Mercado mundial de celulares corre risco de superaquecimento
Para a consultoria americana Gartner, a contrapartida ao excesso de demanda de 2004 pode ser uma queda brusca das vendas no próximo ano
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h17.
As vendas mundiais de aparelhos celulares correm o risco de sofrer um superaquecimento, caso continuem crescendo às atuais taxas. O alerta é da consultoria americana Gartner, especializada em tecnologia e telecomunicação. O maior perigo do excesso de vendas neste ano é gerar, em contrapartida, uma forte queda dos negócios em 2005. Esse recuo seria causado pela saturação do mercado consumidor e pelo acúmulo de estoques no comércio. Para as empresas, isso significaria um grande aumento de sua ociosidade.
Segundo a Gartner, as vendas mundiais de celulares somaram 156,4 milhões de unidades somente no segundo trimestre. O volume é 35% maior que os 115,8 milhões de igual período do ano passado. Também ficou ligeiramente acima dos 153 milhões comercializados entre janeiro e março. Segundo Ben Wood, analista da Gartner, o "espetacular crescimento" do mercado latino-americano foi um dos elementos que puxaram os resultados no período (leia também reportagem de EXAME sobre o uso crescente, pelas empresas, dos smartphones, aparelhos que combinam computador de mão e celular).
Wood também afirmou que, se o atual ritmo de vendas for mantido, o mercado global pode encerrar 2004 com 650 milhões de unidades vendidas, volume 4,8% maior que os 620 milhões inicialmente previstos, segundo o americano The Wall Street Journal. Para se ter uma idéia, a diferença (30 milhões de unidades) é maior que o número de linhas de celulares existente no Sudeste do Brasil em julho. No mês retrasado, havia 28,041 milhões de linhas na região, sendo que o Estado de São Paulo tinha 14,539 milhões em julho, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações. No total, o Brasil possuía 55,245 milhões de linhas celulares.
Empresas
A Nokia vendeu 46,4 milhões de aparelhos entre abril e junho, contra 41,2 milhões comercializados em igual período do ano passado. O desempenho lhe assegurou 29,7% de participação de mercado, percentual inferior aos 35,6% que detinha no segundo trimestre de 2003, mas superior aos 28,9% dos primeiros três meses de 2004.
Já a Motorola vendeu 24,6 milhões de celulares, o que elevou sua fatia de mercado para 15,8%, contra os 14,5% do segundo trimestre de 2003. Para as demais companhias, as vendas foram: Samsung (18,9 milhões de unidades) e Siemens (10,8 milhões). Em junho, essa empresas detinham, respectivamente, 12,1% e 6,9% de participação do mercado.