As 10 potências mundiais em tecnologia limpa; Israel lidera
Estes países lideram na inovação e criação de soluções verdes e contam com clima estimulante para o florescimento de negócios no setor
Vanessa Barbosa
Publicado em 30 de junho de 2014 às 05h41.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h51.
Assim como a inovação tecnológica facilitou mudanças incríveis no consumo, estilo de vida e produtividade nos últimos 200 anos, o desenvolvimento das chamadas tecnologias verdes será essencial para catalisar e facilitar a revolução da sustentabilidade no século 21. Na lista, entram as fontes renováveis, como eólica, solar e biomassa, soluções de eficiência energética, tratamento de lixo e sistemas de reúso de água. Mas quais países têm o maior potencial para produzir e comercializar esse futuro limpo? Para responder a essa pergunta, a consultoria Cleantech e o grupo ambientalista WWF avaliaram 40 países a partir de indicadores relacionados ao desenvolvimento de empresas de soluções ecológicas, a políticas públicas e regulações, estímulos acadêmicos, investimentos privados no setor, número de patentes ambientais registradas, entre outros. Veja a seguir quem são os países que lideram a revolução verde, segundo o The Global Cleantech Innovation Index 2014.
Desde o início dos anos 50, Israel assumiu o compromisso de desenvolver tecnologias ambientalmente corretas para lidar com seus escassos recursos energéticos e com a disponibilidade limitada de água. Atualmente, pelo menos 90% das residências israelenses usam energia solar para aquecer a água. Israel é o país que mais recursos investe no tratamento e reciclagem de água e também é o criador em irrigação por gotejamento, técnica que transforma desertos em terras cultiváveis. Dois fatores contribuem para o sucesso do setor no país: incríveis esforços de pesquisa e de desenvolvimento e a capacidade de atrair investmento externo. Soma-se a isso, o espírito empreendedor incorporado ao sistema sistema educacional que predispõe suas startups a inovar como um mecanismo de sobrevivência.
O clima severo do interior, a falta de recursos ligados a combustíveis fósseis e a recente contração da indústria de TI (como a Nokia que enfrenta forte concorrência de produtos da Apple) são fatores que impulsionaram a Finlândia à criação de novas perspectivas de emprego em atividades de tecnologia limpa. Atualmente, empresas da área empregam cerca de 50.000 pessoas, e 40.000 novos postos de trabalho deverão ser criados até 2020 (uma quantidade significativa dada a sua população de apenas 5 milhões de pessoas). Empresas como a MetGen estão inovando em torno da indústria de celulose e papel bem conhecida do país, e muitas outras (mais de 50 por cento) estão focadas em soluções de eficiência energética.
A terceira colocação no ranking verde ficou com os Estados Unidos, que somam os maiores investimentos no setor, um montante vultoso de US$ 5 bilhões em 2013. O país combina ambiente propício à inovação com uma cultura empresarial sólida e tem uma infraestrutura atraente para energias renováveis, além de acesso excepcional ao financiamento privado. Políticas públicas de apoio às tecnologias limpas, contudo, não são o forte do país, que encabeça a lista para investimento de capital de risco, ao lado de Israel. O estudo destaca ainda que os EUA não têm forte consumo de energia renovável e que a perspectiva de mudança nessa seara pode ser adiada devido à revolução do gás de xisto, que puxa pra baixo os preços da energia.
Segundo o relatório, o governo da Suécia oferece financiamentos relevantes para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas. Para enfrentar os desafios ambientais, o país possui centros de excelência e know-how que mantém parcerias estratégicas com indústrias de ponta. A tradição no desenvolvimento de soluções ambientais está presente em vários setores da construção verde à reciclagem mecânica e energética do lixo. O ponto fraco, segundo o relatório, é lacuna entre as "evidências de inovação em tecnologia limpa" e a "evidência de comercialização da inovação.
A Dinamarca se destaca pela capacidade em apoiar novas empresas que desenvolvem tecnologias limpas até que esse conhecimento se torne lucrativo e beneficie tanto a economia quanto o meio ambiente. Não à toa, a produção do setor de tecnologia limpa representa 3% do PIB do país. Por lá, o setor de energia eólica é um dos mais avançados e, segundo o plano ambicioso do governo de reduzir suas emissões em 40% até 2020, os ventos deverão contribuir com mais da metade do consumo energético dinamarquês na próxima década. O país também tem a maior quantidade de empresas de capital aberto em tecnologia limpa, considerando o tamanho de sua economia. Exemplos importantes incluem a Novozymes, Vestas e Rockwool.
Facilidade de crédito, pesquisa e educação colocam o Reino Unido na lista de potências em tecnologias verdes. Bom acesso ao financiamento privado e uma infraestrutura atraente para todas as energias renováveis aumentam as chances de inovação no país. Entre as diversas fontes, o país se sai melhor na energia eólica, com uma capacidade total de 8,4 mil MW (cerca de 3% de participação mundial). O empresariado entusiasmado com as novas tecnologias ajuda. Segundo pesquisa feita pela consultoria Carbon Trust, 99% dos líderes empresariais britânicos enxergam oportunidades de crescimento no desenvolvimento e uso de tecnologias verdes.
Apesar de ter uma indústria de petróleo sólida e impôr obstáculos a acordos globais de mitigação do aquecimento global, o Canadá vem se esforçando em desenvolver tecnologia verde de ponta nos últimos anos. O país possui uma série de estímulos e investimentos em tecnologia limpa, como práticas de captura e armazenamento de carbono. No tocante à energia eólica, o Canadá possui a nona maior capacidade total instalada no mundo.
Em plena expansão, o setor de tecnologias verdes já responde por 3,5% do produto interno bruto da Suíça e emprega 4,5% da propulação ativa. Educação de alto padrão, foco em pesquisa e desenvolvimento e veia saliente para inovação contribuem para a presença do país na lista.
Não dá para falar de inovações verdes, principalmente no que diz respeito ao setor de energia renovável, sem mencionar a Alemanha, que aparece na nona posição do ranking. O país é a nação mais solar do planeta, respondendo por 35% de toda energia produzida a partir dessa fonte no mundo. E não decepciona nos ventos. Segundo um levantamento do Global Wind Energy Council, a Alemanha é o terceiro do mundo que mais investe na energia eólica, com 11% da capacidade instalada mundial.
O mercado de energia limpa da Irlanda promete decolar até o fim da década, uma vez que o país está ávido por cumprir seus objetivos obrigatórios de eficiência energética e energia renovável. Para dar conta da meta, serão necessários investimentos vultosos, uma oportunidade estimada de 2,5 bilhões de euros por ano até 2020, segundo estudo da Autoridade de Energia Sustentável da Irlanda (SEAI). Atualmente, 1,5 bilhão de euros são gastos por ano em soluções energéticas sustentáveis, que garantem até 18.000 postos de trabalho.