Tecnologia

Brasileiro tetraplégico dirige carro de corrida com pensamentos

Usando machine learning e sensores, Rodrigo Mendes foi capaz de enviar comandos cerebrais a um automóvel

Carro: o automóvel é controlado por comandos cerebrais (Ramon Vasconcelos/Rede Globo/Divulgação)

Carro: o automóvel é controlado por comandos cerebrais (Ramon Vasconcelos/Rede Globo/Divulgação)

Marina Demartini

Marina Demartini

Publicado em 9 de abril de 2017 às 08h00.

Última atualização em 10 de abril de 2017 às 09h25.

São Paulo – Depois de quase 30 anos, Rodrigo Mendes voltou a dirigir um carro. Mendes ficou tetraplégico após um assalto a mão armada no qual tomou um tiro no pescoço -- o que o deixou tetraplégico. Após fundar uma instituição que leva seu nome, ele pode, finalmente, voltar a dirigir. Mas desta vez usou apenas seu cérebro para controlar o veículo.

No mês passado, Mendes se tornou a primeira pessoa com tetraplegia do mundo a dirigir um carro de corrida usando apenas comandos cerebrais. O feito foi possível graças a uma parceria entre o Instituto Rodrigo Mendes, que ajuda pessoas com deficiência a ter uma educação de qualidade em escolas tradicionais, e a Rede Globo.

A tecnologia consiste em um capacete com sensores que é conectado ao motor do veículo. Toda vez que o piloto pensa em um comando, o software do sistema mapeia os impulsos elétricos produzidos pelas ondas cerebrais e os envia para um computador de bordo.

De acordo com Paulo Henrique Castro, diretor de tecnologia de transmissão da Globo, a equipe desenvolveu um filtro para que o carro responda aos comandos. Mendes, por exemplo, precisou escolher três ações distintas para mandar o carro acelerar, virar à esquerda e virar à direita.

O fundador da organização conta a EXAME.com que, antes do acidente, adorava jogar futebol e por isso escolheu a emoção de comemorar um gol como o comando de aceleração. As outras ações selecionadas foram andar de bicicleta e comer algo gostoso.

Campanha respeito da Globo

Como o sistema funciona a partir de um algoritmo de machine learning, Mendes precisou “treinar seus pensamentos” para que o computador de bordo reagisse aos padrões de acionamento. “Foram dois meses de uso da tecnologia e não encontrei nenhuma dificuldade”, conta.

Além dos sensores, o carro foi equipado com uma câmera frontal que detecta o traçado da pista. “Fizemos um algoritmo, baseado no vídeo feito pela câmera, que entende qual é o movimento ideal do volante”, explica Castro. “Esta ferramenta é mais um auxílio para aumentar o potencial de aceleração do Rodrigo.”

O carro também foi equipado com um receptor remoto e um sistema de controle, em que freios, embreagem e mudança de marcha podem ser acionados pela equipe de box. “Caso Rodrigo tivesse perdido o controle do automóvel, ainda teríamos a situação sob controle.”

Campanha respeito da Globo

Apesar de ser a primeira vez que uma pessoa com tetraplegia dirige um carro a partir de seus pensamentos, essa não é a primeira vez que um automóvel é conduzido por comandos cerebrais.

Em 2015, pesquisadores da Universidade Nankai, na China, criaram um automóvel que responde ao cérebro do motorista. O equipamento consiste em um headset com 16 sensores que captura os sinais de encefalograma (EEG) do cérebro. Depois, um programa seleciona esses sinais e os traduz, permitindo que o operador controle o carro.

No mesmo ano, um modelo elétrico i3, da BMW, foi modificado para ser controlado remotamente pelos pensamentos. Uma equipe de cientistas substituiu o assento do motorista por um equipamento capaz de pressionar os pedais e girar o volante. Uma pessoa equipada com um headset com sensores precisava pensar em determinados comandos, como parar e acelerar, para que o carro se movimentasse.

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