iPhone destruído por usuário de Bitcoin com um rifle: várias pessoas postaram vídeos on-line em que aparecem destruindo seus iPhones (Reprodução/Youtube/Ryans Range Report)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2014 às 13h54.
Washington e São Francisco - A decisão da Apple Inc. de retirar da App Store um programa usado para enviar e receber Bitcoins fez com que Barry Silbert terminasse sua história de amor com seu iPhone.
Vou trocar, disse por e-mail Silbert, CEO da SecondMarket Inc., com sede em Nova York, depois que a Apple removeu seu aplicativo preferido para Bitcoins nesta semana, o Blockchain.info. Vou comprar um telefone novo neste fim de semana.
De Wall Street ao Vale do Silício, os entusiastas da tecnologia que costumavam ver a empresa com sede em Cupertino, Califórnia, como uma alma gêmea estão expressando frustrações com suas políticas. A Apple requer que os aplicativos sejam legais em todos os lugares onde são oferecidos, e alguns governos, como o da China e o da Índia, questionaram o status legal das Bitcoins.
A expulsão do Blockchain está causando uma rejeição, e alguns usuários estão tomando medidas extremas para mostrar seu desagrado. Várias pessoas postaram vídeos on-line em que aparecem destruindo seus iPhones. Um usuário disparou no iPhone com um rifle de precisão, outro quebrou o aparelho com uma barra metálica e um terceiro atirou-o de uma escadaria.
As Bitcoins só existem como software, e as transações são realizadas através de dispositivos de computação. Ainda que não exista uma moeda física, os comerciantes estão aceitando a moeda digital, de concessionárias de carros a lojas web. Aplicativos móveis como o Coinbase, que foi retirado da App Store no ano passado, e o Blockchain se tornaram um modo popular de realizar pagamentos.
Fechado
O Blockchain tinha sido descarregado 120.000 vezes antes de ser removido. A Apple já excluiu da sua loja on-line vários outros aplicativos que facilitam a realização de pagamentos com dinheiro digital.
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A Apple vem excluindo aplicativos com Bitcoins há anos, disse Rob Banagale, CEO da Gliph Inc., que oferece um aplicativo que só recebeu a permissão da Apple para continuar na loja depois que eliminou a capacidade de enviar e receber Bitcoins.
Poucos consumidores ainda estão usando as Bitcoins ativamente, incluindo clientes da Apple, disse Banagale.
Uma vez que remover os aplicativos só afeta uma pequena fração da sua base de clientes, para a empresa não vale a pena ter a Bitcoin como mais um motivo de preocupação com a vigilância regulatória, disse.
Os defensores da Bitcoin, incluindo a empresa de capital de risco Andreessen Horowitz, acreditam que ela é uma alternativa ao sistema global de pagamentos, atualmente dominado por empresas como a Visa Inc., a Western Union Co. e pelos grandes bancos. A Bloomberg LP, matriz da Bloomberg News, é uma investidora na Andreessen Horowitz.
Grande negócio
A Apple, na curadoria da App Store, aprova cada jogo, ferramenta de produtividade, aplicativo de leitura de notícias e aplicativo de rede social antes que os clientes possam fazer o download. Esta abordagem a diferencia da Google Inc., que é mais aberta e permite que os desenvolvedores de software publiquem seus produtos mais livremente.
A App Store é um grande negócio. Em janeiro, a Apple disse que em 2013 a loja digital estava disponível para usuários em 155 países e teve vendas acima de US$ 10 bilhões.
Andreas Antonopoulos, que se uniu ao Blockchain no mês passado como diretor de segurança, não acredita na teoria legal. Assim como as assinaturas, as atualizações dos aplicativos passam por um sistema de pagamento controlado pela Apple e que lhe rende lucro, então a Apple já concorre com a Bitcoin com a App Store, disse.
Antonopoulos previu que a medida da Apple levaria os desenvolvedores a criar mais sites que podem ser acessados pelo navegador de um smartphone, prescindindo totalmente da App Store.
Estamos trabalhando em um aplicativo que faça exatamente as mesmas coisas e que funcione em qualquer aparelho móvel, disse Antonopoulos.