Diego Barreto: vice-presidente de estratégia do iFood (iFood/Divulgação)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 30 de abril de 2020 às 12h30.
Última atualização em 30 de abril de 2020 às 13h10.
Os serviços de aplicativo se tornaram essenciais durante o período de quarentena para evitar a transmissão do novo coronavírus. O exame.talks desta quarta-feira (30) recebe Diego Barreto, vice-presidente de estratégia do iFood. Para o executivo, a crise está moldando uma nova fase do e-commerce brasileiro. "As empresas estão descobrindo o mundo online", afirma.
Para Barreto, o coronavírus vai acelerar uma transformação digital em diferentes setores do mercado. O executivo cita um aumento do e-commerce, principalmente dos supermercados – área em que o iFood passou a operar nos últimos meses. “Há mudanças no hábito. Se antes as pessoas iam no mercado para fazer compras de mês, agora eles compram online os mantimentos para uma semana”, diz.
Outra mudança também se dá em relação às formas de realizar pagamentos pela internet. “As pessoas estão esquecendo que há um cartão cadastrado naquele aplicativo”, afirma o vice-presidente de estratégia do aplicativo. Segundo ele, a tecnologia de meios de pagamento terá uma adaptação maior a partir de agora.
Para poder operar durante a pandemia, o serviço de delivery precisou fazer mudanças em seu negócio. A primeira medida foi trazer um infectologista para que a companhia pudesse entender melhor os efeitos da pandemia e adaptar seus negócios de acordo com as recomendações de órgãos de saúde.
Para os restaurantes, a companhia criou um fundo para doar 50 milhões de reais para estabelecimentos pequenos e familiares. Além disso, uma parceria com o Itaú permitiu à companhia antecipar 2,5 bilhões de reais em recebíveis.
Para os colaboradores, o iFood descadastrou todos os entregadores do aplicativo que estão no grupo de risco. Segundo a empresa, esses colaboradores irão receber um valor de assistência compatível com o valor que eles recebiam pelos serviços de entrega prestados à companhia.
O iFood, assim como outros serviços de entrega por aplicativo tais como UberEats e Rappi, operam na chamada economia compartilhada. Neste modelo de negócios, a empresa não firma vínculo empregatício com os entregadores, apenas serve como uma plataforma que os conecta com estabelecimentos comerciais e consumidores.
Segundo Barreto, grande parte dos entregadores que prestam serviços ao iFood buscam a plataforma de forma pontual, trabalhando apenas algumas horas durante o tempo livre para obter renda extra. “Uma parte muito pequena está naqueles que se dedicam à plataforma e que têm remunerações de 1 a 2 salários mínimos”.
O problema, segundo ele, é que uma maior oferta de entregadores acaba desequilibrando a balança do iFood, fazendo com que os entregadores que se dedicam ao serviço de forma integral tenham ganhos menores do que antes. “É uma equação fica difícil dependendo da magnitude do desemprego no Brasil”, afirma.