está atiçando as ambições globais da Netflix. O serviço de assinatura on-line líder registrou aumentos na quantidade de clientes que superaram suas próprias previsões, acumulando mais de 50 milhões de assinantes em todo o mundo, de acordo com uma declaração de ontem.
Na América Latina, os torcedores arrebataram TVs com conexão à internet para a Copa e depois se registraram para assistir a programas por streaming, como a exitosa série “Orange is the New Black”.
Mercados como o Brasil, um dos primeiros alvos de crescimento para a Netflix , com sede em Los Gatos, Califórnia, estão se tornando lucrativos e preparando o cenário para a próxima expansão da empresa: na Alemanha, na França e em quatro outros países europeus, a partir de setembro.
O CEO Reed Hastings deixou claro que está disposto a sacrificar os lucros para aumentar sua liderança em televisão on-line.
“Esperamos que tenhamos um sucesso parecido com o que tivemos antes, e que as perdas iniciais significativas sejam abatidas nos próximos anos”, disse Hastings ontem, em entrevista por telefone. “Nossa orientação no longo prazo é administrar a empresa com equilíbrio enquanto incursionamos nessa expansão internacional.”
O lucro líquido mais que dobrou em relação ao ano anterior, de US$ 29 milhões, ou US$ 0,49 por ação, para US$ 71 milhões, ou US$ 1,15 por ação, disse ontem a Netflix, em seu site.
O resultado cumpriu a média das 30 estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg. As vendas, 25 por cento maiores, de US$ 1,34 bilhão, também corresponderam às projeções.
“São bons números”, disse Daniel Ernst, analista da Hudson Square Research em Nova York, que recomenda a compra das ações. “Mas o mais importante é que isso os prepara para o crescimento futuro. Isso os prepara para os próximos 50 milhões, à medida que vão se tornando internacionais”.
No passado, os eventos esportivos internacionais prejudicaram a Netflix. Há dois anos, as olimpíadas atrapalharam as assinaturas trimestrais, o que provocou uma queda nas ações.
Linha reta
“As adições líquidas subiram numa linha incrivelmente reta no Brasil durante a Copa do Mundo”, disse Hastings numa videoconferência que ocorreu ontem após a divulgação dos lucros.
No segundo trimestre, os clientes internacionais aumentaram 1,12 milhão, totalizando 13,8 milhões.
Os consumidores da América Latina que assistem Netflix em aparelhos de televisão com telas grandes tendem a assistir mais e a serem mais leais, disse Hastings.
A porcentagem de audiência em TVs inteligentes na América Latina é maior do que em qualquer outra região onde os serviços da Netflix estão disponíveis, disse a companhia.
Estima-se que as remessas de TVs inteligentes em todo o mundo totalizem 73 por cento das vendas de TVs de tela plana até 2017, e praticamente todos os aparelhos de preço médio a alto terão algum tipo de conectividade à internet, disse a Strategy Analytics em janeiro.
Entusiasmo da crítica
Para o terceiro trimestre, a companhia prevê uma receita total de US$ 1,22 bilhão com os serviços de streaming, excluindo-se o negócio mais antigo de envio de DVD por correio. Os analistas projetam uma receita de US$ 1,38 bilhão, incluindo DVDs.
A Netflix espera adicionar 3,69 milhões de novos consumidores, uma recuperação do crescimento que inclui 1,33 milhão de novos usuários nos Estados Unidos e 2,36 milhões no exterior.
A companhia acrescentou 570.000 clientes domésticos de streaming no segundo trimestre, que sazonalmente é o mais lento, superando sua própria previsão de 520.000 e expandindo o total de usuários nos Estados Unidos para 36,2 milhões.
Os programas da Netflix têm sido recebidos com entusiasmo pela crítica e acumularam 31 indicações ao Emmy neste mês, desafiando redes de TV paga de primeira linha, como HBO e Showtime.
A companhia também está pensando em produzir filmes que possam ser exibidos simultaneamente nos cinemas e no serviço de streaming da Netflix.
“O beneficiário é o consumidor, que terá a opção de ir ao cinemas, se quiser sair, ou de assistir em casa”, disse Hastings. “Mas ainda não descobrimos como fazer isso.”
Aumento de preços
A Netflix começou a cobrar entre US$ 1 e US$ 2 a mais por mês dos novos clientes pelo serviço on-line durante o trimestre, o que reflete a confiança de que séries originais, como o thriller político “House of Cards”, com Kevin Spacey, podem atrair novos telespectadores.
Hastings disse em abril que, a princípio, esperava pouca receita adicional pela alteração do preço e que a empresa usaria os recursos para investir em novos conteúdos.
A Netflix continua vendo o potencial para conquistar de 60 milhões a 90 milhões de consumidores nos Estados Unidos e disse esperar que, posteriormente, a receita internacional ultrapasse as vendas domésticas.
“É de fato essa demanda crescente pelo controle, que os consumidores tenham a possibilidade de clicar e assistir ao que eles quiserem”, disse Hastings no telefonema.
“É por isso que estamos acelerando a expansão internacional. Realmente acreditamos que este seja um grande momento histórico, com os serviços de internet sob demanda vindo à tona em todo o mundo.”