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Facebook pode restringir publicações se eleições nos EUA ficarem caóticas

Nick Clegg, executivo de assuntos globais da rede social, afirmou em entrevista ao Financial Times que a empresa tem planos para eventuais problemas.

Facebook: rede social está se preparando para uma eleição bastante polarizada nos Estados Unidos (Beata Zawrzel/NurPhoto/Getty Images)

Facebook: rede social está se preparando para uma eleição bastante polarizada nos Estados Unidos (Beata Zawrzel/NurPhoto/Getty Images)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 13h47.

Última atualização em 22 de setembro de 2020 às 13h47.

As eleições presidenciais nos Estados Unidos este ano têm todos os elementos para serem um caldeirão explosivo. As discussões são mais digitais do que nunca, acontecem em meio à pandemia de coronavírus, e a escolha entre Donald Trump e Joe Biden terá maior possibilidade de voto pelo correio. O pleito até envolve a polêmica nomeação de uma vaga na Suprema Corte, deixada aberta pela morte da ministra Ruth Bader Ginsburg no último final de semana.

Um dos principais agentes das eleições de 2016, a rede social Facebook está elaborando planos de contenção para uma eleição que deve ser bastante polarizada. Em uma entrevista ao jornal britânico Financial Times, Nick Clegg, chefe de assuntos globais da empresa, disse que o Facebook irá tomar medidas agressivas e excepcionais para restringir a circulação de conteúdo caso o pior aconteça e as eleições acabem em revolta social e caos.

De acordo com a publicação, que também falou com fontes que preferiram não se identificar, o Facebook deixou pelo menos 70 possíveis cenários prontos, que foram elaborados com a participação de planejadores militares conhecidos globalmente.

As decisões serão tomadas por um time de executivos topo de linha da empresa, incluindo o próprio Clegg, além da chefe de operações, Sheryl Sandberg, e o próprio Mark Zuckerberg. "A quantidade de recursos que estamos colocando nisso é bem considerável", afirmou Clegg.

"Há algumas opções de emergência disponíveis para nós, caso circustâncias extremamente caóticas, ou pior, violentas se tornem realidade", disse Clegg, que é um conhecido político do Reino Unido e já foi vice-Primeiro Ministro do país. Clegg, no entanto, não detalhou durante a entrevista o que a rede social está planejando, nem quais medidas estão na mesa. Mas afirmou que os dilemas políticos atuais, como a contagem dos votos físicos e dos enviados pelo correio estão sendo contemplados.

Uma preocupação tem sido levantada recentemente: a possibilidade de o presidente Donald Trump usar suas redes sociais para contestar o resultado do pleito. Trump já usou suas contas este ano para criticar o sistema de voto pelo correio. O Twitter incluiu informações, com checagem de fatos sobre as falas do presidente, enquanto que o Facebook foi inicialmente criticado, inclusive por uma consultoria contratada pela própria rede social, por ter tomado uma atitude passiva em relação ao que Trump publica em suas redes sociais.

O debate acontece em meio a um cenário maior, com aumento de pressão para que a rede social tome medidas para evitar supressão de voto, desinformação relacionada às eleições e incitação à violência antes de os americanos irem às urnas, no dia 3 de novembro. Segundo o Financial Times, Clegg não entrou em detalhes sobre como a empresa está tratando conteúdo relacionado à eleição para evitar que atores maliciosos usem essa informação para burlar os planos da empresa.

Recentemente, a Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, anunciou que vai proibir anúncios políticos durante a semana que antecede as eleições. A fala contraria declarações do próprio Zuckerberg, que no passado defendeu anúncios políticos e até a possibilidade de que políticos pudessem mentir nas redes sociais como forma de reconhecimento de suas intenções e discursos.

Em um pronunciamento tido como histórico em novembro do ano passado, Zuckerberg disse na Universidade Georgetown que era contra remover anúncios políticos da plataforma para não minar a liberdade de expressão. Na época, a declaração foi feita logo após o Twitter, fundado por Jack Dorsey, anunciar que passaria a proibir anúncios políticos.

Nas últimas eleições presidenciais americanas, em 2016, as redes sociais foram acusadas de fazer pouco para conter a disseminação de notícias falsas em suas plataformas. O Facebook, em particular, estava envolvido no escândalo da Cambridge Analytica, com dados de seus usuários tendo sido usados por terceiros para impulsionar campanhas políticas e influenciar no resultado da eleição.

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