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Google e Mastercard estão monitorando compras em segredo, dizem fontes

Empresas não anunciaram acordo publicamente, mas, segundo fontes, estão acompanhando as vezes em que a visualização de um anúncio levou a uma compra física

Cartões de débito da MasterCard (Andrew Harrer/Bloomberg/Bloomberg)

Cartões de débito da MasterCard (Andrew Harrer/Bloomberg/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2018 às 09h23.

Nos últimos 12 meses, alguns anunciantes do Google tiveram acesso a uma nova e potente ferramenta para monitorar se propagandas veiculadas pela internet levavam a uma venda em uma loja física nos EUA. Essa informação vem, em parte, de uma pilha de transações da Mastercard pelas quais o Google pagou.

Mas a maioria dos dois bilhões de detentores de cartões Mastercard não está ciente desse monitoramento feito nos bastidores. É que as empresas nunca anunciaram publicamente esse acordo.

O Google, que pertence à Alphabet, e a Mastercard estabeleceram uma parceria comercial durante cerca de quatro anos de negociações, de acordo com quatro pessoas a par do acordo, sendo que três delas trabalharam diretamente nele. A aliança deu ao Google um recurso sem precedentes para mensurar os gastos do varejo, parte da estratégia da gigante das buscas para fortalecer seu negócio principal contra os ataques da Amazon.com e de outros concorrentes.

Mas o acordo, que não foi divulgado anteriormente, pode gerar grandes preocupações com a privacidade, relativas à quantidade de dados dos consumidores que as empresas de tecnologia, como o Google, absorvem silenciosamente.

"As pessoas não esperam que o que elas compram em uma loja física seja vinculado ao que elas compram pela internet", disse Christine Bannan, advogada do EPIC (Electronic Privacy Information Center). "As empresas depositam um fardo enorme nos consumidores e não assumem responsabilidade suficiente para informar aos usuários o que elas estão fazendo e os direitos que eles têm."

O Google pagou milhões de dólares à Mastercard pelos dados, de acordo com duas pessoas que trabalharam no acordo, e as empresas discutiram a possibilidade de compartilhar parte da receita obtida com publicidade, de acordo com uma das pessoas. As pessoas pediram anonimato porque esses assuntos são privados. Uma porta-voz do Google disse que não existe nenhum acordo de divisão de receita com seus parceiros.

Uma porta-voz do Google não quis comentar a parceria com a Mastercard, mas abordou a ferramenta de anúncios. "Antes de lançarmos este produto beta no ano passado, criamos uma nova tecnologia de criptografia duplo-cega que impede que tanto o Google e quanto nossos parceiros vejam as informações de identificação pessoal de nossos respectivos usuários", informou a empresa em um comunicado.

"Não temos acesso a nenhuma informação pessoal dos cartões de crédito e débito de nossos parceiros, nem compartilhamos informações pessoais com nossos parceiros." A empresa afirmou que as pessoas podem desativar o monitoramento de anúncios usando o console on-line "Atividade na Web e de apps" do Google. Dentro do Google, várias pessoas objetaram o fato de o serviço não ter um meio mais evidente para que os portadores de cartão desativem esse rastreamento, disse uma das pessoas.

Seth Eisen, porta-voz da Mastercard, também não quis comentar especificamente o Google. Mas ele disse que a Mastercard compartilha tendências de transação com comerciantes e com seus provedores de serviços para ajudá-los a medir "a eficácia de suas campanhas publicitárias". As informações, como volumes de vendas e tamanho médio da compra, são compartilhadas somente com permissão dos comerciantes, disse Eisen. "Nenhuma transação individual nem dados pessoais são fornecidos", disse ele em um comunicado. "Não fornecemos informações que rastreiam consumidores individuais, que veiculam anúncios a eles ou que medem a eficácia de anúncios em relação a consumidores individuais."

O chefe de publicidade do Google, Sridhar Ramaswamy, apresentou o produto em uma publicação de blog, quando escreveu que os anunciantes que o utilizam não teriam "configurações demoradas nem integrações caras". Faltou mencionar na publicação o acordo com a Mastercard.

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