Tecnologia

Facebook levou anos para reprimir a coleta de dados dos desenvolvedores

Empresa foi abalada depois que informante disse que a Cambridge Analytica, que Donald Trump contratou para sua campanha, acessou informações indevidas

Facebook: Sandy Parakilas lançou novas luzes sobre as práticas de negócios que supostamente permitiram à Cambridge Analytica obter acesso não autorizado a dados pessoais (Lucas Agrela/Site Exame)

Facebook: Sandy Parakilas lançou novas luzes sobre as práticas de negócios que supostamente permitiram à Cambridge Analytica obter acesso não autorizado a dados pessoais (Lucas Agrela/Site Exame)

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Reuters

Publicado em 21 de março de 2018 às 18h47.

Londres  - Um ex-gerente de operações do Facebook disse a um comitê parlamentar britânico nesta quarta-feira que a coleta de dados de usuários por desenvolvedores externos de software já foi rotineira e que a empresa levou anos para reprimir a prática.

Sandy Parakilas, encarregado de policiar os procedimentos de tratamento de dados do Facebook em 2011 e 2012, lançou novas luzes sobre as práticas de negócios que supostamente permitiram à Cambridge Analytica obter acesso não autorizado aos dados pessoais de dezenas de milhões de eleitores dos EUA.

O Facebook foi abalado nesta semana depois que um informante disse que a Cambridge Analytica, que o presidente dos EUA, Donald Trump, contratou para sua campanha eleitoral de 2016, acessou indevidamente informações sobre usuários do Facebook para construir perfis detalhados sobre eleitores americanos.

"Houve muito pouca detecção ou aplicação", disse Parakilas em depoimento por videoconferência antes do Comitê Digital, Cultura, Mídia e Esporte da Câmara dos Comuns. "Durante meus 16 meses (no Facebook), não me lembro de uma única auditoria física de um desenvolvedor" que estava armazenando dados de usuários da rede social.

Parakilas destacou o grande potencial de abuso de um recurso pouco conhecido chamado "permissões de amigos", que permitia a desenvolvedores de software conectarem seus aplicativos aos amigos dos usuários e até aos amigos de amigos, o chamado "gráfico social" no coração da rede de conexões do Facebook.

"É provável que estejamos falando de dezenas de milhares de aplicativos que receberam 'permissões de amigos' e alguns desses aplicativos tinham dezenas - era enorme - ou centenas de milhões de usuários, então havia uma grande quantidade de dados que passavam da porta", disse Parakilas.

O Facebook desativou o recurso de permissões de amigos em 2015.

Questionado por um membro da comissão parlamentar sobre a existência de incidentes se esse recurso de compartilhamento de dados fosse mal utilizado, Parakilas disse: "Pode ter acontecido isso. No entanto, o Facebook não investigou o suficiente para determinar exatamente".

O Facebook se recusou a comentar diretamente o depoimento do ex-funcionário.

 

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