La Casa de Papel, sucesso da Netflix: serviço de streaming de vídeo é o segundo favorito dos brasileiros (Netflix/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 18 de setembro de 2020 às 15h00.
As plataformas de streaming de vídeo, como Netflix, Amazon Prime e Globoplay, conquistaram espaço fixo na rotina dos brasileiros durante a pandemia do novo coronavírus. Pesquisa feita pela Nielsen Brasil, em parceria com a Toluna, mostra que 42,8% dos brasileiros entrevistados assistem conteúdos por streaming diariamente. Outros 43,9% consomem vídeos no formato pelo menos uma vez na semana. Somente 2,5% declararam que nunca veem algo por streaming.
O Brasil já era um dos dez maiores mercados de streaming do mundo antes da pandemia, mas parece que o isolamento social intensificou ainda mais o consumo deste tipo de entretenimento. "Os conteúdos sob demanda realmente se tornaram companheiros da população nos momentos mais complicados da pandemia", afirma a líder de mídia da Nielsen, Sabrina Balhes.
Segundo o estudo, que ouviu 1.260 pessoas das classes A, B e C no dia 30 de junho, as plataformas que seguem o modelo da Netflix são as favoritas de 73,5% dos entrevistados. Sites como YouTube e Vimeo aparecem na segunda posição, com 63,8% de preferência. Na sequência, estão a TV aberta (61,5%) e a TV a cabo (54,9%).
Mas isso indica que o fim da televisão está próximo? Depende. Os grupos mais jovens, de 16 a 23 anos e de 24 a 35 anos consomem mais conteúdo via streaming. Mas a TV a cabo é a favorita (65,7%) do público com mais de 56 anos. A TV aberta, por outro lado, é a preferida das pessoas entre 46 e 55 anos (62,9%).
“Não há uma canibalização, mas uma sofisticação da oferta”, diz Balhes. Na visão da especialista, como o consumidor tem um número limitado de capital e de tempo para assistir vídeos, as empresas de streaming e os canais de TV entenderam que precisam fazer parcerias entre si para continuar relevantes. “No fim, o que importa é ter conteúdo de qualidade”, afirma.
No Brasil, segundo a pesquisa da Nielsen, dois gigantes disputam a dianteira pela preferência dos usuários: YouTube (89,4%) e Netflix (86,6%). Depois estão Amazon Prime (40,2%), Globoplay (25,5%), Instagram TV (18,8%), Telecine Play (18,6%), HBO Go (14,3%) e Google Play (12,3%). Outros serviços, como Apple TV, Globosat Play, Net Now, e Youtube Premium não chegaram a 10% de preferência entre os entrevistados.
Mas essa divisão pode mudar drasticamente em novembro, com a chegada de um player gigantesco no mercado de streaming brasileiro: a Disney. Dona de marcas de sucesso, como Star Wars e Marvel, a empresa pode mexer com a audiência e com o mercado publicitário.
Segundo Balhes, com a chegada do Disney +, a publicidade precisará descobrir como se relacionar com os conteúdos produzidos e disponibilizados pela empresa no país. “As marcas vão precisar entender o comportamento dos consumidores antes de se posicionarem”, diz a especialista da Nielsen.
O streaming já faz parte da rotina, mas como os brasileiros estão vendo essas séries, filmes e vídeos? Na pesquisa da Nielsen com a Toluna, a maior parte dos entrevistados (76,6%) disse assistir diretamente na Smart TV. O segundo dispositivo favorito é o smartphone, preferido por 64,8% das pessoas ouvidas. Na sequência, aparecem os computadores e notebooks (56,3%), os tablets (18,2%) e os consoles de jogos (13%).
Apesar da maioria ainda preferir o conforto da tela grande, o smartphone tem estado mais presente na vida das pessoas durante a quarentena. Ele é o dispositivo mais usado pelos brasileiros (86%) das 9h às 15h, momento do dia em que também acontece o pico de compras no e-commerce.
“As pessoas foram conquistadas pela facilidade de realizar atividades em seu dia a dia utilizando os aplicativos para smartphones – sejam eles para fazer compras, realizar um atendimento de telemedicina ou acessar os serviços de streaming de vídeo e de música”, afirmou Renata Bendit, líder do time de satisfação do cliente na América Latina da Toluna.
Mesmo passando boa parte do dia conectados, os brasileiros não se incomodam com a publicidade. Pelo menos não durante a pandemia. Entre os entrevistados, 21,3% disseram estar muito confortáveis com anúncios e 15,4%, um pouco confortáveis. Outros 22,5% responderam se sentir pouco confortáveis. Quase 30% são neutros e apenas 11,9% se classificaram como muito desconfortáveis com a publicidade em tempos de pandemia.