O BlackBerry dominava o mercado empresarial porque as companhias acreditavam que a RIM oferecia melhor proteção aos seus dados sigilosos (Mario Tama/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2011 às 10h22.
Nova York - John Stuart não se separa de seu BlackBerry há anos, primeiro como gerente de sistemas do Morgan Stanley, em Wall Street, e depois como vice-presidente de informática da Beverly Hills Wealth Management.
Mas, esta semana, ele pediu um iPhone da Apple, pondo fim a sete anos de relacionamento com a Research in Motion, fabricante do BlackBerry.
A decisão destaca como até mesmo bancos e executivos de informática mais preocupados com a segurança, no passado os mais leais clientes da RIM, estão começando a desertar, em função das melhoras em aparelhos de rivais que passaram a concorrer de perto com os recursos de segurança tão alardeados pelo BlackBerry.
"A RIM sempre esteve na liderança no que tange à gestão de aparelhos. Mas a Apple tirou essa diferença," disse Stuart.
O BlackBerry vem perdendo mercado para o iPhone e, em menor dimensão, para aparelhos acionados pelo sistema operacional Google Android, no mercado corporativo, à medida que as empresas passam a permitir que funcionários escolham os aparelhos que preferem.
O grande colapso que a rede do BlackBerry sofreu esta semana, abarcando quatro continentes, deve acelerar o declínio da RIM. A companhia já vem enfrentando apelos de investidores por uma mudança de comando e uma possível venda ou cisão.
Muitos bancos já vêm permitindo que sua equipe selecione o aparelho que prefere usar, e os problemas do BlackBerry devem estimular mais empresas a fazer o mesmo, de acordo com Julie McNelly, analista do Aite Group, que assessora instituições financeiras quanto a segurança de dados.
"A porta de saída já está aberta. E muitos daqueles que estavam do lado de dentro já partiram," disse ela. "O que aconteceu na semana passada pode acelerar o processo".
O BlackBerry dominava o mercado empresarial porque as companhias acreditavam que a RIM oferecia melhor proteção aos seus dados sigilosos, impedindo a perda de segredos comerciais.
O colapso da rede, entretanto, expôs o calcanhar de Aquiles da RIM: o fato de que as mensagens do BlackBerry são roteadas por centrais de processamento próprias da companhia, o que as torna mais seguras, mas também cria um gargalo em caso de falha.