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Ataques de hackers mostram alcance global de Kim Jong-un

A suposta capacidade da Coreia do Norte para hackear a Sony está estendendo a influência do líder do país muito além do alcance dos seus mísseis

Kim Jong-un: capacidade do regime de travar uma guerra cibernética dá uma nova dimensão à postura internacional do país (REUTERS/KCNA)
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Da Redação

Publicado em 22 de dezembro de 2014 às 14h55.

Seul -A suposta capacidade da Coreia do Norte para hackear a Sony Pictures Entertainment está estendendo a influência de Kim Jong-un muito além do alcance de seus mísseis.

Enquanto a Coreia do Norte mantém as autoridades ocidentais de defesa especulando há anos a respeito de um programa nuclear que o país pode ou não usar alguma vez, a capacidade do regime de travar uma guerra cibernética dá uma nova dimensão à postura internacional do país.

“Existe essa imagem de que a Coreia do Norte nunca leva suas ameaças adiante”, disse Bruce Klingner, pesquisador sênior sobre o Nordeste da Ásia na Heritage Foundation em Washington e ex-subdiretor da divisão para a Coreia da CIA. “Mas às vezes eles cumprem. Você não pode sempre descartar as ameaças da Coreia do Norte como se fossem palavras ao vento”.

A família Kim é frequentemente ridicularizada na imprensa europeia e norte-americana por seu estilo de governo totalitário e pelas rajadas de injúrias antiocidentais. E, no entanto, a zombaria à excentricidade do regime ignora o poder tecnológico da Coreia do Norte em áreas onde o país escolhe colocar recursos. A Coreia do Sul já acusou a Coreia do Norte de numerosos ataques nos últimos cinco anos e agora Pyongyang pode estar mostrando seu alcance global.

Em junho, a Coreia do Norte prometeu “destruir impiedosamente” qualquer pessoa associada ao filme “A entrevista”, uma comédia de ação da Sony Pictures sobre um plano para assassinar Kim. Seis meses depois, a Sony Pictures cancelou o lançamento do filme depois que hackers invadiram seus sistemas de computadores.

“O medo em relação à capacidade de hackeamento da Coreia do Norte e também de suas capacidades ofensivas gerais aumentou”, disse Kim Jin Moo, pesquisador da Coreia do Norte no Instituto para Análises de Defesa da Coreia, administrado pelo Estado, com sede em Seul. “A percepção de que a Coreia do Norte é uma terrível ameaça se tornou mais forte”.

Tentativas de roubo

A intimidação cibernética norte-coreana não é surpresa para a Coreia do Sul. O país diz que a Coreia do Norte realizou seis grandes ataques cibernéticos às suas instituições desde 2009, que custaram US$ 780 milhões ao país. Isso inclui um ataque a um dos maiores bancos da Coreia do Sul, o Nonghyup, impedindo por dias que cerca de 30 milhões de correntistas sacassem dinheiro em 2011.

Em resposta, o governo planeja mais do que dobrar o tamanho de sua unidade de defesa cibernética para cerca de 1.000 pessoas em 2030, enquanto o Ministério de Ciência alertou em janeiro que a Coreia do Norte vem aumentando os esforços para roubar informações de computadores usando a invasão de e-mails.

No dia 20 de dezembro, a Coreia do Norte negou ser responsável pelo ataque hacker à Sony e exortou os EUA a se unirem ao país para encontrar o verdadeiro culpado. O FBI havia culpado a Coreia do Norte pelo ataque na véspera.

“Não podemos ter uma sociedade na qual algum ditador em algum lugar possa começar a impor a censura aqui nos Estados Unidos”, disse Obama a repórteres, em Washington, no dia 19 de dezembro.

Armas assimétricas

Durante décadas a Coreia do Norte tentou compensar o deterioramento das forças convencionais de combate desenvolvendo bombas nucleares, mísseis balísticos e artilharia de longo alcance. Nos últimos anos, o país adicionou hackers de elite à sua lista de armas assimétricas em um momento em que Kim projeta uma nova era sob sua liderança.

