Criadora de perfil com mulheres sem véu é ameaçada
A jornalista iraniana que criou a página de Facebook, na qual centenas de mulheres iranianas publicaram fotos com cabelos soltos, foi ameaçada de morte
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2014 às 08h55.
Teerã - Masih Alinejad, a jornalista iraniana que criou a página de Facebook na qual centenas de mulheres iranianas publicaram fotos com cabelos soltos em locais públicos, violando a exigência de se usar o véu islâmico, foi ameaçada de morte.
Após o sucesso da página "Nossa liberdade disfarçada", que em menos de um mês recebeu cerca de 400 mil curtidas, sua criadora, uma um repórter exilada em Londres, recebeu centenas de e-mails com insultos e ameaças, algumas delas de morte.
"Todos os dias recebo e-mails com ameaças, tanto em minha caixa do correio pessoal como na página, além das difamações nos meios de comunicação radicais iranianos, como a agência "Fars", "Raja News" e "Jeibar Online", disse Alinejad à Agência Efe.
"Vamos cortar tua cabeça diante de tua casa", "Tem que ser estuprada diante de teu filho" e "Vai morrer em breve" são algumas das mensagens enviadas por usuários anônimos.
Outras ameaças tem teor religioso: "Alá vai te matar".
Segundo a jornalista, foram publicadas notícias totalmente falsas sobre ela na imprensa iraniana, como a de que ela teria sido estuprada por três homens em Londres.
"Pode não estar de acordo com minhas ideias e discuti-las, mas insultar? Dizer que me estuprarão? Publicar que tenho relações sexuais com vários homens fora do casamento? Isto é uma forma de lavar o cérebro das pessoas", afirmou irritada.
"Trato de ignorar, mas, honestamente, às vezes não posso. Publicam coisas sujas. Em algumas ocasiões me assusto, outras não levo a sério e penso que não podem fazer nada", acrescentou.
Masih Alinejad é acusada de arruinar a imagem das mulheres iranianas e de ser antirrevolucionária (em referência à Revolução Islâmica) e anti-islâmica.
Ela, no entanto, argumenta que como jornalista sua obrigação é refletir a realidade que seu país (para onde não pode voltar).
"Há milhões de mulheres no Irã que não querem usar o hiyab (véu islâmico). Eles não podem parar isso portanto tentam parar no Facebook e no Instagram . E como assim também não podem, tratam de atacar as pessoas como eu e prejudicar sua imagem", argumenta.
A jornalista disse ainda que sua página "respeita as mulheres que decidem usar hiyab, não pretende obrigá-las a não usar, mas eles nos obrigam a usá-lo".
A iniciativa de Alinejad despertou a ira dos setores mais radicais da sociedade iraniana.
Nas últimas semanas, foram convocadas várias manifestações em Teerã para exigir que governo e a polícia respeitem a lei islâmica e o uso do que consideram um "hiyab correto", que cobre completamente corpo, braços, pernas, cabelo e pescoço, em vez do modelo mais relaxado e revelador, que muitas jovens utilizam com a chegada do calor.
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- O direito ao voto veio apenas em 1996
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- 30% já sofreu algum tipo de abuso doméstico
- Apenas 40% trabalham
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- 56% das mulheres entre 15 e 49 anos são analfabetas
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- Em 2005, elas ganharam o direito ao voto
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- 20% dos ministérios são femininos, assim como 3% do parlamento
- 50% já sofreu abuso sexual
- 35% está no mercado de trabalho