Tecnologia

Criando as próprias regras, Apple desafia o mundo da publicidade

Medidas de defesa da privacidade de seus clientes são acusadas pelos críticos de ser um plano "para dominar o setor"

Loja da Apple: empresa é criticada por medidas de defesa da privacidade de seus clientes (Leandro Fonseca / EXAME)

Loja da Apple: empresa é criticada por medidas de defesa da privacidade de seus clientes (Leandro Fonseca / EXAME)

A

AFP

Publicado em 5 de dezembro de 2022 às 10h03.

Última atualização em 5 de dezembro de 2022 às 10h04.

A Apple enfrenta os receios do setor publicitário online por suas medidas de defesa da privacidade de seus clientes, que escondem, segundo os críticos, planos da gigante americana para dominar o setor.

O novo sistema da Apple, conhecido como App Tracking Transparency (ATT), provocou protestos, especialmente nos países europeus.

Com o ATT, os usuários de iPhone podem rejeitar que um aplicativo que acabaram de baixar em seu celular possa seguir seu rastro quando entram em outro aplicativo, ou visitam um site.

A maioria dos usuários opta por essa rejeição. Desta forma, os editores de aplicativos, desde o gigante Facebook às pequenas start-ups, perdem a capacidade de propor propagandas mais "focadas" no cliente.

Esta publicidade direcionada segue teoricamente os gostos do usuário, definidos a partir de sua navegação na Internet e nas redes. É uma ferramenta essencial para as empresas proporem seus produtos ou serviços.

Quer receber os fatos mais relevantes do Brasil e do mundo direto no seu e-mail toda manhã? Clique aqui e cadastre-se na newsletter gratuita EXAME Desperta.

Uma crise atrás da outra

A Apple já abalou o comércio de dados pessoais pela Internet quando decidiu proibir os "cookies" (rastreadores) em seu navegador Safari.

O grupo Meta, ao qual o Facebook pertence, alertou no início de 2022 que essa nova opção ATT da Apple lhe custaria 10 bilhões de dólares.

A Meta também vive uma grande crise devido aos seus ambiciosos investimentos na área do metaverso, e em novembro anunciou que iria demitir 13% de seu quadro de funcionários.

"A verdade é que a grande maioria dos lucros no ecossistema da telefonia móvel pertence à Apple", particularmente por meio de taxas sobre os aplicativos e compras digitais, disse o presidente da Meta, Mark Zuckerberg, na última quarta-feira, durante uma conferência organizada pelo jornal The New York Times.

Outros grupos que dependem fortemente de publicidade direcionada, como o Snap, a matriz do aplicativo Snapchat, tiveram que revisar seus planos e demitir funcionários por causa das decisões da Apple.

O segredo do mercado publicitário

A Apple não divulga seu volume de negócios publicitários. De acordo com a empresa de pesquisa Wedbush Securities, a gigante da maçã arrecada cerca de 4,5 bilhões de dólares por ano com publicidade em sua loja de aplicativos App Store, onde os editores pagam para ter uma melhor visibilidade.

Se a Apple começar a usar publicidade direcionada para a Apple TV ou para seu aplicativo de navegação Maps, esses lucros poderiam chegar a 30 bilhões de dólares até 2025.

Isso a colocaria em quarto lugar nesse setor, atrás do Google, Facebook e Amazon.

A Apple, no entanto, baseia sua imagem no respeito à privacidade e garante em sua publicidade que não armazena os dados pessoais de seus usuários.

Recentemente, dois editores especializados em segurança cibernética revelaram que a Apple poderia rastrear a navegação dos usuários na App Store, sem que eles pudessem fazer nada a respeito.

Um grupo de usuários processou a empresa na Califórnia em 10 de novembro. Consultada pela AFP, a Apple preferiu não fazer comentários.

Acompanhe tudo sobre:Anúncios publicitáriosApplePublicidade

Mais de Tecnologia

Vale a pena comprar celular na Black Friday?

A densidade de talentos define uma empresa de sucesso; as lições da VP da Sequoia Capital

Na Finlândia, o medo da guerra criou um cenário prospero para startups de defesa

Brasileiros criam startup para migrar tuítes antigos para o Bluesky