Tecnologia

China usa inteligência artificial para controlar restaurantes

Desde janeiro, 1.700 câmaras foram instaladas em 800 restaurantes do distrito de Minhang dentro de um plano que pretende garantir a segurança alimentar

O distrito de Minhang possui 1.800 restaurantes; objetivo é que a nova tecnologia abranja todos eles. (Zhang Peng/Getty Images)

O distrito de Minhang possui 1.800 restaurantes; objetivo é que a nova tecnologia abranja todos eles. (Zhang Peng/Getty Images)

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EFE

Publicado em 24 de março de 2019 às 10h14.

Última atualização em 25 de março de 2019 às 07h39.

Xangai - O controle absoluto chegou às cozinhas dos restaurantes na China e, agora, um sofisticado sistema de inteligência artificial instalado em centenas de estabelecimentos da cidade de Xangai detecta desde a falta de higiene dos funcionários até a presença de animais indesejados.

Desde janeiro, 1.700 câmaras foram instaladas em 800 restaurantes do distrito de Minhang dentro de um plano que pretende garantir a segurança alimentar. De acordo com o diretor do Escritório de Supervisão e Gestão do Mercado de Minhang, Wu Jun, o assunto preocupa consideravelmente os chineses.

"Agora instalamos 'caixas inteligentes' que podem fazer funções como medir a temperatura, a umidade e detectar práticas ruins dos cozinheiros. As pessoas estão realmente focadas na segurança alimentar e é muito trabalhoso cobrir com humanos todas as necessidades de vigilância dos restaurantes. Então, os governos de Xangai e da China, como um todo, estão utilizando a tecnologia", disse Wu.

Através da tecnologia de reconhecimento facial, as câmeras também detectam a presença de pessoas não autorizadas na cozinha e de seres que não deveriam estar ali, como ratos. Em um futuro próximo, acredita-se que esta tecnologia poderá detectar animais menores, como baratas.

Com 2,5 milhões de habitantes, o distrito de Minhang possui 1.800 restaurantes de médio e grande portes. O objetivo é que a nova tecnologia abranja todos eles.

"É o primeiro projeto do tipo na China e acreditamos que no mundo, ou pelo menos o maior", afirmou Wu.

Quando uma câmera detecta uma irregularidade, as imagens são enviadas ao gerente do estabelecimento e também ao Escritório de Supervisão e Gestão do Mercado, que acompanha todos os alertas a partir de um telão.

"Os restaurantes têm que assumir a responsabilidade e solucionar o problema. Se não fizerem isso, vamos intervir e aplicar punições", explicou o diretor, destacando que a tecnologia torna as intervenções muito mais precisas.

Em dois meses de operação, o sistema já detectou várias irregularidades. As mais comuns são cozinheiros sem a proteção na cabeça ou sem as máscaras higiênicas, erros na temperatura e na umidade e ratos em algumas cozinhas.

Projetos assim indicam que a China desponta como líder em tecnologia de inteligência artificial e que esta é cada vez mais utilizada pelos governos para garantir a segurança e o controle da população.

Atualmente, milhões de aparelhos equipados com a última geração de tecnologia de reconhecimento facial acompanham a segurança nas ruas e em estabelecimentos, para diversas ações, como o controle do trânsito e a prevenção da criminalidade.

Nos últimos anos, 170 milhões de câmeras de vigilância foram instaladas no país. Com base em projeções do governo, outras 400 milhões serão colocadas até 2021, mas o sistema é criticado por ONGs, que enxergam nesse movimento uma tentativa sofisticada de controlar o povo.

Wu afirmou, no entanto, que no sistema implantado nos restaurantes de Minhang a privacidade dos trabalhadores é garantida. De acordo com o diretor do departamento, os dados obtidos ficam armazenados no servidor do governo e só são acessados se for preciso aplicar alguma punição.

Além disso, segundo lembrou, a vigilância não é feita às escondidas e todos os funcionários dos restaurantes sabem que estão sendo filmados e onde as câmeras estão.

Wu não quis dizer o nome da empresa que fornece a tecnologia de inteligência artificial, um campo no qual a chinesa SenseTime se transformou em líder absoluta. Desde abril de 2018 é a empresa de Inteligência Artificial mais valiosa do mundo.

Atualmente, trabalha com várias autoridades locais, é uma das líderes em reconhecimento facial e de imagens e está desenvolvendo um serviço chamado "Viper" que, segundo a empresa, revolucionará o controle da segurança e de vigilância.

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