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Entrevista de domingo: "Programação melhora criatividade da criança"

São Paulo - A cada nova geração, as crianças têm acesso mais cedo à tecnologia. Por conta dessa tendência, a proposta de ensinar programação nas escolas ganhou destaque...

André Bechara (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2013 às 13h33.

São Paulo - A cada nova geração, as crianças têm acesso mais cedo à tecnologia. Por conta dessa tendência, a proposta de ensinar programação nas escolas ganhou destaque em países como Estados Unidos e até mesmo a Estônia nos últimos anos.

No entanto, o Brasil ainda carece de boas propostas e de uma visão mais abrangente sobre o assunto. Para entender como o país se posiciona neste tema, INFO conversou com André Bechara, diretor-executivo da Startup, escola especializada em ensino de programação para crianças e adolescentes.

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Existe uma idade ideal para uma criança começar seus estudos em programação? Como o ensino dos códigos é um tema ainda recente nas discussões da área da educação infantil, existem várias vertentes. Na Estônia, por exemplo, o ensino é introduzido já aos seis anos de idade. Em algumas escolas dos Estados Unidos se começam aos sete anos. Além disso, existem programas básicos que podem ser utilizados por crianças a partir dos seis anos. O importante é que exista uma evolução no processo, ou seja, que as crianças não parem somente em um único programa como o Logo e ou o Scratch.

E como os pais lidam com esse assunto hoje em dia? O interessante neste tópico é que, em países onde a participação dos pais nas questões do conteúdo oferecido pelas escolas se dá de forma dinâmica e com mais envolvimento, existe o receio de que os próprios pais não consigam auxiliar, por exemplo, nos deveres de casa por desconhecer programação. Isto é um mito. Pais podem, por iniciativa própria, dar início ao conhecimento de programas básicos e, desta maneira, não somente desenvolver habilidades, mas também ajudar os próprios filhos.

E qual é o método adotado por vocês para as aulas? Na nossa escola nós trabalhamos com uma tela grande na qual o professor mostra, passo a passo, as ferramentas que o programa oferece e junto com os alunos inicia uma espécie de exploração das possibilidades. Logo depois, é dada uma tarefa que conta com o acompanhamento do professor. As tarefas, com o mesmo programa, vão se tornando mais difíceis até que exista o domínio total e então parte-se para outro programa. É claro que, dependendo do nível do aluno e aí estamos falando de crianças dos 13 aos 15 anos , existe sempre uma correlação entre o conteúdo de matemática, por exemplo, e a aplicação nos programas. [quebra]

Existe alguma metodologia brasileira para aplicar o ensino de programação para as crianças? Não temos notícia disto no Brasil e, por esta razão, é que desenvolvemos um método próprio para o Startup. Nosso conteúdo e metodologia têm como base os princípios pregados pelo MIT e pelas escolas americanas onde o ensino de códigos é uma realidade e com sucesso. Além de professores qualificados contamos com o apoio pedagógico de uma profissional que se dedica ao tema há alguns anos e trabalha conosco.

Acredita que ainda exista algum tipo de receio em ensinar este tipo de conteúdo para crianças? Acredito que não. Quando há supervisão e conteúdo formatado para que exista uma progressão contínua no aprendizado, a própria criança ou adolescente desenvolve o interesse de forma saudável e natural.

Quem demonstra mais interesse em buscar esse curso: os pais ou as crianças? Ambos. Os pais, como atividade extracurricular que faz com que o filho deixe de ser apenas um jogador de videogame para se interessar por um universo mais amplo na área da computação. E as crianças, que, de forma rápida, conseguem mensurar os resultados como a criação de cartões, animações e até jogos.

Como as crianças podem usar esses conhecimentos em programação no dia a dia? Esses ensinamentos podem ser aplicados em outras matérias escolares? Nós tivemos acesso a pesquisas de algumas escolas que demonstram o desenvolvimento da criança e do adolescente de inúmeras formas: as notas em ciências exatas melhoram, a capacidade de abstração tem um ganho enorme, a criatividade e o raciocínio lógico também podem ser medidos pela melhoria das notas no currículo integral. É interessante notar que a formação de grupos de estudo, assim como se dá em outras matérias, é feito de forma mais natural e intuitiva favorecendo o espírito de trabalho em equipe.

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