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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h24.
A próxima grande disputa das empresas de tecnologia será pela automação residencial, um mercado que deve movimentar 250 bilhões de dólares nos Estados Unidos nos próximos sete anos, e 1 trilhão de dólares em todo o mundo no mesmo período. Gigantes como Intel, Motorola, Microsoft e Cisco estão, neste momento, empenhados em criar a casa do futuro. Mas o maior problema é exatamente este: até agora, ninguém sabe o que ela precisa ter para agradar aos consumidores.
Segundo a revista britânica The Economist, as empresas encontram dificuldade em definir a casa do futuro, porque, durante muito tempo, especializaram-se em atender o mercado corporativo, em que diretores de tecnologia conseguiam expressar com mais clareza suas demandas e, sobretudo, estavam mais abertos a comprar "soluções" de tecnologia da informação.
As gigantes do setor só se voltaram para o mercado doméstico depois do estouro da bolha de tecnologia. Desde então, as companhias avaliam que o mercado corporativo apresentará taxas modestas de crescimento durante vários anos. Mas o foco na automação residencial não significa que os fornecedores de tecnologia estão preparados para atender este novo mercado. "Consumidores finais não fazem suas compras do mesmo modo que um gerente de TI", afirma Tim Dowling, diretor da Pure Network, uma desenvolvedora americana de softwares. "Os consumidores compram coisas e são levadas pelo impulso. Elas não compra sistemas ou soluções", diz.
Pouca demanda
Além disso, algumas pesquisas mostram que o interesse pela automação residencial pode ser menor do que se pensa. Um estudo da Parks Associates, uma empresa de pesquisa dos Estados Unidos, revelou que, para 89% dos entrevistados, o acesso à internet é o uso mais importante que fazem de computadores ligados em rede. Já o compartilhamento de impressoras é a segunda prioridade.
Outra pesquisa, elaborada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômica (OCDE), mostra que, no final de 2004, 230 sites, instalados nos Estados Unidos e Europa, ofereciam cerca de 1 milhão de arquivos de música e vídeo para download. As vendas online desses arquivos, porém, ainda representam menos de 2% do faturamento mundial de música. Mesmo que cresça a um ritmo bastante acelerado, sua fatia deve chegar a 5% ou 10% do mercado total em 2008.
"Muitas pessoas não estão interessadas em ter a eletrônica como centro nervoso de suas residências", diz Pip Coburn, presidente da Coburn Ventures, uma consultoria de tecnologia que também opera como empresa de investimento de capital de risco.
Possíveis vencedores
Segundo The Economist, as empresas de tecnologia enfrentam um paradoxo na disputa pela casa do futuro. De um lado, a automação residencial requer sistemas capazes de se comunicar, como aparelhos celulares que possam programar a iluminação da residência ou o ar-condicionado e geladeiras que transmitam pedidos de compra para o supermercado mais próximo. Do outro, porém, cada empresa busca impor seu próprio padrão tecnológico aos demais concorrentes, o que apenas atrapalha a integração dos produtos e serviços.
Por isso, ainda não está claro qual cenário prevalecerá. No primeiro, uma única empresa ou um grupo de companhias que partilham a mesma tecnologia se imporá ao mercado, dominando os negócios. Em outro, os sistemas seriam abertos e capazes de dialogar com a concorrência para os consumidores, segundo The Economist, esta seria, sem dúvida, a melhor solução.