Tecnologia

Google ameaça Intel ao estudar desenvolvimento de chips

Buscador está estudando desenvolver seus próprios processadores para servidores usando tecnologia da ARM Holdings Plc

Joe Kava, vice-presidente de centros de dados do Google, caminha pelas instalações do sistema de resfriação no data center da companhia em Taiwan (Pichi Chuang/Reuters)

Joe Kava, vice-presidente de centros de dados do Google, caminha pelas instalações do sistema de resfriação no data center da companhia em Taiwan (Pichi Chuang/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 17h29.

Taipé/San Francisco - O domínio da Intel Corp. em semicondutores já está ameaçado pela opção do mercado por dispositivos móveis. A Google Inc. está prestes a piorar essa situação.

A Google está estudando desenvolver seus próprios processadores para servidores usando tecnologia da ARM Holdings Plc, disse uma fonte com conhecimento do assunto. A decisão pode significar um distanciamento ao menos parcial da Intel, que controla mais de 95 por cento do mercado de chips em servidores que usam processadores de computadores pessoais.

O empreendimento seria desafiador e caro para a Google, uma empresa orientada para softwares que lucra com a venda de anúncios na internet e outros serviços on-line. No entanto, a simples demonstração de vontade de se afastar da Intel pode ajudar a baixar os preços para a Google e levar outras empresas da internet, como a Facebook Inc. e a Amazon.com Inc., a fazerem o mesmo, disse Patrick Wang, analista em Nova York da Evercore Partners Inc.

“A Google pode estar fazendo isso pelas negociações de preço”, disse Wang. “Eles não têm que fazer isso -- eles têm apenas que falar em fazer isso”.

Ao usar seu próprio produto, a Google pode gerenciar melhor as interações entre hardware e software, disse a fonte familiar ao assunto, que pediu para não ser identificada porque as conversas são privadas. A Google, que está entre as maiores compradoras de processadores de servidores, ainda não tomou uma decisão e seus planos podem mudar, disse a fonte.

“Nós estamos ativamente envolvidos na concepção da melhor infraestrutura do mundo”, disse Liz Markman, porta-voz da Google, por e-mail. “Isso inclui tanto o desenvolvimento de hardware (em todos os níveis) quanto o de software”. Markman preferiu não dizer se a empresa desenvolverá seus próprios chips.

Mark Miller, porta-voz da Intel, e Phil Hughes, porta-voz da ARM nos EUA, preferiram não comentar.

No mês passado, a Intel, com sede em Santa Clara, Califórnia, previu poucas mudanças nas vendas no ano que vem em meio a uma queda no mercado de PCs. O CEO Brian Krzanich, promovido ao cargo em maio, está contando com um aumento da demanda por seus chips de servidores para ajudar a compensar as perdas.


A Google vem desenvolvendo seus próprios centros de dados ao redor do mundo com servidores para melhorar buscas, vídeos, comunicações on-line e aplicativos de negócios. A empresa com sede em Mountain View, Califórnia, tem seis instalações nos EUA, uma na América do Sul, duas na Ásia e três na Europa.

Grande compradora

A Google é a quinta maior cliente da Intel, segundo uma análise de cadeia logística da Bloomberg. A empresa gasta pelo menos US$ 500 milhões em chips de servidores Intel por ano, disse Christopher Rolland, analista da FBR Capital Markets. A concepção e a fabricação de chips para servidores do zero levaria três anos, ele estima.

A ARM, com sede em Cambridge, Inglaterra, tem uma participação de mercado mínima em servidores, embora esteja buscando ganhar campo aproveitando que empresas como Google e Facebook buscam máquinas menos potentes. A Advanced Micro Devices Inc. anunciou planos de usar produtos baseados nos da ARM para o mercado de chips de servidores.

Os chips ARM são dominantes entre telefones celulares e tablets, nos quais empresas como a Qualcomm Inc. e a Samsung Electronics Co. recusaram propostas de uma expansão da Intel. A Apple Inc. usa tecnologia ARM e a personaliza para seus iPhones e iPads. Os processadores são fabricados pela Samsung.

A Intel tem menos de 1 por cento de participação de mercado em processadores de smartphone, segundo a empresa Strategy Analytics.

Enquanto isso, a Google tem se envolvido cada vez mais na indústria de chips. Em agosto, a empresa se uniu a um grupo criado pela International Business Machines Corp. (IBM) que licencia a tecnologia usada em centros de dados, incluindo chips para servidores. Também são membros da aliança a fabricante de chips Nvidia Corp. e a Mellanox Technologies Ltd., fabricante de equipamentos que aceleram as transferências de dados.

Entre os empregos abertos na Google está o de “engenheiro de projeto digital” com qualificações em ASICs, ou circuitos integrados de aplicação específica, um chip de uso comum.

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