Mais de 12.500 pessoas fizeram 289 perguntas para o Dalai Lama, que já foi classificado por Pequim como "lobo vestido de túnica"
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2010 às 11h59.
Pequim - O atual Dalai Lama, líder espiritual dos budistas tibetanos em exílio, ficou pela primeira vez on-line, nesta sexta-feira, "batendo papo" com internautas chineses através do site de microblogs Twitter e suas conversas foram retransmitidas por outros sites.
Durante essa troca de mensagens que durou cerca de 90 minutos, o Dalai Lama abordou uma variedade de assuntos, políticos, culturais ou religiosos. Ele, especialmente, informou que as discussões com Pequim a respeito da autonomia do Tibete e de seu eventual retorno haviam falhado, porque o governo chinês havia se recusado a reconhecer os problemas que a região do Himalaia enfrenta.
As discussões não progrediram "porque o governo central sempre argumenta que não existem problemas no Tibete, apenas com o Dalai Lama", declarou.
"Eu não peço nada para mim mesmo, minha principal preocupação envolve os problemas da cultura, da religião e do meio ambiente do povo tibetano", acrescentou. "Em certas zonas do Tibete, a cultura e a língua tibetanas estão em crise por causa do aumento do número de Hans", etnia majoritária da China, destacou o Dalai Lama.
Wang Lixiong, um autor chinês, crítico mundialmente conhecido da política de Pequim no Tibete, anunciou no Twitter que ele emprestaria sua conta para facilitar essa troca de conhecimento.
Mais de 12.500 pessoas fizeram 289 perguntas para o Dalai Lama, que já foi classificado por Pequim como "lobo vestido de túnica".
As questões foram selecionadas através de uma votação feita no Google Moderator, um aplicativo do Google que permite esse tipo de operações, explicou Xiao Qiang, que dirige a China Digital Times, localizada nos Estados Unidos. O Dalai Lama, que tem 74 anos e vive em exílio na Índia, respondeu somente a algumas dessas perguntas.
O Twitter é bloqueado na China, mas mesmo sem poder utilizar um proxy (programa que máscara o IP de internet) para contornar a censura e se conectar, os internautas chineses puderam acessar ao "chat" com o líder religioso. O Twitter possuiu outros aplicativos e servers alternativos que permitem aos usuários usarem o serviço.
Segundo Xiao Qiang, essa "grande muralha na internet" estimulou o crescimento do Twitter na China: "essa comunidade tem uma ligação política forte contra a censura. As inúmeras discussões no Twitter falam sobre a liberdade na Internet e sobre maneiras de contornar os firewalls", programas de bloqueio, completou. Cerca de 100 mil chineses, que moram na China, estão no Twitter, estima.