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Falha no software quase derrubou avião da Qantas na Austrália

A investigação de um acidente com um Airbus A330 que feriu 110 pessoas em 2008 revela que a principal causa foi uma falha no software do avião

A perícia dos pilotos evitou que um computador enlouquecido no Airbus A330 da Qantas provocasse uma tragédia (Divulgação)

A perícia dos pilotos evitou que um computador enlouquecido no Airbus A330 da Qantas provocasse uma tragédia (Divulgação)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 27 de dezembro de 2011 às 06h00.

São Paulo — Em 7 de outubro de 2008, um Airbus A330 da companhia australiana Qantas fez dois mergulhos violentos em direção ao chão. A perícia dos pilotos – que desligaram o computador de bordo enlouquecido e pousaram o avião manualmente – salvou as 303 pessoas a bordo. Mas a montanha-russa aérea deixou um saldo de 110 pessoas feridas. Entre elas, 12 tiveram ferimentos graves e precisaram ser hospitalizadas.

Agora, as autoridades australianas liberaram o relatório final da investigação sobre o acidente. Entre outras conclusões, está a de que uma limitação no software foi a principal causa do comportamento suicida do computador de bordo. Mas os australianos também mandam um puxão de orelha para os passageiros. Mais de 60 deles estavam sem o cinto de segurança – e foram os que mais se machucaram. Esse fato deixa claro que vale a pena manter o cinto afivelado sempre que possível durante o voo.

O Airbus da Qantas voava de Singapura para Perth, no oeste da Austrália, a 11 mil metros de altitude. Inicialmente, o computador de bordo alertou sobre um problema com o sistema de elevação e iniciou uma subida de 90 metros. Os três pilotos começaram a verificar os instrumentos quando o avião mergulhou de repente, iniciando uma descida íngreme.

Os pilotos conseguiram recuperar o controle, mas passaram a ser bombardeados por uma série de alarmes, em geral falsos. Três minutos depois, o computador enlouquecido novamente iniciou um mergulho suicida. Foi preciso desligar os sistemas automáticos de voo e pousar o avião manualmente. 

As falhas

O Airbus tinha, a bordo, três equipamentos conhecidos como ADIRU (air data inertial reference unit). Eles processam dados como altitude, velocidade do ar e posição da aeronave, que são captados por sensores. Esses dados são transmitidos ao computador de bordo e usados como base para o controle automático do voo. 


O relatório da Agência Australiana de Segurança dos Transportes (ATSB) diz que a primeira da sequência de falhas que causaram o acidente aconteceu em um dos três ADIRUs. Ele começou a enviar dados incorretos ao sistema de controle. Isso não deveria ser um problema grave, já que o avião pode voar normalmente com apenas dois dos ADIRUs.

Em qualquer situação, computador compara os dados recebidos dessas unidades. Quando há alguma inconsistência entre eles, a máquina leva em consideração as informações recebidas até 1,2 segundo antes. Mas, aparentemente, ninguém previu um procedimento para o caso de dois ADIRUs mandarem dados intermitentes ao computador com intervalos de mais de 1,2 segundo. Foi o que provocou o acidente com o avião da Qantas.

Os passageiros daquele voo realmente tiveram azar. A ATSB diz que essa foi a única vez em que uma falha do computador de bordo assim foi registrada em 28 milhões de horas de voo dos Airbus A330 e A340. Outro evento extremamente raro é a falha do ADIRU. Isso só aconteceu três vezes em 128 milhões de horas de voo com aquele modelo específico de equipamento. 

Atualização de software

A agência australiana também diz que, pouco tempo depois do acidente, o fabricante dos equipamentos liberou uma atualização de software que impede que esse problema volte a acontecer. Tem sido assim com muitos acidentes aéreos. Cada vez que um deles é investigado, as conclusões servem de base a aperfeiçoamentos que melhoram a segurança.

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