apple (Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2015 às 07h09.
A Agência de Inteligência dos Estados Unidos (CIA, na sigla em inglês) liderou um esforço conjunto entre agências de inteligência para penetrar no sistema de criptografia usado nos aparelhos da Apple, além de implantar programas de espionagem em aplicativos para iOS, segundo documentos revelados por Edward Snowden no site The Intercept.
Os novos documentos confidenciais, retirados dos sistemas internos da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) mostram que os métodos de vigilância foram apresentados durante uma conferência secreta anual dos agentes de inteligência do país.
O ataque mais comprometedor mostrado no evento foi a criação de uma versão falsa do software de desenvolvimento da Apple chamado Xcode, que é usado para que desenvolvedores criem aplicativos para o sistema operacional iOS.
A versão modificada do Xcode permitiria a CIA, NSA e outras agências inserirem backdoors de vigilância em qualquer app criado no software de desenvolvimento.
A CIA também teria tentado introduzir nos aparelhos da Apple um software que grava e transmite qualquer coisa digitada no smartphone. Isso seria feito por meio da ferramenta de atualização do iOS, presente nos laptops e PCs dos usuários.
Analistas das agências de inteligência também exploraram uma versão sofisticada de descriptografia, usando padrões de atividade do processador que o aparelho utilizou no instante da codificação da mensagem.
Segundo os documentos da apresentação, a técnica ainda não havia sido aperfeiçoada em março de 2012, época da conferência secreta.
As revelações devem estremecer ainda mais as relações entre a Apple e o governo dos Estados Unidos.
Após o vazamento dos documentos que expuseram o programa de vigilância Prism, no qual várias empresas ajudavam a NSA a implantar programas em seus aparelhos para obter informações dos usuários, a Apple decidiu reforçar a privacidade de seus consumidores.
Por exemplo, a empresa passou a criptografar todas as mensagens trocadas no iMessage.
No começo do mês, o presidente da Apple Tim Cook deu um "recado" a Barack Obama, dizendo que a história mostrou que "o sacrifício de nosso direito à privacidade pode ter graves consequências".