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Com crise, vendas de games podem cair pelo segundo ano

Empresas esperam queda na venda de games pelo segundo ano seguido, devido à crise econômica

Videogames: entre janeiro e julho, o faturamento do setor caiu 9,9% e as vendas amargam queda de 25,6% (ThinkStock/alexkich)

Videogames: entre janeiro e julho, o faturamento do setor caiu 9,9% e as vendas amargam queda de 25,6% (ThinkStock/alexkich)

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Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2016 às 09h34.

Todo jogador de games sabe: quando a fase é difícil, a melhor estratégia é desviar dos obstáculos e tentar coletar o máximo de moedas possível enquanto a próxima vida extra não chega.

Na Brasil Game Show, maior feira de jogos eletrônicos da América Latina, realizada até amanhã em São Paulo, as empresas de games mostram que estão aprendendo com seus próprios jogos lições para resistir à crise em 2016.

A ordem é seguir em frente, especialmente depois de assistir, em 2015, à primeira retração do mercado local em cinco anos.

No ano passado, segundo a consultoria GfK, o mercado brasileiro de games teve queda de 7% em faturamento e 17,7% em vendas no varejo, fechando o ano com receita de R$ 2,2 bilhões.

Em 2016, o cenário não é promissor: entre janeiro e julho, o faturamento caiu 9,9% e as vendas amargam queda de 25,6%, na comparação com o mesmo período de 2015.

Os números, porém, ainda não incluem o melhor momento do ano para os games: o segundo semestre, marcado pelo Dia das Crianças, Black Friday e Natal.

"É difícil dizer ainda se o ano pode fechar em alta ou pelo menos estável em relação a 2015", diz Filipe Mori, especialista em games da GfK. Segundo o analista, a previsão é de que o mercado fature pelo menos R$ 2 bilhões.

Sinais da crise

Há dois fatores que influenciam o resultado. A crise econômica é o principal deles - o outro é a lenta transição entre gerações de consoles.

Apesar de serem fabricados no Brasil, consoles como o PlayStation 4 e o Xbox One usam componentes importados e a vasta maioria dos jogos é criada por empresas estrangeiras.

Além da desvalorização do real - que subiu de R$ 2,60, em janeiro de 2015, para perto de R$ 4,20, um ano depois -, a instabilidade da moeda também atrapalhou as vendas.

O principal impacto foi no bolso do consumidor: acostumado a pagar R$ 200 em um novo game, o brasileiro passou a encontrar títulos a R$ 250 e, até mesmo, R$ 280.

Segundo as empresas, há sinais de que o pior já passou. "Se o dólar se mantiver em R$ 3,20, conseguiremos chegar ao fim do ano com lançamentos a R$ 200", diz Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft para a América Latina.

"Não queremos ir além dos R$ 230." A empresa francesa lidera em vendas globais, com títulos como Assassin’s Creed, Far Cry e Just Dance.

A Microsoft é outra empresa que está tentando oferecer preços mais baixos para atrair os consumidores, mesmo na crise. A companhia concedeu R$ 200 em desconto no Xbox One até outubro, o que leva a versão básica do produto para R$ 2,3 mil.

"Estamos num momento positivo", diz Willen Puccinelli, gerente-geral de Xbox no Brasil.

Futuro 

Com o sufoco da crise, a BGS tentou se tornar uma vitrine para os lançamentos. A lógica é simples: se o jogador não tem muito dinheiro para gastar, testar os games antes da compra pode "salvar" um bom dinheiro.

Nos estandes da BGS, os visitantes podem testar jogos que ainda vão chegar ao Brasil neste ano, como FIFA 17, ou em 2017, como Resident Evil.

Para antecipar as novidades, a feira deixou de ser realizada em outubro, quando parte dos principais games da temporada já havia chegado às lojas.

A estratégia, no entanto, não deu tão certo: muitos estúdios não conseguiram finalizar as demonstrações a tempo. Isso resultou em ausências notáveis, como o game Battlefield 1, da EA.

"Gostaríamos de ter Battlefield, mas não deu", diz Zambrano, da Warner, que distribui jogos da EA no País. "Preferimos a feira em outubro."

Questionado sobre o tema, o fundador e presidente executivo da BGS, Marcelo Tavares, disse que "briga muito" para ter conteúdo na feira.

A demonstração dos óculos de realidade virtual PlayStation VR foi um dos destaques. Previsto para chegar ao mercado norte-americano em outubro, o dispositivo só deve começar a ser vendido no Brasil em abril de 2017.

"Precisamos trabalhar com varejistas para fazer testes nos pontos de venda", diz Anderson Gracias, da Sony. "Se o jogador não experimentar, não compra."

Quem também não deve aparecer por aqui tão cedo é o Xbox One S, versão mais barata do console da Microsoft. À primeira vista, a decisão de Sony e Microsoft pode ser uma decepção para quem viu as empresas lançarem aqui PlayStation 4 e Xbox One simultaneamente ao resto do mundo.

Contudo, para Mori, da GfK, isso não é um sinal de que o mercado brasileiro perdeu importância para essas empresas.

"Saindo ou não em paralelo com o resto do mundo, esses produtos têm um mercado promissor por aqui", afirma o analista.

Outro sinal de que o Brasil continua no radar das grandes empresas é o investimento feito em conteúdo relevante para o público local: os jogos PES, da Konami, e FIFA, da EA Sports, trouxeram times e narradores brasileiros.

A Ubisoft também lançou um mapa inspirado nas favelas do Rio e criou uma tropa do BOPE para o game Rainbow Six Siege. Após o lançamento, a empresa bateu o recorde de jogadores ativos por dia no game: 1,26 milhão de pessoas no mundo todo - 400 mil no Brasil.

O investimento deu tão certo que a empresa repetiu a dose, colocando duas canções nacionais em Just Dance - uma delas, o hit "Bang", de Anitta.

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