O HP TouchPad roda o sistema operacional webOS, desenvolvido pela Palm (Reprodução)
Maurício Grego
Publicado em 18 de agosto de 2011 às 17h43.
São Paulo — A HP surpreendeu o mercado, hoje, com uma série de anúncios bombásticos. Entre eles, está a notícia de que a empresa está descontinuando seu tablet TouchPad, lançado há menos de dois meses nos Estados Unidos. A empresa também está abandonando o mercado de smartphones.
Essas notícias chegam junto com outras duas. A primeira é que a maior fabricante de computadores do mundo vai fazer um spin-off da sua divisão de PCs, um produto em que as margens de lucro são notoriamente baixas. Continuam com ela as impressoras e os equipamentos de armazenamento. A segunda notícia é que a HP quer reforçar sua área de software corporativo com a aquisição da britânica Autonomy, que já está sendo negociada.
Planos grandiosos
A HP chegou a anunciar planos grandiosos para o TouchPad antes do seu lançamento, no dia 1º de julho. A empresa vinha desenvolvendo um tablet com o formato atual anos antes do anúncio do iPad, da Apple. Por isso, acompanhar o incrível sucesso da rival deve ter sido uma experiência amarga para os diretores da HP. Em janeiro do ano passado, o tablet Slate, criado por ela, foi exibido por Steve Ballmer, da Microsoft, durante a feira CES, em Las Vegas. Era um formato de computador que nunca havia tido sucesso até então, mas que prometia, enfim, decolar.
O sucesso, como previa Ballmer e o pessoal da HP, veio, mas não para eles. Menos de um mês depois, o outro Steve, o Jobs, subiu ao palco para apresentar o iPad e tudo mudou. Mas a HP não desistiu e o TouchPad seria sua nova tentativa nessa área. O produto seguiu o modelo da a Apple, com soluções tecnológicas exclusivas e controle rígido tanto o hardware como o software. Mas criar um novo iPad, com um ano e meio de atraso em relação à Apple, é algo que muitos descreveriam como uma proposta suicida.
O enterro da Palm
Em seu comunicado oficial, a HP diz que vai “continuar explorando opções para explorar o valor do software WebOS”. Essa frase pode ter sido incluída no texto numa tentativa (inútil, é claro) de tranquilizar os desenvolvedores que criam aplicativos para o sistema operacional móvel. Ou pode ser que a HP tenha esperanças de licenciar ou vender esse software para alguma outra empresa. É pouco provável que ela consiga. Apesar de ser tecnicamente avançado, o WebOS conta com poucos aplicativos e tem base instalada pequena. Por isso, parece ser uma opção nada atraente para um fabricante de smartphones ou tablets.
O WebOS foi originalmente desenvolvido pela Palm, que foi adquirida pela HP em 2010, por 1,2 bilhão de dólares. A morte do sistema e dos dispositivos móveis da HP põe fim a uma linhagem de produtos – alguns muito bem sucedidos – que começou em 1997, com o PalmPilot. O pequeno dispositivo da Palm foi um dos primeiros assistentes pessoais digitais (PDAs) a fazer sucesso de verdade. Ele popularizou a tela sensível ao toque e o reconhecimento de escrita.
Bem sucedida nas era dos PDAs, a Palm ficou para trás na transição para os smartphones. A empresa trocou de dono várias vezes (pertenceu à US Robotics e à 3Com), foi dividida em duas, uniu-se à Handspring e terminou nas mãos da HP. Quando isso aconteceu, a Palm já estava em acentuada decadência e tinha pouco a oferecer. Se, na época, já surgiu a suspeita de que a HP estava jogando dinheiro fora, agora isso está confirmado.