Embora a Coreia do Norte esteja classificada nos níveis mais baixos em termos de infraestrutura de internet, o país possui uma unidade de elite formada por 3.000 especialistas cibernéticos, além de um exército de 1,2 milhão de soldados e um programa de armas nucleares, disse o então ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Kwan Jin, no ano passado, em uma conferência.

“Kim Jong-un se interessa tanto pelo hackeamento porque as habilidades cibernéticas são a maneira de fazer uma guerra com melhor custo-benefício”, disse Kim Heung Kwang, um desertor norte-coreano que deu aulas no Hamheung Computer College, por telefone. “Ataques hacker podem ser realizados até mesmo em tempos de paz e custam pouco se comparados com o desenvolvimento de armas de destruição em massa. Realmente valem o tempo e o esforço”.

São Paulo – Além de enfrentar a ameaça hacker que provocou o vazamento de e-mails de diretores e celebridades da Sony Pictures na internet e do prejuízo de adiar a estreia do filme “A Entrevista”, antes marcada para o dia 25 de dezembro nos Estados Unidos, a companhia terá que encarar ainda o constrangimento gerado por essas revelações. Como vingança contra o longa-metragem, que faz piada com o regime da Coreia do Norte, hackers invadiram os sistemas da Sony e publicaram documentos privados. Comentários nada politicamente corretos, com insultos e críticas sobre famosos, e informações nada agradáveis foram parar na rede, gerando grande burburinho. Confira nas imagens os principais micos.
  • 2. Leonardo Di Caprio é considerado “desprezível”

    2 /10(Mike Segar/Reuters)

  • Veja também

    Uma troca de e-mails entre o produtor Mark Gordon e a copresidente de estúdio Amy Pascal revelou ressentimento em relação a Leonardo Di Caprio. O ator havia sido chamado para participar do filme biográfico sobre Steve Jobs, roteirizado por Aaron Sorkin, mas, ao recusar a oferta, os chefes não gostaram nada da resposta. Em uma conversa, Gordon afirmou que a negativa de Di Caprio era “um comportamento horrível”. A réplica de Amy foi ainda mais dura: “realmente desprezível”.
  • 3. Angelina Jolie é chamada de criança mimada e pouco talentosa

    3 /10(Luke MacGregor/Reuters)

  • Uma conversa realizada em fevereiro, entre Amy Pascal e o produtor Scott Rudin mostrou que Angelina Jolie não está entre as atrizes mais amadas por eles. Segundo a revista Variety, Angelina reclamou por David Fincher ter desistido de dirigir seu filme “Cleópatra”, para filmar a biografia de Steve Jobs.  A reação da atriz foi muito mal avaliada. Em um e-mail, Rudin falou que Amy deveria calar Angelina antes que ela dificultasse muito a produção de Fincher. Em seguida, além de falar mal da ideia do filme “Cleópatra”, ele disse que não destruiria a própria carreira por causa de uma criança mimada e minimamente talentosa, em referência à esposa de Brad Pitt.
  • 4. Megan Ellison é chamada de lunática bipolar

    4 /10(Getty Images)

    A ira do produtor Scott Rudin também atingiu a produtora cinematográfica Megan Ellison, fundador da Annapurna Pictures, que desejava financiar o filme sobre Steve Jobs, quando a Sony ainda estava à frente do projeto. Em um e-mail, Rudin afirmou que Ellison é uma lunática bipolar de 28 anos de idade, que precisaria tomar seus remédios para que a produção pudesse ser realizada. Ao saber dos desaforos, Ellison brincou dizendo que sempre pensou em si mesma como alguém excêntrica.
  • 5. Adam Driver é considerado uma “péssima ideia”

    5 /10(Getty Images)

