Fabricantes de chips enviam mais alertas sobre a economia global
Samsung, SK Hynix e TSMC, as líderes o setor e que servem e termômetro para produção global de semicondutores, sinalizaram planos para reduzir investimentos
André Lopes
Publicado em 17 de agosto de 2022 às 11h55.
Última atualização em 17 de agosto de 2022 às 14h55.
O nível de demanda por semicondutores preocupa exportadores de alta tecnologia do norte da Ásia, historicamente vistos como um termômetro da economia internacional.
As gigantes sul-coreanas Samsung Electronics e S K Hynix sinalizaram planos para reduzir investimentos, enquanto no Mar da China Oriental, a Taiwan Semiconductor Manufacturing, maior fabricante de chips para terceiros do mundo, indicou expectativa semelhante.
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A diminuição da demanda por tecnologia destaca um quadro sombrio, já que a guerra da Rússia contra a Ucrânia e o aumento das taxas de juros esfriam a atividade.
Nas últimas semanas, grandes fabricantes de chips como Micron Technology, Nvidia, Intel e Advanced Micro Devices alertaram que as encomendas de exportação estão mais fracas.
A Gartner prevê o fim abrupto de um dos maiores ciclos de expansão do setor. A empresa de pesquisa reduziu a estimativa de crescimento da receita para apenas 7,4% em 2022, abaixo dos 14% projetados três meses antes. A Gartner prevê queda de 2,5% em 2023.
Chips de memória estão entre os segmentos mais vulneráveis ao desempenho econômico global no mercado de semicondutores, que movimenta US$ 500 bilhões. E as vendas de memória dinâmica de acesso aleatório - ou DRAM, um chip que armazena bits de dados - da Samsung e da SK Hyinx são fundamentais para o comércio coreano.
No próximo ano, a demanda por DRAM deve aumentar 8,3%, o ritmo mais fraco já registrado, diz a consultoria de tecnologia TrendForce, que prevê expansão de 14,1% da oferta. O crescimento de bits refere-se à quantidade de memória produzida e serve como importante termômetro para a demanda do mercado global.
As exportações da Coreia do Sul aumentam quando a demanda supera a oferta em crescimento de bits. Mas, com a probabilidade de a oferta crescer quase o dobro da demanda em 2023, as exportações podem estar a caminho de uma forte desaceleração.
Crescem os sinais de que o comércio já começa a encolher. As exportações de tecnologia da Coreia do Sul caíram em julho pela primeira vez em mais de dois anos, e os chips de memória lideraram a queda. Os estoques de semicondutores subiram em junho no ritmo mais rápido em mais de seis anos.
Entre as vítimas em potencial está a Samsung, a maior produtora de chips de memória do mundo e um pilar da economia da Coreia do Sul, dependente do comércio.
A Samsung registrou rápido crescimento de vendas quando a demanda era forte em relação à oferta. Com a deterioração do cenário de semicondutores, as ações da Samsung acumulam baixa este ano, com rebotes ocasionais impulsionados por lucros acima do esperado.
A Samsung e a SK Hynix controlam cerca de 66% do mercado global de memória. Isso significa que essas empresas conseguem diminuir a diferença entre oferta e demanda.
A memória está relativamente vinculada a outros tipos de semicondutores, fabricados por empresas como a TSMC, que produz chips para iPhones, e a Nvidia, cujas placas gráficas são usadas em diversas aplicações, como jogos, mineração de criptomoedas e inteligência artificial.
O Índice de Semicondutores da Filadélfia, que inclui essas empresas, perdeu força e tem flutuado de acordo com a demanda por memória nos últimos anos.
A Micron Technology, terceira maior fabricante de chips de memória do mundo, divulgou um alerta na semana passada sobre a demanda mais fraca, o que provocou uma onda de vendas de ações no setor de semicondutores.
“A tendência é importante para a Ásia, pois seu ciclo econômico depende muito das exportações de tecnologia”, disse Alicia Garcia Herrero, economista-chefe para Ásia-Pacífico do Natixis. “Com o menor número de novos pedidos e grande acúmulo de estoque, o setor de tecnologia da Ásia verá um longo ciclo de desestocagem e margem de lucro cada vez menor.”