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"Assistir coisas no YouTube é um saco", diz Sergio Valente

Ex-presidente da agência DM9 participou de uma mesa de debates sobre as tendências de comunicação no quarto dia da Campus Party

Sergio Valente na palestra sobre convergência e novas tendências da comunicação, no palco Gutenberg da Campus Party (Cristiano Sant´Anna/indicefoto/Campus Party)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2013 às 10h38.

São Paulo - Em sua primeira aparição pública após deixar a presidência da agência DM9, Sergio Valente participou de um painel na Campus Party nesta quinta-feira, 31, e falou sobre seu passado, presente e futuro. O Adnews esteve presente e elencou alguns assuntos abordados pelo executivo.

O futuro na Globo

“Estou desempregado”, disse o publicitário que depois elucidou tal afirmação: “hoje (ontem) é meu último na DM9 e ainda não comecei na Globo. Eu não sei nada, não entendo nada de televisão, vou fazer muita cagada, vou falar muita merda, vou dizer um monte de coisa que não tem a menor lógica e talvez isso tenha sido a sabedoria deles, pegar um cara que vai falar coisas diferentes.”

E se Sergio Valente comparecesse a Campus Party em 2023, com 10 anos de Rede Globo no currículo, o que gostaria de ter feito? “Eu quero contribuir com a possibilidade dessa marca, dessa companhia interferir no país e com as pessoas. Contribuir com o crescimento do país e das pessoas”, vislumbra.

Segundo o agora diretor da Central Globo de Comunicação, utilizar o poder de seu novo emprego para mudar o país foi o que quis fazer durante sua “vida inteira”. “O que a gente vai fazer lá vocês vão ver na casa de vocês e não vai ser num break, vai ser na vida”, analisa em referência ao poder cultural da emissora.

A despedida com Nizan

Ontem, 31 de janeiro de 2013, era o último de Valente na DM9, consequentemente no Grupo ABC, do parceiro Nizan Guanaes. O agora novo diretor da Central Globo de Comunicação, contou como foi anunciar ao amigo que iria para a emissora carioca. “Somos muitos amigos. [...] Houve momentos de ‘eu te amo’, ‘eu te odeio’, momentos de choro, momentos de riso, mas o que eu acho bacana é que nós temos uma amizade que se mostrou muito maior até do que o próprio rompimento profissional.



O mundo digital e o futuro com privacidade

Para Valente, a comunicação tem de ir onde o povo está. “Nunca entendi a separação entre mundo digital e off-line, nunca entendi diferente”, diz. O publicitário fez previsões de como a sociedade irá se comportar no futuro da rede mundial de computadores. “Em breve, teremos uma devoção à privacidade”, prevê.

Para Valente, o hábito das marcas de querer saber a opinião dos consumidores irá acabar. “Vamos entrar na era da curadoria. O excesso de conteúdo é um porre, você não sabe mais onde está a verdade. [...] Eu, por exemplo, adoro ouvir a opinião de José Wilker sobre o cinema”, argumenta para explicar seu conceito de que as pessoas irão preferir conteúdo relevante.

Citando o vídeo que tira sarro dos hábitos dos usuários do Instagram, ele diz que a tendência é o menos. Além disso, Valente relembrou uma de suas frases polêmicas: “não acredito em agência digital”, dita durante um evento de mídias sociais de 2011. “Por que diabos vocês estão aqui nessa cadeira se poderiam estar me assistindo no digital?”, perguntou em tom irônico para avalizar seu argumento.

O YouTube e o mobile

Claro que Sergio Valente fez questão de ressaltar que utiliza bastante o site de vídeos da Google em seu iPhone, entretanto, também fez questão de dizer que o “YouTube é um saco”. Mas ele explicou: “Quem é apaixonado pelo Corintihians vai assisitir um jogo pelo mobile? A função de você assistir um jogo nisso (apontando o iPhone) é questão de necessidade”.


Para Valente, a relação do ser humano com o YouTube é diferente do que com a televisão. Segundo o executivo, colocar conteúdo do site numa TV de 60 polegadas, por exemplo, vai resultar na falta de qualidade da imagem.

TV aberta, audiência e o conteúdo

A chegada de aparelhos que gravam vídeo digital e possibilitam que os consumidores escolham quando e o que irão assistir irá matar a TV aberta? Não. Valente explica: “O TiVo é uma realidade nos Estados Unidos há sete anos e não matou a TV aberta”. Para o publicitário, é preciso encontrar mecanismos para criar produtos sedutores o suficiente para atrair o telespectador.

“A TV aberta brasileira é uma das melhores do mundo. Do ponto de vista de qualidade, ela é equivalente à TV fechada americana”, analisa. Falando de audiência, Valente disse que é preciso tomar cuidado para falar em queda. “Houve uma diminuição, mas é uma diminuição de share. Na realidade a TV aberta brasileira cresce. Atinge muito mais pessoas do que atingia há quatro anos”.

Estar ou não estar, eis a questão

Com esse amontoado de plataformas midiáticas disponíveis e com a chegada de Valente à Rede Globo, perguntas sobre quais meios as empresas precisam utilizar para atingir os consumidores foram inevitáveis. “Pra você poder construir o valor da sua marca, precisa estar inteligentemente presente. Talvez signifique até estar ausente”, analisa.

É preciso convergir para a vontade do consumidor. “Nós todos estamos a serviço da vontade do ser humano”, explica. “Audiência não é nada, para mim o que importa é relevância. O que eu preciso? Preciso ser mais importante para as pessoas”, reflete. Claro, já foi muito mais fácil. “Você tinha três... quatro plataformas e se as usasse conseguiria chegar em todo mundo. Elas ainda existem, mas você precisa construir o seu valor nesse raciocínio multiplataforma. O fato de o meio existir não significa que você precisa estar nele. Aposto a minha vida na palavra relevância”.

