Fabricantes buscam mercado com TVs de superalta definição
Após anos de vendas fracas, grandes fabricantes de TV depositam expectativas no segmento da superalta definição, com imagens incrivelmente realistas
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2015 às 17h07.
Las Vegas - Após vários anos de vendas fracas, os grandes fabricantes de TV estão depositando suas expectativas de crescimento no segmento da superalta definição, que apresenta imagens incrivelmente realistas em equipamentos cada vez mais interativos.
A moda da superalta definição (também chamada de ultra HD, UHD ou 4K, de uma qualidade quatro vezes maior à atual HD) se instalou definitivamente nos aparelhos exibidos esta semana no Salão Internacional de Artigos Eletrônicos (CES-2015), em Las Vegas.
O grupo sul-coreano LG Electronics anunciou, nesta segunda-feira, à imprensa, a expansão de sua família de televisores 4K, que inclui telas planas ou levemente curvas para permitir uma visão mais panorâmica ou, inclusive, flexíveis e com até 77 polegadas.
A japonesa Sony apresentou uma dezena de modelos novos, que promove como tão finos que parecem flutuar na parede. Um deles tem espessura de apenas 4,9 milímetros.
Os fabricantes também estão cada vez mais inclinados a produzir TVs interativas e conectadas à internet: por exemplo, conseguem reconhecer o usuário e fazer recomendações personalizadas.
Muitas destas "TVs inteligentes" usam o sistema operacional Android, do Google, muito popular em tablets e smartphones. Mas a sul-coreana Samsung, que também levou para a CES novas telas gigantes ultra HD, usa seu sistema operacional Tizen, assegurando que melhora sua confiabilidade, durabilidade e riqueza de cores.
Mais econômica, maior conteúdo
O mercado de televisores parece pronto para a recuperação, pois as salas de estar das casas estão passando por uma onda de renovação das telas planas, que começaram a ser adquiridas há uma década, segundo a Associação de Consumidores de Artigos Eletrônicos (CEA) dos Estados Unidos, que organiza o salão internacional.
Devido a este fenômeno, a associação calcula que este ano, a venda de aparelhos de TV aumentará 2% para 251 milhões de unidades.
Deste total, 23,3 milhões poderiam ser aparelhos de superalta definição, que já tiveram um aumento notável nas vendas nos últimos meses: o número de unidades entregues aumentou de menos de um milhão de unidades em 2013 para 9,3 milhões, no ano passado.
Os consumidores também se sentem estimulados, graças à redução dos preços destes equipamentos.
"Os aparelhos de TV 4K são produzidos há alguns anos, mas este (2015) será certamente o ano em que se tornarão acessíveis", disse à AFP Ross Rubin, analista da empresa Reticle.
Mas a falta de conteúdo disponível para TVs de superalta definição também detém as vendas.
Estúdios de Hollywood e marcas de produtos eletrônicos anunciaram nesta segunda-feira, à margem do salão CES, que criaram uma "Aliança UHD" para "incentivar o desenvolvimento de conteúdos UHD de alta qualidade", segundo o comunicado.
Entre os membros estão os estúdios Disney, Twentieth Century Fox e Warner Bros, os especialistas em som e imagem Dolby e Technicolor, as marcas LG Electronics, Panasonic, Samsung e Sharp, o site de vídeos online Netflix e a TV via satélite DirecTV.
E depois do 4K?
Para alguns, nem mesmo o 4K é suficiente.
Paralelamente, a LG trabalha em tecnologia eletro-luminosa (OLED), em que cada pixel é aceso individualmente e que permite obter uma cor "verdadeiramente negra" na tela, o que melhora o contraste. Além dos novos modelos 4K, o salão CES também exporá uma tela "8K", com resolução ainda maior.
Para apurar sua qualidade de imagem, o grupo japonês Sharp não fala de pixels, mas de "subpixels", apresentando um novo dispositivo com resolução 167% superior à dos modelos 4K existentes.
O grupo chinês TCL promete nada menos que "um salto quântico da cor", com uma tecnologia chamada "quantum dot", que consiste em nanocristais que emitem luz e cores mais puras além de melhorar a qualidade da imagem a um custo menor.
Mas esta escalada deixa céticos alguns observadores. "Em um mundo onde as pessoas assistem a filmes em telefones portáveis, tentar levar para a TV níveis cada vez mais elevados de qualidade resolve um problema que os espectadores não têm", suavizou James McQuivey, analista do Instituto Forrester.