Criador do WikiLeaks pretende publicar novos documentos confidenciais
O fundador do WikiLeaks, que anda sempre com guarda-costas, foi convidado a falar por uma organização não governamental para Genebra
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 11h22.
Genebra - O criador do site WikiLeaks, Julian Assange, disse nesta quinta-feira em Genebra que espera continuar, nos próximos meses com a publicação de documentos confidenciais "sobre inúmeros países, incluindo os Estados Unidos".
Após a difusão em seu site de cerca de 400 mil documentos confidenciais sobre a guerra no Iraque, considerado "um dos vazamentos mais importantes de documentos militares confidenciais da História", ele explicou que era hora de os Estados Unidos se "abrirem" ao invés de tentar "se esconder".
"Os Estados Unidos correm o risco de falhar com sua tradição", acrescentou, referindo-se à liberdade de expressão no país.
"A lei não tem sentido se não for respeitada pelo governo", continuou Assange durante uma coletiva de imprensa sob medidas de segurança excepcionais.
O fundador do WikiLeaks, que anda sempre com guarda-costas, foi convidado por uma organização não governamental para Genebra, às vésperas de uma reunião do Conselho dos Direitos Humanos da ONU que analisará a situação destes direitos nos Estados Unidos durante a Revisão Periódica Universal.
O site publicou no mês passado relatórios de incidentes, do período de janeiro de 2004 até 2009, escritos por soldados americanos que mostram que o exército americano nada teria feito para impedir as torturas cometidas pelas forças iraquianas.
Julian Assange informou que, apesar "dos pedidos de organizações de defesa dos Direitos Humanos e da ONU", o governo dos Estados Unidos ainda não começou as investigações sobre as revelações, ao contrário de outros países como Grã-Bretanha e Dinamarca.
"Minha organização se encontra em uma situação incomum, sendo especialista em violação dos Direitos Humanos pelo governo dos Estados Unidos e vítima de alguns desses abusos", disse.
Ele acrescentou que sua equipe e pessoas "ligadas a sua organização" foram submetidas a pressões e "se sentem ameaçadas" pelo Pentágono.
Assange informou ainda que os abusos denunciados no Iraque (2004-2009) não datam apenas do governo George W. Bush.
"A administração Obama também violou a lei ao transferir prisioneiros para grupos conhecidos por praticar tortura", contou.