Minerador aproveita usina do pai em caçada ao bitcoin
Alex Wilhelm é um dos milhares que utilizam computadores para resolver problemas matemáticos complexos e obter a moeda digital
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2014 às 21h52.
Tóquio - Nos cinco anos desde que o bitcoin foi criado, a caçada por ele consumiu energia suficiente para manter a Torre Eiffel iluminada durante 260 anos. A solução de um homem para contornar as contas de luz? Recorrer à usina elétrica da sua família.
Alex Wilhelm é um minerador de bitcoin, um dos milhares que utilizam computadores para resolver problemas matemáticos complexos e obter a moeda digital. O expatriado que mora em Tóquio possui 30 servidores controlados remotamente minerando o ouro virtual em um antigo edifício no interior da Áustria. Seu pai está doando a eletricidade, que provém de uma turbina movida a água que sobreviveu a um ataque aéreo na Segunda Guerra Mundial e que fornecia eletricidade para todo o município de Tattendorf, onde Wilhelm cresceu.
Embora a operação seja modesta em relação às fazendas de mineração – o rendimento deste ano não deve superar US$ 12.500 –, ela ilustra um aspecto básico: a corrida por descobrir dinheiro virtual exige tanta energia que as contas de eletricidade reduzem significativamente sua rentabilidade.
“Basicamente você está transformando eletricidade em dinheiro”, disse Wilhelm, sentado de calça jeans e suéter vermelho em frente a um monitor de tela plana em seu escritório em Tóquio. “Se os preços da eletricidade subirem, a matemática deixa de funcionar”.
O engenheiro de software de 30 anos virou para o computador e, com alguns toques no teclado, abriu um tour da sua mina no outro lado do mundo. Uma transmissão de vídeo mostrou filas de painéis de circuitos pendurados como morcegos em suportes de metal, dentro da cavernosa sala com paredes de pedra onde ele brincava quando era criança.
A princípio, não há indícios do quão intensamente as máquinas estão trabalhando. Então, ele ligou o volume. Os ventiladores que esfriam os computadores são tão barulhentos que davam a sensação de estarmos em baixo de uma cachoeira.
“Você pode imaginar que ter algo assim em casa não faria sua esposa muito feliz”, disse ele. “É barulhento, é calorento e é caro”.
É por isso que os mineradores de bitcoin estão varrendo o mundo em busca dos menores preços de eletricidade.
Enigma matemático
Quando o bitcoin foi criado em 2009, por um programador ou grupo denominado Satoshi Nakamoto, a intenção era que fosse finito, como um metal precioso que tem que ser escavado da terra. Isso ajudou a cunhar o termo “mineração”, mas é um termo equivocado.
O processo é mais como um cruzamento de um enigma matemático com uma loteria, realizado seis vezes por hora. Pessoas como Wilhelm correm com seus computadores para resolver quebra-cabeças e colher alguns dos 25 bitcoins liberados a cada 10 minutos pelo algoritmo de Nakamoto. Quanto mais máquinas você tiver – pense nelas como bilhetes – maiores são as suas chances de ganhar.
Buraco negro
Os preços do bitcoin dispararam de quase US$ 13 para mais de US$ 1.100 no ano passado. A moeda sofreu golpes nos últimos meses, depois que a China proibiu os bancos de operá-la e o governo dos EUA decidiu cobrar um imposto sobre ela. Outro golpe foi desferido quando aproximadamente US$ 500 milhões em bitcoins desapareceram de uma das maiores operadoras, Mt.Gox, com sede em Tóquio, que depois declarou falência. As moedas atualmente operam a US$ 522, de acordo com o índice CoinDesk Bitcoin Price, uma média das principais operações do mundo.
Até alguns fanáticos dos bitcoins dizem que a moeda se tornou uma corrida armamentista inútil. Numa publicação de um blog, que circulou amplamente no Twitter durante o mês passado, o tecnólogo Fred Trotter disse que a mineração se tornou “um buraco negro de recursos”.
Valor do Bitcoin
Wilhelm concluiu o tour virtual com uma ligação pelo Skype para seu pai. Depois de algumas falhas técnicas, a face de um homem apareceu na tela, junto com um polegar dando o sinal de positivo. Para ele, o valor do bitcoin é essencialmente sentimental.
A preocupação do aposentado de 60 anos é que o vencimento dos subsídios em 2016 os obrigue a fechar a usina, uma relíquia que está em sua família há seis ou sete gerações. Se o experimento dos bitcoins funcionar, ele poderia ser uma saída.
“Tudo depende do valor do itcoin”, disse o jovem Wilhelm. “Se você continua com a mineração a essa altura, você não está fazendo isso para ganhar alguns dólares: você faz porque acredita que o valor vai aumentar”.
