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Governo da China não quer mais os MacBooks e iPads da Apple

Governo excluiu os gadgets da lista de produtos que podem ser comprados com dinheiro público por questões de segurança


	Loja da Apple em Hong Kong: produtos foram omitidos da lista de compras governamental
 (Bobby Yip/Reuters)

Loja da Apple em Hong Kong: produtos foram omitidos da lista de compras governamental (Bobby Yip/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2014 às 17h40.

Pequim/Hong Kong  - O governo da China excluiu os aparelhos iPad e os laptops MacBook da Apple da lista de produtos que podem ser comprados com dinheiro público por questões de segurança, de acordo com funcionários do governo que têm conhecimento sobre o assunto.

Dez produtos Apple – incluindo iPad, iPad Mini, MacBook Air e MacBook Pro – foram omitidos da versão definitiva da lista de compras governamental distribuída em julho, segundo funcionários que a leram e solicitaram anonimato porque a informação é confidencial.

Os modelos estavam presentes em uma versão de junho da lista elaborada pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) e pelo Ministério das Finanças, disseram os funcionários.

A Apple é a mais recente empresa de tecnologia dos EUA a ser eliminada da lista de compras do governo chinês em meio a tensões crescentes entre os dois países devido a alegações de hacking e espionagem virtual.

A secretaria de aquisições da China disse aos departamentos que deixassem de comprar software antivírus da Symantec e da Kaspersky Lab e a Microsoft foi excluída de uma compra de computadores de baixo consumo de energia realizada pelo governo.

“Quando o governo deixa de comprar os produtos ele transmite um sinal para empresas e para órgãos semigovernamentais”, disse Mark Po, analista da UOB Kay Hian em Hong Kong.

“O governo chinês quer garantir que as empresas estrangeiras não tenham influência demais na China”.

Vendas na China

A Apple dependeu da Grande China para aproximadamente 16 por cento de seus US$ 37,4 bilhões em receita no último trimestre, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

As vendas de iPad no maior mercado do mundo aumentaram 51 por cento e as vendas de Mac aumentaram 39 por cento, disse o CEO Tim Cook no dia 23 de julho.

A análise minuciosa das empresas estrangeiras ocorre após as revelações feitas por Edward Snowden no ano passado sobre o programa de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA e o anúncio, em maio, de que cinco oficiais militares chineses foram indiciados por promotores dos EUA por supostamente terem roubado segredos corporativos.

Kristin Huguet, porta-voz da Apple, não quis comentar. O Ministério das Finanças e a NDRC não responderam imediatamente a mensagens por fax em busca de comentários sobre a lista de compras, que não inclui smartphones.

O registro se aplica a todos os departamentos centrais do Partido Comunista, aos ministérios do governo e a todos os governos locais, de acordo com os funcionários.

A próxima revisão da lista ocorrerá em janeiro, disseram. Produtos da Dell Inc., da Hewlett-Packard Co. e da fabricante chinesa Lenovo Group foram incluídos em ambas as listas, disseram os funcionários.

Microsoft e Google

Em maio a China disse que faria um exame minucioso das empresas de tecnologia que operam no país por potenciais violações da segurança nacional depois que o governo ameaçou retaliar o indiciamento nos EUA dos funcionários chineses.

As exclusões podem aumentar a pressão sobre as relações entre os EUA e a China, que estão tensas por causa das disputas territoriais entre a China e aliados dos EUA, como o Japão e as Filipinas, e por causa da competição econômica em todo o mundo.

Em maio a Microsoft disse que “se surpreendeu” ao saber que o sistema operacional Windows 8 foi retirado da lista de compras do governo. A agência oficial de notícias Xinhua disse que essa era “uma decisão para garantir a segurança dos computadores”.

Em julho, reguladores da China abriram um inquérito antimonopólio sobre a Microsoft e apreenderam computadores e documentos de escritórios em quatro cidades.

Microsoft, Google, Facebook e Apple têm sido criticadas pela mídia estatal por supostamente cooperar com um programa de espionagem dos EUA e em novembro a Qualcomm divulgou uma investigação relacionada à lei antimonopólio.

No mês passado, a Televisão Central da China, controlada pelo Estado, informou que os recursos do software presente no iPhone da Apple poderiam provocar o vazamento de segredos de Estado. A Apple negou essas afirmações.

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