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Mensagens de texto viram armas na luta contra o ebola

Tecnologia está ajudando na disseminação de informações na África, importante principalmente para uma região limitada conectividade de internet

Funcionário da Cruz Vermelha veste uma roupa de proteção contra o ebola, na capital da Libéria (Pascal Guyot/AFP)
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Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2014 às 20h44.

Washington - Na Libéria , trabalhadores humanitários testaram nesta semana uma nova ferramenta para conter o pior surto de ebola do mundo: a mensagem de texto.

Usando uma tecnologia que pode abranger telefones celulares em uma área específica, trabalhadores do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, enviaram textos para um grupo de jovens em Monróvia contando a eles como realizar o cadastro para recebimento de alertas relacionados ao ebola.

Os jovens responderam com perguntas, por exemplo, sobre como eles poderiam evitar o contágio.

O vai e vem é parte de uma medida emergencial para uso de tecnologias para ajudar a combater o vírus.

Os trabalhadores humanitários dizem que embora a tecnologia seja promissora, a limitada conectividade de internet e de dados nas áreas rurais da África Ocidental se tornou um obstáculo significativo.

“O sistema está, francamente, se derrubando”, disse Lauren Woodman, CEO da NetHope Inc., uma organização sem fins lucrativos que está coordenando o uso da tecnologia por grupos humanitários na região.

“Nossas organizações-membros nos dizem que chegam a conseguir apenas um telefonema em horas de tentativas. As mensagens de textos são entregues dois ou três dias mais tarde. Os pagamentos móveis para trabalhadores de saúde estão, algumas vezes, levando uma semana para serem processados”.

As agências do governo, organizações internacionais e entidades sem fins lucrativos estão expandindo o uso de tecnologias para ajudar a parar uma epidemia que infectou quase 10.000 pessoas, matando em torno de metade.

Os trabalhadores de saúde estão usando telefones com Android, da Google, para monitorar as vítimas, um software para acompanhar o Twitter e outras redes sociais em busca de surtos e sistemas baseados em satélites para conectar hospitais rurais improvisados à internet.

Campanha com textos

“Todos estão tentando alavancar o uso de tecnologia de uma forma ou de outra”, disse Gisli Olafsson, diretor de resposta a emergências da NetHope, uma coalizão com sede em Fairfax, Virgínia, de 41 organizações internacionais que fornece US$ 40 bilhões em assistência humanitária.

O teste com mensagens de texto desta semana, por exemplo, é parte de uma campanha educativa que começará nos próximos dias, disse Christopher Fabian, conselheiro sênior de tecnologia da Unicef, em entrevista por telefone, de Monróvia.

As organizações estão trabalhando para resolver o problema da conectividade limitada. Os trabalhadores de saúde dos três países mais afetados, Libéria, Serra Leoa e Guiné, estão começando a receber telefones celulares com um aplicativo para Android.

Isso permite a eles guardar dados sobre as vítimas, como seus sintomas e localização, para que possam ser criados arquivos virtuais dos casos.

“Os aplicativos permitem que as investigações de casos ingressem e sejam salvas no telefone”, disse Adam Thompson, CEO da eHealth Information Systems Nigeria, uma organização sem fins lucrativos com sede em Santa Ana, Califórnia, que opera na Nigéria, por e-mail.

O aplicativo pode ser usado sem conexão de internet. Os dados são enviados quando o serviço se torna disponível, disse Thompson, cujas organizações forneceram telefones celulares para trabalhadores humanitários na Nigéria em uma iniciativa de US$ 14 milhões.

Na Nigéria, o aplicativo para telefones reduziu o tempo de relato de novos casos do ebola pela metade em um primeiro momento, e depois em 75 por cento, até que o serviço se tornou praticamente de tempo real, disse Daniel Tom-Aba, gerente sênior de dados do Centro de Operações de Emergência contra o Ebola em Lagos.

Ferramentas de comunicação

O governo liberiano está usando um sistema que captura a hora e a localização dos telefonemas feitos para serviços de emergência, disse Carl Kinkade, um coordenador de tecnologia de informação dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), que trabalha com o governo.

O governo liberiano também está testando um sistema que permitirá que clínicas localizadas em áreas remotas recebam imediatamente resultados de laboratório, via mensagens de texto, para que possam saber se o teste de um determinado paciente deu positivo ou não para o ebola, disse Kinkade, do CDC.

Atualmente, de carro, a entrega de resultados de laboratório para uma dessas clínicas pode demorar até três dias.

“É fundamental que os resultados retornem o mais brevemente possível”, disse Kinkade, em entrevista por telefone.