Tóquio - Nos cinco anos desde que o bitcoin foi criado, a caçada por ele consumiu energia suficiente para manter a Torre Eiffel iluminada durante 260 anos. A solução de um homem para contornar as contas de luz? Recorrer à usina elétrica da sua família.
Alex Wilhelm é um minerador de bitcoin, um dos milhares que utilizam computadores para resolver problemas matemáticos complexos e obter a moeda digital. O expatriado que mora em Tóquio possui 30 servidores controlados remotamente minerando o ouro virtual em um antigo edifício no interior da Áustria. Seu pai está doando a eletricidade, que provém de uma turbina movida a água que sobreviveu a um ataque aéreo na Segunda Guerra Mundial e que fornecia eletricidade para todo o município de Tattendorf, onde Wilhelm cresceu.
Embora a operação seja modesta em relação às fazendas de mineração – o rendimento deste ano não deve superar US$ 12.500 –, ela ilustra um aspecto básico: a corrida por descobrir dinheiro virtual exige tanta energia que as contas de eletricidade reduzem significativamente sua rentabilidade.
“Basicamente você está transformando eletricidade em dinheiro”, disse Wilhelm, sentado de calça jeans e suéter vermelho em frente a um monitor de tela plana em seu escritório em Tóquio. “Se os preços da eletricidade subirem, a matemática deixa de funcionar”.
O engenheiro de software de 30 anos virou para o computador e, com alguns toques no teclado, abriu um tour da sua mina no outro lado do mundo. Uma transmissão de vídeo mostrou filas de painéis de circuitos pendurados como morcegos em suportes de metal, dentro da cavernosa sala com paredes de pedra onde ele brincava quando era criança.
A princípio, não há indícios do quão intensamente as máquinas estão trabalhando. Então, ele ligou o volume. Os ventiladores que esfriam os computadores são tão barulhentos que davam a sensação de estarmos em baixo de uma cachoeira.
“Você pode imaginar que ter algo assim em casa não faria sua esposa muito feliz”, disse ele. “É barulhento, é calorento e é caro”.
É por isso que os mineradores de bitcoin estão varrendo o mundo em busca dos menores preços de eletricidade.
Enigma matemático
Quando o bitcoin foi criado em 2009, por um programador ou grupo denominado Satoshi Nakamoto, a intenção era que fosse finito, como um metal precioso que tem que ser escavado da terra. Isso ajudou a cunhar o termo “mineração”, mas é um termo equivocado.
O processo é mais como um cruzamento de um enigma matemático com uma loteria, realizado seis vezes por hora. Pessoas como Wilhelm correm com seus computadores para resolver quebra-cabeças e colher alguns dos 25 bitcoins liberados a cada 10 minutos pelo algoritmo de Nakamoto. Quanto mais máquinas você tiver – pense nelas como bilhetes – maiores são as suas chances de ganhar.
Buraco negro
Os preços do bitcoin dispararam de quase US$ 13 para mais de US$ 1.100 no ano passado. A moeda sofreu golpes nos últimos meses, depois que a China proibiu os bancos de operá-la e o governo dos EUA decidiu cobrar um imposto sobre ela. Outro golpe foi desferido quando aproximadamente US$ 500 milhões em bitcoins desapareceram de uma das maiores operadoras, Mt.Gox, com sede em Tóquio, que depois declarou falência. As moedas atualmente operam a US$ 522, de acordo com o índice CoinDesk Bitcoin Price, uma média das principais operações do mundo.
Até alguns fanáticos dos bitcoins dizem que a moeda se tornou uma corrida armamentista inútil. Numa publicação de um blog, que circulou amplamente no Twitter durante o mês passado, o tecnólogo Fred Trotter disse que a mineração se tornou “um buraco negro de recursos”.
Valor do Bitcoin
Wilhelm concluiu o tour virtual com uma ligação pelo Skype para seu pai. Depois de algumas falhas técnicas, a face de um homem apareceu na tela, junto com um polegar dando o sinal de positivo. Para ele, o valor do bitcoin é essencialmente sentimental.
A preocupação do aposentado de 60 anos é que o vencimento dos subsídios em 2016 os obrigue a fechar a usina, uma relíquia que está em sua família há seis ou sete gerações. Se o experimento dos bitcoins funcionar, ele poderia ser uma saída.
“Tudo depende do valor do itcoin”, disse o jovem Wilhelm. “Se você continua com a mineração a essa altura, você não está fazendo isso para ganhar alguns dólares: você faz porque acredita que o valor vai aumentar”.