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EUA teriam construído um 'Twitter cubano' para enfraquecer Castro

ZunZuneo funcionaria como um Twitter baseado em SMS; iniciativa foi bancada pela USAID, e inicialmente forneceria apenas notícias

fidelcastro (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2014 às 10h58.

Uma variedade de táticas de espionagem usadas pelos EUA já veio à tona nos últimos meses. Mas uma nova, ainda mais inesperada, foi divulgada nesta quinta-feira pela Associated Press. A manobra teria sido utilizada em Cuba, e envolvia a criação de uma espécie de Twitter baseado em SMS, possivelmente usada para atingir o governo de Fidel Castro.

A ferramenta era chamada de ZunZuneo e bancada totalmente – mas não de forma explícita – pelos norte-americanos. Segundo a AP, ela fora introduzida na ilha em meados de 2010, e servia, inicialmente, para a troca de notícias e opiniões sobre esportes, música e clima.

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Mas documentos obtidos pela agência mostravam que a ideia, no entanto, era usar esse apelo para atrair mais usuários e começar a “inspirar os cubanos a organizar mobilizações”. Ou seja, encontros de multidões, que poderiam eventualmente resultar em uma “primavera cubana” – e, consequentemente, derrubar Fidel Castro, ainda no poder na época.

Em seu auge, o serviço chegou a ser utilizado por cerca de 40 mil cubanos, que nunca ficaram sabendo que ele havia sido criado pelos Estados Unidos. É uma base pequena, no entanto – Cuba tem mais de 11 milhões de habitantes –, que serviu para mostrar que a iniciativa estava longe de ser tão bem sucedida quanto os norte-americanos esperavam que fosse.

Funcionamento e criação – Segundo a reportagem da AP, o ZunZuneo foi finalizando em julho de 2010, após uma viagem do oficial norte-americano Joe McSpedon à Espanha. O projeto de rede social funcionaria baseado apenas SMS, de forma a contornar as rígidas leis cubanas relativas à internet. O preço das mensagens, no entanto, não era exatamente amigável para os moradores da ilha, e os custos eram bancados pelos responsáveis pela iniciativa – que curiosamente se tornaram “empreendedores” na ilha.

As mensagens eram enviadas a centenas de usuários de uma vez, mas não eram criptografadas devido à dificuldade no processo. Então, para camuflar a origem dos textos e evitar um bloqueio do governo cubano – que controla a Cubacel, operadora do país –, a região de onde eram mandados seria alterada frequentemente.

O ponto mais curioso do projeto é que os responsáveis por ele não eram da CIA ou da NSA. Quem estava por trás do “Twitter cubano” era, na verdade, a Agência Internacional de Desenvolvimento dos EUA, conhecida também como USAID. A organização é voltada para ajuda humanitária, e exerce atividades em Cuba – mas nada relacionado à derrubada de governos, até onde se imaginava.

Supostamente, o plano ainda contou com a ajuda da Creative Associates International, uma empresa de Washington “que ganhou centenas de milhões de dólares em contratos com os EUA”. Além disso, um “contato chave”, como classificou a AP, levou os responsáveis pela iniciativa a um engenheiro cubano ligado à Cubacel, que deu a eles os números de telefones.

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