    Em outro e-mail vazado, Amy Pascal enviou ao diretor David Fincher algumas notícias: uma delas dizia que ele não iria mais dirigir o filme sobre Steve Jobs e outra dizia que o ator Adam Driver poderia ser o vilão do novo "Star Wars: O Despertar da Força". Para fugir do assunto sobre sua possível saída da cinebiografia, Fincher disse que Driver era, realmente, uma “péssima ideia” para o papel.
  • 6. Jennifer Lawrence e Amy Adams valeram menos que homens de “Trapaça”

    6 /10(Lucas Jackson/Reuters)

    As duas atrizes principais do filme “Trapaça” (2013) receberam cachês mais baixos do que os homens do elenco. Segundo informações divulgadas pelo site The Daily Beast, Jennifer Lawrence e Amy Adams tiveram remuneração de apenas 7% dos rendimentos do filme, enquanto seus colegas David O'Russell (diretor) e os atores Bradley Cooper, Christian Bale e Jeremy Renner ganharam 9%. E-mails enviados a Amy Pascal mencionaram a injustiça, mas mesmo assim a política de diferenciação permaneceu, mesmo sabendo que o lançamento de “Trapaça” pegou carona no sucesso de “Jogos Vorazes”, estrelado por Jennifer e lançado pouco antes da produção da Sony. Outros documentos mostraram que a diferença nos salários pagos pela Sony em relação ao gênero é gritante. Dos 17 executivos da empresa que recebem mais de 1 milhão de dólares por ano, apenas 1 é mulher.
  • 7. Willow e Jaden Smith são ridicularizados

    7 /10(Getty Images)

    Os filhos do ator Will Smith, Willow e Jaden Smith, foram ridicularizados em um e-mail de Tom Rothman, chefe da produtora TriStar, para o presidente da Columbia Pictures, Doug Belgrad. Após ler a entrevista polêmica de Jaden e Willow à T Magazine, em que foram publicadas declarações inusitadas, Rothman enviou o link da matéria e o comentário: “Eles são escolarizados em casa: não deixe essa família escolher seus filmes!!!”.
  • 8. Aaron Sorkin acha que papéis femininos são mais fáceis do que masculinos

    8 /10(Getty Images)

    O roteirista e produtor Aaron Sorkin deu um show de machismo em um e-mail publicado pelo Daily Beast. Em uma mensagem enviada ao colunista do The New York Times Maurreen Dowd, Sorkin afirmou que é muito mais fácil vencer um Oscar se a pessoa for mulher, pois o nível dos atores seria muito mais alto do que o das atrizes, quando se fala de performance. Para ele, quase nenhuma mulher que já venceu o maior prêmio do cinema chegou à altura das atuações masculinas que também ganharam (ou até mesmo que perderam) as estatuetas. As exceções, que poderiam competir de igual para igual com os homens, seriam Meryl Streep e Helen Mirren.
  • 9. E-mails sugeriram que Obama só gosta de filmes com negros

    9 /10(Larry Downing/Reuters)

    Nem o presidente dos Estados Unidos escapou dos e-mails jocosos dos produtores. Antes de se encontrar com Barack Obama, em um café da manhã, a presidente da Sony Pictures, Amy Pascal, trocou e-mails com o produtor e amigo Scott Rudin. Nas mensagens, ela pediu sugestões de perguntas para fazer ao presidente. Rudin sugeriu que ela perguntasse se Obama tinha interesse em patrocinar alguma produção. Como ela duvidava disso, perguntou se valeria a pena questioná-lo se tinha gostado do filme “Django Livre”. A partir daí, os dois citaram diversos títulos protagonizados por negros, como “O Mordomo da Casa Branca” e “12 Anos de Escravidão”, como se Obama tivesse um apreço especial por eles, já que também é afrodescendente. A brincadeira, é claro, não pegou bem. Após o vazamento, ambos pediram desculpas pela insensibilidade da piada.
  • 10. Veja, agora, os trailers mais vistos de 2014

    10 /10(Divulgação / Universal)

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