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Empresas aguardam formalização para vender PC popular

Grandes fabricantes de computadores dizem estar prontas, mas governo ainda não definiu como será a tramitação do projeto no Congresso

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h32.

Os fabricantes de computadores esperam apenas a aprovação pelo Congresso do programa PC Conectado para começar a disputar o mercado de consumidores de baixa renda. Bem recebido pelas empresas, o PC Conectado pretende popularizar os computadores pessoais por meio de isenção de impostos aos fabricantes e de financiamento aos compradores. O governo calcula que, até o final de 2006, 1 milhão de máquinas possa ser vendido com base no programa. Mas o maior problema, segundo as empresas, está no próprio governo. Ainda não há definição sobre o caminho da proposta no Congresso se por meio de medida provisória ou projeto de lei. Além disso, não há prazo também para que o texto seja votado pelos parlamentares.

Os lançamentos estimulados pelo programa devem ser rápidos, porque as empresas aproveitarão a elevada capacidade ociosa das plantas. Segundo Antônio Hugo Valério, diretor da área de informática da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), no ano passado as companhias formais produziram 1 milhão de PCs, mas poderiam ter atingido muito mais, se não fossem prejudicadas pelas empresas informais, que fabricaram outros 3 milhões de máquinas basicamente com componentes importados de maneira irregular. De acordo com Valério, os dados mais recentes, de 2003, mostram que a capacidade instalada do setor é cerca de quatro vezes maior que a demanda.

Os fabricantes deverão se apoiar nos incentivos fiscais para combater o mercado informal. A isenção de PIS e Cofins vai baratear em 9,25% o preço das máquinas até 2 500 reais, uma faixa que equivale a 40% dos computadores pessoais vendidos no Brasil, segundo Valério. "Com a isenção, os preços vão se aproximar dos praticados pelos vendedores informais. Teremos mais competitividade", diz (se você é assinante, leia também reportagem de EXAME sobre a relação entre carga tributária e pirataria).

Mercado popular

O programa também estabelece um PC padrão para a baixa renda, que deve ser vendido por 1 400 reais. Trata-se de um modelo básico, com monitor de 15 polegadas, processador de 1,5 GHz, disco rígido de 40 GB e memória de 128 MB. "O mérito dessa medida é que não se inventou nenhum modelo novo. O programa incentiva um PC padrão", diz Fernando Loureiro, diretor de Assuntos Corporativos da Dell.

Por isso, as empresas não precisarão investir muito para desenvolver modelos para o mercado popular. Loureiro garante, por exemplo, que a Dell poderá colocar seu PC popular em circulação assim que a medida for aprovada no Congresso, já que a empresa opera com baixos estoques e, portanto, tem bastante flexibilidade na produção.

Já a HP está finalizando a formatação de seu PC popular. Segundo Valério, que também é diretor da empresa, o modelo deve estar nas lojas até 45 dias após a formalização do PC Conectado pelo Congresso. "Precisamos alinhar nossos fornecedores e isso leva um certo tempo", afirma.

Nenhuma das empresas informou quanto esperam abocanhar do novo mercado. Mas todas apostam num incremento das vendas. A Dell, por exemplo, enxerga no programa do governo uma oportunidade de expandir seus negócios na área de PCs domésticos. "Nosso grande foco é o mercado corporativo, mas também lideramos o mercado americano de computadores domésticos", diz Loureiro. No Brasil, porém, a participação da Dell nesse segmento é bastante baixa.

Marketing

A única ressalva das empresas sobre o PC Conectado é a proposta do governo de financiar apenas os computadores que adotem o software livre. Para os fabricantes, isso significará custos adicionais, já que precisarão treinar suas assistências técnicas para lidar com dois problemas: atender a população de baixa renda, que estará adquirindo um equipamento pela primeira vez, e se familiarizar com o software livre.

É possível que, num primeiro momento, as empresas concentrem-se em explorar os benefícios da isenção fiscal, aumentando a disputa pelos consumidores que busquem máquinas acima de 1 400 reais onde o uso de outros softwares será livre. Outra alternativa é o desenvolvimento de micros de preço popular, com softwares proprietários, como o Windows, mas financiados por outros agentes financeiros que não os bancos públicos.

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