Tecnologia

Celular impulsiona bancarização das classes C e D

Investimento em transações mobile deve estar na pauta de bancos e operadoras nos próximos anos, diz consultor

Usuários de celular é muito maior que o de correntistas no Brasil (.)

Usuários de celular é muito maior que o de correntistas no Brasil (.)

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Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2010 às 10h21.

São Paulo - O desafio de ampliar o acesso da população de baixa renda a serviços financeiros formais no Brasil pode ter na tecnologia um grande aliado. Com uma penetração próxima de uma unidade por habitante, o celular é a nova aposta de bancos e operadoras para o chamado processo de bancarização.

O engenheiro Sérgio Goldstein é um dos defensores da ideia. Sócio-diretor de uma consultoria especializada no segmento de mobile money, ele prevê que em cerca de cinco anos serviços de transação financeira pelo aparelho móvel deverão se tornar comuns no país. "Pagamentos de contas e até serviços bancários já podem ser feitos por um celular simples que tenha apenas o recurso de envio e recebimento de SMS. A novidade apenas não decolou ainda por falta de conhecimento por parte da população", diz Goldstein.

Até agora, estima-se que apenas 1% dos correntistas no Brasil utiliza serviços financeiros pelo celular. O público em potencial desta nova plataforma seriam as famílias de classes C e D porque para elas, o acesso ao banco pelo telefone móvel seria mais fácil do que por meio de agências físicas ou pela internet. "O ambiente do banco é intimidador para pessoas mais simples, o que acaba tornando a ideia de abrir uma conta corrente desinteressante", explica o empresário.

Dados do Ibope referentes a 2009 apontam que 51% da população brasileira têm conta em banco, porém a maior concentração está nas classes A e B, nas quais o índice sobe para 78%. Por outro lado, o número de celulares chegava a quase 96 para cada cem pessoas no último mês de junho, conforme a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). "Há uma grande fatia da população que tem celular mas não é bancarizada", diz Goldstein. "E o primeiro acesso ao mundo digital de muitas dessas pessoas ocorre pelo celular, não pelo computador".

Visando esse mercado, instituições como o Banco do Brasil já dispõem de serviços que podem ser acessados apenas por SMS. Já o Bradesco, por meio de acordos com Claro e Vivo, incentiva a abertura de contas por parte da população de baixa renda convertendo as taxas de manutenção de conta em créditos para telefonia celular. Entre as operadoras, a Oi saiu na frente, há alguns anos, ao lançar o Oi Paggo, um sistema de compras pelo celular.

A sinergia entre operadoras de telefonia móvel e instituições financeiras será o foco da discussão do congresso Mobile Money Brasil, que será realizado nos dias 25 e 26 de agosto em São Paulo. "A ideia é estimular o debate para criar estratégias de execução na área", explica Goldstein, um dos organizadores do evento.

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