Novas oportunidades de negócios: é isso o que vem brilhando os olhos das empresas que já entenderam como funciona a tecnologia de Web services. Exemplo disso é o Pagamento Empresarial, novo produto da TecBan, empresa de serviços eletrônicos interbancários, cujos sócios e acionistas são 61 instituições financeiras. Na prática, o Pagamento Empresarial é um sistema de liquidação financeira eletrônica que se propõe a realizar o débito na conta do comprador e o crédito na conta do fornecedor de uma maneira mais barata e sem a papelada gerada nesse tipo de transação.

"Enxergamos uma oportunidade de negócios", diz Marcelo Reiff, consultor de Marketing da TecBan. E de fato é. Cobrar e pagar contas resultantes de transações entre empresas é um pepino que continua sendo descascado às custas de muito trabalho braçal. Cada venda feita em uma empresa gera uma nota fiscal, que gera uma fatura, que é enviada ao banco com o qual ela se relaciona. É esse banco que se responsabiliza pela tarefa de cobrar a empresa devedora -- fazendo desse trabalho uma fonte de receita, é claro. De posse da fatura, o banco emite a cobrança pelo correio. Quando, finalmente, a fatura chega à empresa que deverá quitá-la, um funcionário tem de incluí-la no sistema financeiro, e, ufa!, mandar um mensageiro pagá-la no banco.

Todo esse ciclo, feito pelo banco ou pelas próprias empresas que não terceirizam a atividades para as instituições financeiras, exige muitos braços, demora muito mais tempo e, portanto, custa mais caro. Estima-se que o custo de uma cobrança caia de cinco reais, feita de modo convencional, para 1,25 real, se realizada eletronicamente.

A razão para um procedimento tão arcaico é simples: para que uma empresa conseguisse realizar todas as suas cobranças eletronicamente, teria de ter conexões com cada um dos bancos que seus clientes ou parceiros se relacionam. É verdade que algumas delas, as grandes corporações, têm parte desse caminho feito eletronicamente por meio de uma conexão com o banco para o qual envia todas as faturas a serem cobradas, por exemplo. O resto do percurso, entretanto, continua sendo feito na unha.

O que a TecBan propõe às empresas é que todo esse fluxo -- tanto de cobrança quanto de pagamento -- passe a ser feito por seu Web service. Esse sistema, que residirá dentro das máquinas da TecBan, terá livre acesso aos 15 bancos que decidiram entrar nessa espécie de entroncamento bancário que será lançado em novembro. Esse Web service poderá ser utilizado tanto pelas empresas que queiram cobrar, quanto pelas que querem pagar. Para isso, basta que uma pessoa de contas a pagar ou de contas a receber acesse o Pagamento Empresarial pelo site da TecBan. Outra possibilidade é que os sistemas de contas a pagar ou de contas a receber dessas empresas sejam integrados ao Web service da TecBan. A partir dessa integração, as máquinas das empresas passam a conversar com as máquinas dos bancos. O sistema de contas a pagar ou a receber da empresa aciona o serviço Web a cada ordem de pagamento ou de cobrança agendada em seu sistema financeiro. A partir daí, o Web service da TecBan vai ao sistema da empresa, lê os dados no formato original em que o sistema financeiro trabalha, transforma e processa esses dados no formato do Web service Pagamento Empresarial, e realiza o débito e o crédito nas contas das empresas envolvidas na liquidação financeira.

O Pagamento Empresarial está em testes há três meses. Entre os 15 bancos que aderiram ao serviço estão Unibanco, HSBC, Citibank, Santander, BankBoston e Caixa Econômica Federal.