Pneu sem ar: tecnologia tem foco em veículos elétricos (Akio Kon/Bloomberg)
Victor Caputo
Publicado em 30 de outubro de 2017 às 11h39.
A Toyota Motor está estudando o uso de pneus sem ar para ajudar a reduzir o peso dos veículos movidos a baterias elétricas e a células de combustível e para aumentar o desempenho, embora a tecnologia esteja a anos do uso comercial.
A fabricante de automóveis está usando pneus sem ar -- com motores individuais em cada roda -- em um veículo pela primeira vez no carro conceito movido a hidrogênio Fine-Comfort Ride, apresentado no Salão do Automóvel de Tóquio, na semana passada, disse o engenheiro-chefe Takao Sato, em entrevista. Como esses pneus possuem uma camada de borracha que circunda um cubo de plástico e alumínio, a premissa é que possam um dia compensar o peso dos motores, disse ele.
Atualmente, os pneus conceito pesam o mesmo que seus primos com ar, mas Sato conta com avanços da tecnologia capazes de ajudar a eliminar 5 quilos -- ou cerca de 30 por cento -- do peso de cada pneu para breve, até 2025. A Sumitomo Rubber Industries, que forneceu à Toyota e vem testando os pneus nos minicarros locais “kei” e em carrinhos de golfe, afirma que outras fabricantes de veículos japonesas também estão interessadas, particularmente para veículos elétricos de menor porte.
“Para as fabricantes de automóveis, os pneus sem ar são atraentes para os veículos elétricos”, disse Sato. Apesar de o Toyota Fine-Comfort Ride ter o tamanho de um SUV crossover, “essas rodas podem ser usadas em qualquer veículo elétrico”, disse ele.
Wako Iwamura, chefe do projeto de pneus sem ar da Sumitomo Rubber, com cinco anos de duração, disse que seu objetivo pessoal é ter um produto comercial pronto até 2020.
A fabricante de pneus japonesa, na verdade, chegou tarde ao mundo dos pneus sem ar, atrás de empresas como Bridgestone e Michelin. O Michelin Tweel -- nome que mistura as palavras em inglês “tire” (pneu) e “wheel” (roda) -- está disponível atualmente para cortadores de grama, carrinhos de golfe, maquinários para construção e veículos recreativos todo-terreno. A tecnologia ainda não foi testada em carros de passeio e as fabricantes precisarão convencer as fabricantes de veículos e o público de que são seguros.
Criar um pneu mais leve é apenas um dos objetivos de Iwamura. O outro desafio a superar é a resistência ao rolamento, ou o atrito ao qual o pneu é submetido em movimento. Ele estima que a resistência é 10 por cento a 20 por cento pior que a sofrida pelos pneus atuais, um nível inaceitável para os veículos, que precisam espremer cada quilômetro de autonomia das baterias de íons de lítio.
O custo, no entanto, não será um obstáculo. Iwamura afirma que os pneus já têm preços comparáveis aos das opções com ar.