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Hacking como serviço: pesquisadores encontram ferramentas de ciberinvasão ofertadas a baixo custo

O aumento da oferta de ransomware a preços acessíveis facilita o ingresso de iniciantes no cibercrime, com impactos significativos para pequenas empresas

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 19 de abril de 2024 às 09h17.

Última atualização em 19 de abril de 2024 às 09h18.

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O universo dos crimes digitais está mais sofisticado do que há alguns anos. Hackers já se comportam como empresas e contratam especialistas de segurança para trabalhos por empreitada. As ofertas para ingressar na atividade criminosa, quase sempre, são disponibilizadas na dark web. Trata-se de um crime organizado.

Mas, segundo pesquisadores da unidade de inteligência da empresa de cibersegurança Sophos, há um acréscimo nessa dinâmica. As ferramentas usadas para o crime, que já eram disponibilizadas no modelo SaaS (Software as a Service), com assinaturas e pacotes fechados a depender do uso, agora já permitem o modelo de licença, onde o comprador consegue determinar como será o uso e adaptar a ferramenta.

Foram identificadas 19 variedades de ransomware disponíveis ou em desenvolvimento em quatro fóruns entre junho de 2023 e fevereiro de 2024. Essas ferramentas, comparadas a armas de fogo baratas importadas que se popularizaram nos EUA nas décadas de 1960 e 1970, oferecem vantagens como baixo custo e dificuldade de rastreamento, atraindo criminosos que buscam independência e menores barreiras de entrada. O preço varia entre US$ 20 e 0,5 bitcoin, aproximadamente US$ 13 mil, com um preço médio de US$ 375.

A principal diferença dessas ferramentas em relação aos modelos de ransomware como serviço é a ausência de afiliados que compartilham os lucros, permitindo que os criminosos mantenham o total arrecadado. Esse modelo de "ransomware junk-gun", como foi denominado pelos pesquisadores, possibilita ataques independentes a pequenas empresas e indivíduos menos preparados para se defender.

Apesar das vantagens percebidas, essas ferramentas apresentam riscos significativos, como a possibilidade de serem defeituosas ou parte de golpes. No entanto, para criminosos aspirantes, esses riscos são muitas vezes aceitáveis, uma vez que a experiência adquirida pode abrir portas para oportunidades mais lucrativas em gangues de ransomware mais estabelecidas.

A eficácia dessas ferramentas ainda é incerta, com pouca infraestrutura disponível para monitoramento por investigadores, e os ataques geralmente não são divulgados publicamente, deixando uma lacuna de inteligência.

O cenário nos fóruns da deep web revela a natureza amadora dessas operações, com usuários trocando guias e manuais sobre como executar ataques de ransomware, indicando uma comunidade que busca aprimorar suas habilidades em um ambiente de baixa supervisão e elevada autonomia.

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