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Governo deve colaborar com empresas e universidades, dizem especialistas

Fórum promovido por VEJA e EXAME reúne nomes importantes do Brasil e do exterior e discute possíveis vantagens mútuas com parcerias

Roberto Caetano, Jorge Guimarães, Martin Sanne, Carlos Pacheco e Laurens Steen: debate sobre inovação (Flávio Moret/VEJA)
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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2019 às 16h38.

Reunidos no fórum A Importância da Inovação na Economia Digital , promovido por VEJA e Exame, quatro especialistas em ciência e tecnologia concordaram que os estados e os governos devem tentar cooperar com empresas e universidades para buscar a inovação nas áreas produtivas, a partir do modelo conhecido como “tripla hélice”

O objetivo é tornar possíveis novas maneiras de financiamento das instituições de pesquisa e formação, orientando o resultado dos projetos às necessidades dos países e do setor privado. “Assim, há uma agenda coerente por toda a ‘hélice’. Torçamos que possa haver uma troca de práticas de atuação. Isso acontece se você tem projetos colaborativos e dirigidos”, argumenta Martin Sanne, diretor-executivo do Council for Scientific and Industrial Research (CSIR) da África do Sul.

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Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Jorge Guimarães falou sobre o caso do órgão, criado em 2013 no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. No país, a Embrapii já credenciou 42 unidades, que consistem em grupos de pesquisas financiados em parceria pela entidade e pelo setor privado.

“Nós financiamos pesquisas aplicadas que já estão entre as demandas das empresas”, explica Guimarães, argumentando que, além da verba para os projetos, as universidades também podem receber recursos adicionais por esse modelo a partir de royalties das iniciativas bem sucedidas.

Ao tratar da temática, Carlos Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Paulo (Fapesp), afirmou que é importante não perder de vista a necessidade de preencher o gargalo que países como Brasil e África do Sul apresentam no segmento da inovação.

Para ele, é importante reduzir distâncias entre as áreas de tecnologia e produção. “Temos que aproximar e pensar nos rumos que queremos dar para nossa indústria. Nosso papel é colaborar, convencer e elaborar soluções”. Pacheco ainda defende o trabalho de difusão do conhecimento que já existe, por meio de instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Uma parte importante do que é necessário para as indústrias está em pesquisas que já foram realizadas.”

Pacheco cobra melhorias institucionais nos marcos regulatórios brasileiros. As regras atuais, argumenta, dificultam o investimento de órgãos públicos em produtos inovadores. “Nossas regras fazem o gestor correr o risco de sofrer uma fiscalização dos tribunais de contas e até punições se ele buscar seguir esse caminho”, argumenta. Guimarães defendeu o modelo de organizações sociais da Embrapii, que, por ter gestão independente da União, tem burocracias mais fáceis para análise de propostas e investimentos.

Agenda

Dirigente de uma organização de promoção da inovação, Laurens Steen, da holandesa TNO, ressalta a importância da participação do governo na definição da agenda necessária ao desenvolvimento, pensando nas demandas concretas dos países. “A agenda de trabalho que vem do governo da Holanda permite definir o rumo da inovação, pensando nos desafios da sociedade e no que é mais importante naquele momento”, explica.

Martin Sanne concorda e diz que, com essa preocupação em se integrar propositivamente ao ecossistema da inovação, países em desenvolvimento podem evitar o fenômeno conhecido como braindrain: a fuga em massa de cérebros para outras nações. “A beleza de ter esse caminho desenhado para a inovação permite que cada um possa ver o seu lugar, onde essa pessoa se encaixa no projeto do país. Isso passa estabilidade.”

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