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São Paulo - Em sua primeira aparição pública após deixar a presidência da agência DM9, Sergio Valente participou de um painel na Campus Party nesta quinta-feira, 31, e falou sobre seu passado, presente e futuro. O Adnews esteve presente e elencou alguns assuntos abordados pelo executivo.

O futuro na Globo

“Estou desempregado”, disse o publicitário que depois elucidou tal afirmação: “hoje (ontem) é meu último na DM9 e ainda não comecei na Globo. Eu não sei nada, não entendo nada de televisão, vou fazer muita cagada, vou falar muita merda, vou dizer um monte de coisa que não tem a menor lógica e talvez isso tenha sido a sabedoria deles, pegar um cara que vai falar coisas diferentes.”

E se Sergio Valente comparecesse a Campus Party em 2023, com 10 anos de Rede Globo no currículo, o que gostaria de ter feito? “Eu quero contribuir com a possibilidade dessa marca, dessa companhia interferir no país e com as pessoas. Contribuir com o crescimento do país e das pessoas”, vislumbra.

Segundo o agora diretor da Central Globo de Comunicação, utilizar o poder de seu novo emprego para mudar o país foi o que quis fazer durante sua “vida inteira”. “O que a gente vai fazer lá vocês vão ver na casa de vocês e não vai ser num break, vai ser na vida”, analisa em referência ao poder cultural da emissora.

A despedida com Nizan

Ontem, 31 de janeiro de 2013, era o último de Valente na DM9, consequentemente no Grupo ABC, do parceiro Nizan Guanaes. O agora novo diretor da Central Globo de Comunicação, contou como foi anunciar ao amigo que iria para a emissora carioca. “Somos muitos amigos. [...] Houve momentos de ‘eu te amo’, ‘eu te odeio’, momentos de choro, momentos de riso, mas o que eu acho bacana é que nós temos uma amizade que se mostrou muito maior até do que o próprio rompimento profissional.



O mundo digital e o futuro com privacidade

Para Valente, a comunicação tem de ir onde o povo está. “Nunca entendi a separação entre mundo digital e off-line, nunca entendi diferente”, diz. O publicitário fez previsões de como a sociedade irá se comportar no futuro da rede mundial de computadores. “Em breve, teremos uma devoção à privacidade”, prevê.

Para Valente, o hábito das marcas de querer saber a opinião dos consumidores irá acabar. “Vamos entrar na era da curadoria. O excesso de conteúdo é um porre, você não sabe mais onde está a verdade. [...] Eu, por exemplo, adoro ouvir a opinião de José Wilker sobre o cinema”, argumenta para explicar seu conceito de que as pessoas irão preferir conteúdo relevante.

Citando o vídeo que tira sarro dos hábitos dos usuários do Instagram, ele diz que a tendência é o menos. Além disso, Valente relembrou uma de suas frases polêmicas: “não acredito em agência digital”, dita durante um evento de mídias sociais de 2011. “Por que diabos vocês estão aqui nessa cadeira se poderiam estar me assistindo no digital?”, perguntou em tom irônico para avalizar seu argumento.

O YouTube e o mobile

Claro que Sergio Valente fez questão de ressaltar que utiliza bastante o site de vídeos da Google em seu iPhone, entretanto, também fez questão de dizer que o “YouTube é um saco”. Mas ele explicou: “Quem é apaixonado pelo Corintihians vai assisitir um jogo pelo mobile? A função de você assistir um jogo nisso (apontando o iPhone) é questão de necessidade”.


Para Valente, a relação do ser humano com o YouTube é diferente do que com a televisão. Segundo o executivo, colocar conteúdo do site numa TV de 60 polegadas, por exemplo, vai resultar na falta de qualidade da imagem.

TV aberta, audiência e o conteúdo

A chegada de aparelhos que gravam vídeo digital e possibilitam que os consumidores escolham quando e o que irão assistir irá matar a TV aberta? Não. Valente explica: “O TiVo é uma realidade nos Estados Unidos há sete anos e não matou a TV aberta”. Para o publicitário, é preciso encontrar mecanismos para criar produtos sedutores o suficiente para atrair o telespectador.

“A TV aberta brasileira é uma das melhores do mundo. Do ponto de vista de qualidade, ela é equivalente à TV fechada americana”, analisa. Falando de audiência, Valente disse que é preciso tomar cuidado para falar em queda. “Houve uma diminuição, mas é uma diminuição de share. Na realidade a TV aberta brasileira cresce. Atinge muito mais pessoas do que atingia há quatro anos”.

Estar ou não estar, eis a questão

Com esse amontoado de plataformas midiáticas disponíveis e com a chegada de Valente à Rede Globo, perguntas sobre quais meios as empresas precisam utilizar para atingir os consumidores foram inevitáveis. “Pra você poder construir o valor da sua marca, precisa estar inteligentemente presente. Talvez signifique até estar ausente”, analisa.

É preciso convergir para a vontade do consumidor. “Nós todos estamos a serviço da vontade do ser humano”, explica. “Audiência não é nada, para mim o que importa é relevância. O que eu preciso? Preciso ser mais importante para as pessoas”, reflete. Claro, já foi muito mais fácil. “Você tinha três... quatro plataformas e se as usasse conseguiria chegar em todo mundo. Elas ainda existem, mas você precisa construir o seu valor nesse raciocínio multiplataforma. O fato de o meio existir não significa que você precisa estar nele. Aposto a minha vida na palavra relevância”.

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