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EUA e Rússia não concordam nem sobre xixi de astronautas

Tem sido um ano difícil para as pessoas que mantêm a Estação Espacial Internacional funcionando


	Astronauta: tem sido um ano difícil para as pessoas que mantêm a Estação Espacial Internacional funcionando
 (AFP/AFP)

Astronauta: tem sido um ano difícil para as pessoas que mantêm a Estação Espacial Internacional funcionando (AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2015 às 22h54.

Tem sido um ano difícil para as pessoas que mantêm a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) funcionando.

Em junho, o foguete Falcon 9 da Space X se desintegrou menos de três minutos depois do lançamento desde Cabo Canaveral, Flórida, fazendo com que a cápsula de carga afundasse no Oceano Atlântico.

O fracasso ocorreu depois da explosão de um foguete da Orbital Sciences sobre uma plataforma de lançamento da Wallops Flight Facility, na costa este de Virgínia, em outubro de 2014.

Em abril, uma nave de carga da Russian Progress que transportava três toneladas de provisões começou a girar fora de controle em órbita e foi destruída quando voltou a cair na Terra.

Nave

As duas naves de reabastecimento dos EUA transportavam equipamentos de processamento de água necessários na estação.

O fracasso para chegar ao espaço exterior aumentou as apostas para o lançamento, em 19 de agosto, de uma nave japonesa de carga não tripulada, o Kounotori 5 (Cegonha Branca), que se acoplou com sucesso na segunda-feira.

“Quando ela sobe até a estação espacial, minha vida melhora muito”, diz Layne Carter, o gerente do subsistema de água da ISS no Marshall Space Flight Center da NASA, perto de Huntsville, Alabama.

Entre a carga perdida em ambos os lançamentos malsucedidos dos EUA havia um par de camadas de filtração múltipla para o processador de água e filtros para o sistema de processamento de urina, que recicla os excrementos dos astronautas para convertê-los em um suprimento potável.

“Tem gosto de água engarrafada”, diz Carter sobre a água que emana do sistema de processamento de urina, “desde que você possa superar psicologicamente o fato de que é urina reciclada e um condensado que sai do ar” (condensado é uma forma educada de descrever o hálito e o suor juntados dos membros da tripulação, bem como o escoamento do chuveiro e a urina dos animais a bordo da ISS, entre eles uma dúzia de ratos que chegaram na missão japonesa de abastecimento).

NASA

Sem as reservas, a equipe de Carter foi obrigada a parar de processar o condensado para obter água em meados de julho e arquitetou mais planos de reserva ad hoc para manter a água correndo caso algo desse errado.

“Sempre há uma aventura ao se dobrar a esquina com o sistema de água”, diz Carter, um veterano com 27 anos na NASA.

A estação espacial transporta aproximadamente 2.000 litros de água em reserva para emergências, dividida mais ou menos igualmente entre as seções americana e russa da ISS.

Os dois lados operam sistemas diferentes de água, principalmente por causa de decisões tomadas há décadas sobre qual é a melhor forma de desinfetar água.

Quando o programa dos ônibus espaciais começou em 1981, a água dos seus astronautas dependia do iodo, um biocida comum para a água que era um item básico para as tropas dos EUA que operavam em áreas com fontes suspeitas de água há tempos.

Aquelas práticas padrão foram levadas para o lado americano da estação espacial, que foi lançada em 1998. É uma forma efetiva, mas ineficiente de limpar as reservas de água, porque esta tem que ser filtrada antes que os membros da tripulação possam bebê-la. Muito iodo pode provocar uma ampliação da tireoide.

Soviética

Contudo, os russos recorrem a um sistema diferente: prata, que na sua forma iônica é um poderoso agente antimicrobiano. Seu uso se remonta à estação especial soviética Mir, que foi lançada em 1986.

Diferentemente do iodo, a prata não tem que ser filtrada da água.

Acrescentam-se sais de Epsom para melhorar o gosto. A NASA decidiu trocar o iodo por água com prata ionizada para futuras missões, mas Carter diz gostar do fato de que há água tratada com prata e com iodo na ISS: “Faz mesmo muito sentido”, diz ele, “ter redundâncias dissimilares na estação espacial caso um dos sistemas tenha problemas”.

O sistema de reciclagem de água dos EUA produz cerca de 13,62 litros por dia, para uma média de três tripulantes da NASA na ISS, um pouco a mais do que os russos obtêm processando somente o condensado e o escoamento do chuveiro para ter uma fonte potável.

A razão? A NASA também usa a urina russa. “Nós a juntamos em sacos, e depois a tripulação a passa para o lado americano”, diz Carter. “Não usamos 100 por cento da urina russa. Depende da nossa disponibilidade de tempo”.

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