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Apresentado por CNI

Veja por que combater o Custo Brasil é o principal desafio da economia nacional

Juros altos, ineficiência logística, burocracias em excesso e outros problemas inibem os investimentos, limitam a geração de empregos e comprometem o poder de compra dos brasileiros

Custo Brasil: conjunto de fatores tem capacidade de inibir os investimentos, seja de empresas brasileiras ou de companhias multinacionais (Vitalii Stock; /Shutterstock)

Custo Brasil: conjunto de fatores tem capacidade de inibir os investimentos, seja de empresas brasileiras ou de companhias multinacionais (Vitalii Stock; /Shutterstock)

EXAME Solutions
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Publicado em 19 de dezembro de 2025 às 11h31.

Última atualização em 19 de dezembro de 2025 às 17h31.

Diante de um momento global marcado por conflitos geopolíticos, barreiras comerciais e guerras tarifárias, as empresas brasileiras ainda têm de enfrentar um implacável inimigo interno: fazer negócios no Brasil custa R$ 1,7 trilhão por ano a mais do que na média dos países integrantes da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que reúne as principais economias do planeta, segundo o Observatório do Custo Brasil.

Esse é o tamanho do Custo Brasil, como é conhecido o conjunto de fatores que, juntos, minam a competitividade das empresas brasileiras, atrasam a vida de empreendedores e investidores e custam muito caro para todos os brasileiros.

Na conta estão os gastos adicionais que, em relação aos competidores internacionais, os negócios brasileiros têm de arcar devido à alta carga tributária, à logística ineficiente, ao excesso de burocracias, à insegurança jurídica, ao custo da energia e aos juros demasiadamente elevados, entre outros aspectos.

Impacto geral

Muitos podem ter a falsa impressão de que o Custo Brasil só interessa ao mercado empresarial e aos investidores. No entanto, os efeitos negativos sobre o bem-estar da população são bem diretos. De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Custo Brasil eleva de 20% a 25% os preços dos produtos vendidos no país. Mais: ele tira a competitividade das empresas locais no exterior, limitando o crescimento.

Segundo a confederação, tudo isso inibe os investimentos, seja das próprias empresas brasileiras seja de companhias multinacionais que poderiam se instalar ou expandir a produção por aqui. Com isso, a população acaba sendo prejudicada duas vezes.

“O Custo Brasil deixa os produtos mais caros e compromete o poder de compra dos brasileiros”, diz Leo de Castro, vice-presidente da CNI. “Ao mesmo tempo, inibe os investimentos e a geração de empregos, que ajudariam a aumentar os salários pagos no país.”

Resolver o problema deve ser prioridade

Em uma pesquisa divulgada em agosto pela CNI, 64% dos responsáveis por empresas disseram que o Custo Brasil aumentou nos últimos três anos. Além disso, 60% consideram sua redução como prioridade. “Estamos estagnados”, diz Castro. “Não estamos melhorando na velocidade necessária.”

O conceito de Custo Brasil não é exatamente novo. A expressão nasceu há cerca de 30 anos, quando a CNI passou a apontar a necessidade de reduzir as dificuldades para as empresas brasileiras em um momento em que a economia estava finalmente se estabilizando após décadas de inflação acelerada. Desde então, porém, as vitórias foram tímidas e, no mínimo, insuficientes para resolver o problema.

De alguns anos para cá, houve um trabalho conjunto do setor público e da iniciativa privada para mostrar o tamanho do Custo Brasil em termos concretos. A cifra de R$ 1,7 trilhão foi encontrada a partir desse esforço, capitaneado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) e pela CNI, entre outras instituições públicas e privadas.

“Esse levantamento nos ajuda a ver os aspectos mais relevantes para reduzir o Custo Brasil com maior agilidade”, diz Rogério Caiuby, conselheiro executivo do MBC.

Apesar dos avanços, a lentidão para a erradicação do Custo Brasil ainda é um problema. Um exemplo é o do gás natural, insumo fundamental para tornar a matriz energética das indústrias mais limpa, eficiente e segura. Em 2021, a aprovação da Lei nº 14.134 pavimentou o caminho para a abertura do mercado de gás natural e acendeu a esperança de ampliar o acesso das empresas brasileiras a essa fonte de energia a preços competitivos.

Quase quatro anos depois, pouca coisa mudou. O gás natural no Brasil ainda custa quase cinco vezes mais do que nos Estados Unidos e cerca de 65% acima do que é pago pelas empresas na União Europeia.

Melhorias com a Reforma Tributária

A Reforma Tributária recentemente aprovada é um ponto de grande atenção para a CNI e as demais instituições responsáveis pelo monitoramento do Custo Brasil. A expectativa é que a nova legislação simplifique o recolhimento de tributos: hoje, as empresas brasileiras gastam de R$ 270 bilhões a R$ 310 bilhões ao ano para calcular e recolher corretamente os tributos, em um esforço de 1.500 horas anuais por empresa — quase dez vezes maior do que a média das empresas concorrentes instaladas nos países da OCDE.

Num primeiro momento, a transição entre o modelo tributário atual e o novo pode até exigir algum esforço adicional das empresas. “Mas, em três ou quatro anos, a expectativa é de uma redução no tempo e nos custos para o recolhimento de impostos”, diz Caiuby, do MBC.

A Reforma Tributária é um dos projetos em 14 áreas que, nas contas do MBC, podem ajudar a reduzir o Custo Brasil em R$ 530 bilhões por ano — uma redução de 30% em relação aos níveis atuais. Seria um salto importante para promover um ambiente mais eficiente, de forma a deixar as empresas brasileiras mais competitivas tanto no mercado interno quanto no exterior.

Os dados da CNI mostram que a mudança é possível, mas não há espaço para trégua.

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