Escritor francês é acusado de plagiar a Wikipedia em novo livro
Site aponta pelo menos três passagens aparentemente emprestadas da edição francesa da enciclopédia online no novo livro do escritor
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2011 às 09h36.
Paris - Sexista, obsceno e racista são adjetivos normalmente usados para criticar os livros de Michel Houellebecq. Contra o novo romance do mais conhecido escritor francês vivo, no entanto, pesam acusações de plágio: Houellebecq teria copiado e colado trechos inteiros da Wikipedia em sua recém-lançada obra.
"La carte et le territoire" ("O mapa e o território", em uma tradução livre) acaba de chegar às livrarias europeias, e já é considerado favorito na disputa pelo prestigiado prêmio Goncourt, em novembro.
Muito esperado pela horda de fãs de Houellebecq (cujo último romance foi publicado em 2005), o livro satiriza alegremente o mundo da arte parisiense, incluindo um escritor bêbabo, fedorento e mal-vestido chamado Michel Houellebecq.
No entanto, dispensa em grande parte as provocações misantrópicas presentes em seus quatro romances anteriores.
"La carte et le territoire" recebeu muitas críticas positivas até agora - o jornal Libération chegou a dizer que se trata de uma "obra-prima" -, e alguns especialistas chegaram a estimar que a ausência de sexo bizarro, misogenia e retórica anti-islã mostra que Houellebecq está finalmente mostrando um lado mais suave de sua escrita.
Nesta segunda-feira, no entanto, o escritor - que vive na Espanha - viu-se envolvido em uma nova e grave polêmica, depois que o site Slate.fr afirmou que ele copiara trechos da Wikipedia.
O artigo, intitulado "A possibilidade do plágio", aponta pelo menos três passagens aparentemente emprestadas da edição francesa da enciclopédia online.
"Plágio ou ferramenta estilística?", indaga o site, antes de publicar os verbetes supostamente copiados da Wikipedia ao lado de trechos do romance de Houellebecq.
Os verbetes em questão falam sobre a mosca doméstica, a cidade de Beauvais e um ativista francês.
O Slate.fr indica ainda que o escritor parece ter copiado a descrição do trabalho de agentes da polícia francesa do site do Ministério do Interior da França, e que copiou e colou a descrição de um hotel no sul da França da página do próprio hotel.
Em uma entrevista gravada em vídeo e postada nesta segunda-feira pelo site da revista Le Nouvel Observateur, Houellebecq diz que a acusação de plágio é "ridícula" - apenas mais uma na longa lista de insultos já disparados contra sua obra.
"Quando você usa uma palavra grande como 'plágio', mesmo se a acusação é ridícula, algo sempre permanecerá (...). É como racismo", afirmou o escritor.
"E, se as pessoas de fato pensam isso, então elas não têm a menor noção do que é literatura. Isso faz parte do meu método", defendeu-se.
Misturar textos "reais" com a ficção é uma técnica largamente utilizada por escritores de todas as épocas e estilos, como era o caso do argentino Jorge Luis Borges e do francês Georges Perec, argumentou Houellebecq.
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