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Bancos barram Bitcoin nos EUA e obstáculos aumentam

O país exige que os entusiastas do dinheiro digital criado como uma alternativa às moedas controladas por países e bancos joguem pelas regras existentes

Ilustração de uma moeda do Bitcoin: os Bancos Centrais dos Países Baixos e da França também alertaram que a moeda não tem garantias governamentais (Jim Urquhart/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2013 às 22h38.

Washington - Uma adoção mais ampla dos Bitcoins , o dinheiro digital criado como uma alternativa às moedas controladas por países e bancos , depende precisamente destes, ao passo que os governos da China e dos EUA exigem que seus entusiastas joguem pelas regras existentes.

As casas de câmbio de Bitcoin, os processadores de pagamentos e outras startups dizem precisar que os bancos os conectem ao sistema de pagamentos existente e forneçam serviços básicos, como as contas correntes. Para isso, as novas empresas precisam convencer as reguladoras que policiam os bancos que os Bitcoins não estão sendo usados para ocultar atividades ilícitas.

“Os bancos têm medo de negociar com empresas de Bitcoin, mesmo querendo realmente fazer isso”, disse Stephen Pair, cofundador e diretor técnico da BitPay Inc., uma empresa com sede em Atlanta que processa pagamentos para comerciantes em Bitcoin. Pair disse que a BitPay tem relações com bancos nos EUA, no Canadá e na Europa; ele preferiu não dar os nomes, a pedido dos bancos.

As reguladoras mostram poucos sinais de perderem interesse em monitorar os fluxos financeiros, sejam em dólar, yuan ou Bitcoin. O Banco Central da China proibiu, ontem, que instituições financeiras comprem ou vendam a moeda virtual ou precifiquem produtos em Bitcoin, provocando uma queda de mais de 10 por cento nos preços da moeda virtual, segundo o índice CoinDesk Bitcoin Price, que sintetiza os valores praticados pelas principais casas de câmbio globais nas quais o Bitcoin pode ser negociado por moedas tradicionais.

Seu valor ficou em US$ 1.052,25 às 17 horas, no horário de Nova York.

Os preços saltaram no mês passado, quando um funcionário do Departamento de Justiça descreveu a moeda como “um meio legal de troca”. No entanto, outra reguladora, no mesmo evento, alertou que os negócios relacionados com o Bitcoin necessitariam se adequar aos atuais padrões de lavagem de dinheiro antes que os bancos concordem em trabalhar com eles.


Os Bancos Centrais dos Países Baixos e da França também alertaram que a moeda não tem garantias governamentais.

Contas fechadas

As reguladoras pressionaram bancos a fecharem algumas contas relacionadas com o Bitcoin. A Tradehill Inc., uma casa de câmbio de São Francisco, foi fechada em agosto depois que seu banco, o Internet Archive Federal Credit Union, expulsou clientes relacionados com o Bitcoin pelo que ele chamou de “problemas regulatórios”.

Autoridades dos EUA também fecharam uma conta da Wells Fargo Co. usada pela Mt. Gox, uma casa de câmbio com sede no Japão, para servir clientes dos EUA.

Lançado em 2008 por um programador ou grupo de programadores sob o nome de Satoshi Nakamoto, o Bitcoin é a mais famosa de um grupo de moedas virtuais -- dinheiro que existe basicamente como uma sequência de códigos -- que não possuem autoridade emissora central. Hoje, apesar de seu status incerto, o Bitcoin pode ser usado para pagar camisetas, comida ou uma consulta com um psiquiatra de Manhattan.


Nicho de mercado

A resistência dos bancos em manter contas para transações relacionadas ao Bitcoin é um obstáculo para as empresas que buscam expandir seu uso. Sem o acesso aos bancos tradicionais e à capacidade de trocar Bitcoins livremente por outras moedas, o dinheiro virtual corre o risco de continuar sendo uma inovação para poucos nichos de usuários.

O problema deverá ser um dos principais tópicos de discussão em uma conferência para entusiastas do Bitcoin na semana que vem, em Las Vegas.

Por causa da pressão regulatória nos EUA, grande parte do negócio de câmbio se mudou para fora do país, em direção à Grã-Bretanha, ao Japão e à China, disse Jered Kenna, fundador da Tradehill, a casa de câmbio de Bitcoin que perdeu seu banco, em entrevista.

