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Bonecas conectadas podem se tornar espiãs, alertam associações

Um estudo afirma que o funcionamento das bonecas como simples alto-falantes Bluetooth as torna especialmente vulneráveis

Boneca "Minha Amiga Cayla": dispositivos requerem o uso de um aplicativo em telefones celulares ou tablets (Rob Stothard/Getty Images)

Boneca "Minha Amiga Cayla": dispositivos requerem o uso de um aplicativo em telefones celulares ou tablets (Rob Stothard/Getty Images)

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AFP

Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 12h02.

Última atualização em 6 de dezembro de 2016 às 17h41.

Algumas bonecas conectadas podem se transformar em "espiões" controláveis à distância pelo telefone celular, alertam associações de defesa do consumidor europeias e americanas, que decidiram apresentar uma denúncia contra duas empresas.

Dois brinquedos, "Minha amiga Cayla" e "i-Que", são os que despertaram os temores dos defensores da vida privada.

Os dois dispositivos requerem o uso de um aplicativo em telefones celulares ou tablets para funcionar, explica a Associação Europeia de Defesa dos Consumidores (BEUC, em francês) em um comunicado publicado nesta terça-feira em Bruxelas.

São fabricados pela Genesis Toys, uma empresa com sede em Hong Kong que se apresenta como número 1 mundial do brinquedo conectado.

As crianças podem fazer perguntas simples às bonecas, e elas respondem. Todas as conversas são guardadas, de forma encriptada, em um servidor.

Um estudo do organismo independente de proteção dos consumidores noruegueses (Forbrukkerradet), sobre o qual se baseiam as denúncias apresentadas por várias associações, afirma que o funcionamento de "Cayla" e "i-Que" como simples alto-falantes Bluetooth as torna especialmente vulneráveis.

"É muito fácil para qualquer um se conectar à boneca. Então, se você está perto da boneca e ela está ligada, um desconhecido pode, por exemplo, se conectar e falar através da boneca e ouvir o que as pessoas dizem através desta conexão", explica à AFP Finn Myrstad, responsável do setor de Serviços Digitais no Conselho Norueguês de Consumidores.

"É um problema de segurança que foi apontado pelo fabricante há quase dois anos. Deveriam tê-lo solucionado desde então", lamenta.

O relatório norueguês faz uma recomendação simples, uma leve modificação do produto: exigir um acesso "físico" para a conexão, como apertar um botão para validar a conexão entre aparelhos.

Em seu comunicado, o BEUC lamenta, também, que qualquer palavra pronunciada por uma criança seja transferida para a companhia Nuance Communications, especializada na tecnologia de reconhecimento de voz.

Em seu projeto de denúncia contra a Genesis Toys e a Nuance Communications ante a Comissão Federal do Comércio, quatro associações americanas lembram que a Nuance, que diz usar os dados recolhidos para melhorar seus produtos, vende sua tecnologia a agências militares, de inteligência e de polícia.

Ao menos 18 associações de defesa de consumidores e proteção da infância - em 15 países europeus e nos Estados Unidos - denunciarão o tema ante as autoridades.

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