“Se eles sabem que um caso é negativo, essa pessoa pode ser liberada. Ao liberá-la, abre-se uma cama e isso permite que entre alguém que está esperando do lado de fora”.

Existem muitas conversas entre organizações não governamentais, governos e o setor privado a respeito de quais recursos podem ser enviados para ajuda na África Ocidental, disse Woodman.

“O que podemos efetivamente mobilizar, em que período de tempo e para que finalidade? Essas são as perguntas que temos que fazer”, disse ela.

O vírus ebola tem um índice de mortalidade de 70%. Ao lado da tragédia, o fotógrafo John Moore decidiu retratar os raros sobreviventes da doença na Libéria, o país mais afetado pela epidemia. Na foto, Jeremra Cooper, 16, enxuga o rosto do calor, enquanto espera na seção de baixo risco dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), em Paynesville, Libéria. O aluno da 8 ª série disse que perdeu seis familiares para a epidemia de Ebola antes de ficar doente e de ser enviado para o centro dos MSF, onde ele se recuperou após um mês.
  • 2. Mohammed Wah, 23

    2 /15(John Moore/Getty Images)

  • Veja também

    O trabalhador da construção civil diz que o Ebola matou cinco membros de sua família e que ele acha que contraiu a doença enquanto cuidava de seu sobrinho.
  • 3. Varney Taylor, 26

    3 /15(John Moore/Getty Images)

  • Perdeu três membros da família para a doença e acredita que contraiu Ebola enquanto carregava o corpo de sua tia após a morte dela.
  • 4. Benetha Coleman, 24

    4 /15(John Moore/Getty Images)

    Seu marido e dois filhos morreram em decorrência da doença.
  • 5. Victoria Masah, 28

    5 /15(John Moore/Getty Images)

    Seu marido e dois filhos morreram por causa do ebola.
  • 6. Eric Forkpa, 23

    6 /15(John Moore/Getty Images)

    O estudante de engenharia civil, disse que acha que pegou ebola enquanto cuidava de seu tio doente. Ele passou 18 dias no centro dos MSF se recuperando do vírus.
  • 7. Emanuel Jolo, 19

    7 /15(John Moore/Getty Images)

    O estudante do ensino médio perdeu seis membros da família e acredita que contraiu a doença enquanto lavava o corpo de seu pai, que morreu de Ebola.
  • 8. James Mulbah, 2

    8 /15(John Moore/Getty Images)

    O garotinho posa para a foto enquanto é segurado pela mãe, que também se recuperou do ebola.
  • 9. John Massani, 27

    9 /15(John Moore/Getty Images)

    Trabalhador da construção civil, ele acredita que pegou a doença enquanto carregava o corpo de um parente. Ele perdeu seis familiares por causa do ebola.
  • 10. Mohammed Bah, 39

    10 /15(John Moore/Getty Images)

    Bah, que trabalha como motorista, perdeu a mulher, a mãe, o pai e a irmã para o ebola.
  • 11. Vavila Godoa, 43

    11 /15(John Moore/Getty Images)

    O alfaiate diz que o estigma de ter tido Ebola é algo difícil. Ele perdeu todos os seus clientes devido ao medo. "Eles não vêm mais", afirma. Ele acredita que pegou Ebola enquanto cuidava de sua esposa doente.
  • 12. Ami Subah, 39

    12 /15(John Moore/Getty Images)

    Subah, uma parteira, acha que pegou ebola quando fez o parto de um bebé de uma mãe doente. O menino, segundo ela, sobreviveu, mas a mãe morreu. Ela diz que não teve trabalho desde sua recuperação, devido ao estigma de ter tido Ebola. "Não me deixam nem tirar água do poço comunitário", afirma.
  • 13. Peters Roberts, 22

    13 /15(John Moore/Getty Images)

    O aluno do 11º ano perdeu uma irmã, o tio e um primo para o Ebola. Ele acredita que contraiu a doença enquanto cuidava de seu tio.
  • 14. Anthony Naileh, 46, e Bendu Naileh, 34

    14 /15(John Moore/Getty Images)

    Anthony disse que é um estenógrafo no Senado liberiano e planeja voltar a trabalhar na sessão de janeiro. Bendu, uma enfermeira, acha que pegou ebola após colocar as mãos em posição de oração ao rezar por um sobrinho que tinha a doença. Em seguida, ela adoeceu e seu marido cuidou dela.
  • 15. Moses Lansanah, 30

    15 /15(John Moore/Getty Images)

    O trabalhador da construção civil perdeu sua noiva Amifete, com então 22 anos, que estava grávida de 9 meses do seu filho.
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