A LightSpeed Venture Partners, com sede em Menlo Park, Califórnia, anunciou em 18 de novembro que investiria US$ 5 milhões na BTC China, agora a maior casa de câmbio do mundo de Bitcoin em volume.

Kenna ressaltou que, “para o futuro próximo”, a indústria precisaria dos bancos e necessitaria responder a suas preocupações. “E o futuro próximo pode ser 50 anos”.

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As casas de câmbio de Bitcoin, os processadores de pagamentos e outras startups dizem precisar que os bancos os conectem ao sistema de pagamentos existente e forneçam serviços básicos, como as contas correntes. Para isso, as novas empresas precisam convencer as reguladoras que policiam os bancos que os Bitcoins não estão sendo usados para ocultar atividades ilícitas.

“Os bancos têm medo de negociar com empresas de Bitcoin, mesmo querendo realmente fazer isso”, disse Stephen Pair, cofundador e diretor técnico da BitPay Inc., uma empresa com sede em Atlanta que processa pagamentos para comerciantes em Bitcoin. Pair disse que a BitPay tem relações com bancos nos EUA, no Canadá e na Europa; ele preferiu não dar os nomes, a pedido dos bancos.

As reguladoras mostram poucos sinais de perderem interesse em monitorar os fluxos financeiros, sejam em dólar, yuan ou Bitcoin. O Banco Central da China proibiu, ontem, que instituições financeiras comprem ou vendam a moeda virtual ou precifiquem produtos em Bitcoin, provocando uma queda de mais de 10 por cento nos preços da moeda virtual, segundo o índice CoinDesk Bitcoin Price, que sintetiza os valores praticados pelas principais casas de câmbio globais nas quais o Bitcoin pode ser negociado por moedas tradicionais.

Seu valor ficou em US$ 1.052,25 às 17 horas, no horário de Nova York.

Os preços saltaram no mês passado, quando um funcionário do Departamento de Justiça descreveu a moeda como “um meio legal de troca”. No entanto, outra reguladora, no mesmo evento, alertou que os negócios relacionados com o Bitcoin necessitariam se adequar aos atuais padrões de lavagem de dinheiro antes que os bancos concordem em trabalhar com eles.


Os Bancos Centrais dos Países Baixos e da França também alertaram que a moeda não tem garantias governamentais.

Contas fechadas

As reguladoras pressionaram bancos a fecharem algumas contas relacionadas com o Bitcoin. A Tradehill Inc., uma casa de câmbio de São Francisco, foi fechada em agosto depois que seu banco, o Internet Archive Federal Credit Union, expulsou clientes relacionados com o Bitcoin pelo que ele chamou de “problemas regulatórios”.

Autoridades dos EUA também fecharam uma conta da Wells Fargo Co. usada pela Mt. Gox, uma casa de câmbio com sede no Japão, para servir clientes dos EUA.

Lançado em 2008 por um programador ou grupo de programadores sob o nome de Satoshi Nakamoto, o Bitcoin é a mais famosa de um grupo de moedas virtuais -- dinheiro que existe basicamente como uma sequência de códigos -- que não possuem autoridade emissora central. Hoje, apesar de seu status incerto, o Bitcoin pode ser usado para pagar camisetas, comida ou uma consulta com um psiquiatra de Manhattan.


Nicho de mercado

A resistência dos bancos em manter contas para transações relacionadas ao Bitcoin é um obstáculo para as empresas que buscam expandir seu uso. Sem o acesso aos bancos tradicionais e à capacidade de trocar Bitcoins livremente por outras moedas, o dinheiro virtual corre o risco de continuar sendo uma inovação para poucos nichos de usuários.

O problema deverá ser um dos principais tópicos de discussão em uma conferência para entusiastas do Bitcoin na semana que vem, em Las Vegas.

Por causa da pressão regulatória nos EUA, grande parte do negócio de câmbio se mudou para fora do país, em direção à Grã-Bretanha, ao Japão e à China, disse Jered Kenna, fundador da Tradehill, a casa de câmbio de Bitcoin que perdeu seu banco, em entrevista.

A LightSpeed Venture Partners, com sede em Menlo Park, Califórnia, anunciou em 18 de novembro que investiria US$ 5 milhões na BTC China, agora a maior casa de câmbio do mundo de Bitcoin em volume.

Kenna ressaltou que, “para o futuro próximo”, a indústria precisaria dos bancos e necessitaria responder a suas preocupações. “E o futuro próximo pode ser 50 anos”.

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