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Dados de 443 mil brasileiros no Facebook foram usados indevidamente

Brasil ficou entre os 10 principais territórios que foram afetados pela questão - os EUA lideram com 70 milhões de usuários

Facebook: dados de 443.117 usuários brasileiros "podem ter sido compartilhados indevidamente" com a consultoria Cambridge Analytica (Thomas Hodel/Reuters)

Facebook: dados de 443.117 usuários brasileiros "podem ter sido compartilhados indevidamente" com a consultoria Cambridge Analytica (Thomas Hodel/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de abril de 2018 às 13h50.

São Paulo - O Facebook divulgou nesta quarta-feira, que dados de 443.117 usuários brasileiros "podem ter sido compartilhados indevidamente" com a consultoria Cambridge Analytica, que os utilizou para influenciar a opinião pública em eventos como a eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016.

O Brasil ficou entre os 10 principais territórios que foram afetados pela questão - os EUA lideram com 70 milhões de usuários.

Ao todo, dados de pelo menos 87 milhões de usuários da rede social podem ter sido obtidos pela consultoria, a partir de um quiz feito pelo pesquisador Aleksandr Kogan.

A informação surgiu em uma atualização do post feito por Mike Schroepfer, diretor de tecnologia do Facebook, sobre as mudanças promovidas pela rede social em seus termos de uso e política de privacidade.

É a primeira vez que o Facebook revela quais foram os países mais afetados pelo uso indevido de aplicativos para a obtenção de dados pessoais pela consultoria.

Territórios como Filipinas, Indonésia e Reino Unido, por sua vez, tiveram informações de mais de 1 milhão de contas varridas. Segundo Schroepfer, os usuários que foram afetados serão avisados a partir de segunda-feira, 9.

Entenda o caso

Reportagens dos jornais The New York Times e The Observer, de Londres, revelaram que a empresa de inteligência Cambridge Analytica colheu informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook, em um esforço para beneficiar a campanha eleitoral do presidente americano, Donald Trump, em 2016.

A empresa britânica de inteligência digital coleta e relaciona dados para ações de marketing digital feitas por companhias e políticos. No caso em questão, ela usou o método para desenvolver ações para influenciar o cenário político americano e favorecer Trump.

Atingir o objetivo só foi possível graças a uma parceria com outra empresa, a também britânica Global Science Research, liderada por Aleksandr Kogan, pesquisador da Universidade de Cambridge.

Ele criou um quiz online, chamado This is your digital life (Esta é sua vida digital), que exigia que as pessoas conectassem sua conta do Facebook para ser acessado. Isso permitiu que o quiz de Kogan obtivesse informações pessoais dos usuários da rede social e de seus amigos.

Os dados obtidos por meio do teste foram vendidos pela Global Science à Cambridge Analytica, numa clara violação aos termos de uso do Facebook. Isso permitiu que a empresa de inteligência cruzasse dados com outras fontes e chegasse a um perfil preciso das pessoas, usado para enviar mensagens direcionadas - incluindo notícias falsas - para influenciar votos.

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