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Arqueólogos e cientistas também dão vida a games

Acadêmicos de diversas áreas participam da elaboração de grandes títulos, adicionando um lastro de conhecimento à experiência lúdica

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2011 às 13h38.

Um game com temática espacial não é nenhuma novidade. Mas um MMO (jogo on-line massivo para milhares de usuários simultâneos) assinado pela Nasa, a agência especial americana, não passa despercebido aos olhos atentos de um jogador. Astronaut: Moon, Mars and Beyond, um projeto ambicioso da produtora canadense Project Whitecard, ganhou um concurso promovido pela agência e, com isso, o direito de uso da marca Nasa.

A agência espacial americana não efetuará qualquer investimento financeiro no jogo, razão pela qual a empresa procurou o Kickstarter, maior site de crowdfunding do mundo, para levantar os 50.000 dólares necessários ao desenvolvimento da versão beta do game. Ao final da empreitada, 962 pessoas colaboraram com a ideia e doaram diferentes cotas para a execução do projeto. Em contrapartida, a agência abriu suas portas para que os desenvolvedores pudessem consultar seus cientistas: assim, toda e qualquer referência espacial e técnica será baseada em conhecimentos e tecnologias reais.

Segundo Darryl Mitchell, responsável por parcerias do Goddard Space Flight Center, divisão da Nasa, o contato com os cientistas da agência espacial acontece de diversas maneiras. "Os desenvolvedores têm acesso a pesquisas, workshops e conferências. Eles também podem frequentar as instalações, além de trocar experiências com especialistas da casa", explica o americano. Don Fraser, gerente de negócios da Project Whitecard, afirma que a Nasa tem alocado estudiosos para ajudar no projeto, bem como permitido o acesso a documentos que normalmente não sairiam da instituição. "Nossa relação com a Nasa é regida pelo Space Act Agreement, um acordo bilateral de cooperação e troca de informações", diz.

A estratégia de usar conhecimento específico para o desenvolvimento de jogos cada vez mais realistas não é exclusividade dos "serious games", jogos cujo principal objetivo é ensinar à medida que entretêm. De acordo com o francês Bertrand Chaverot, diretor geral da Ubisoft no Brasil, é cada vez mais comum o apoio de historiadores, arquitetos, físicos, entre outros especialistas, na concepção de títulos comerciais. "Em Assassin's Creed: Brotherhood, por exemplo, uma equipe inteira foi enviada a Roma. O time era composto de arquitetos, que reconstruíram todo o Coliseu, historiadores e até arqueólogos", conta.

Títulos com forte base histórica, como o World of Warcraft, jogo de fantasia medieval da Blizzard, exigem consultoria permanente. Como possuem um cronograma de atualizações constante, a companhia, sediada em Irvine, na Califórnia, é obrigada a manter uma equipe de historiadores fixa na empresa. Os profissionais não só guiam novos projetos como mantêm a coerência do enredo ao longo das inúmeras expansões, lançadas a cada dois ou três anos.


Brasil

O mercado de games ainda não está estabelecido no país, mas os acadêmicos, cuja linha de pesquisa permeia o universo dos jogos eletrônicos, têm se esforçado para produzir títulos embasados historicamente. Tríade e Búzios, dois games desenvolvidos pela pedagoga e doutora em comunicação Lynn Alves, da Universidade do Estado da Bahia, contam os eventos da Revolução Francesa e da Revolta dos Búzios, respectivamente. Para evitar equívocos e explorar os fatos de maneira contextualizada, e especialista trabalhou com quatro historiadores, que acompanharam o projeto da concepção ao desfecho.

Delmar Galisi, coordenador do curso de design de games da Universidade Anhembi Morumbi, explica que a consultoria de especialistas é fundamental. "Ao longo do curso de graduação, os alunos já são incentivados a buscar referencial teórico para seus projetos", afirma. O professor explica ainda que a consultoria evita erros graves, como a confusão de mitologias nórdica e celta, temas abordados com frequência em MMOs. Para o acadêmico, esse cuidado assegura aos jogos o posto de obra artística e os transforma em verdadeiras fontes de conhecimento.

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Um game com temática espacial não é nenhuma novidade. Mas um MMO (jogo on-line massivo para milhares de usuários simultâneos) assinado pela Nasa, a agência especial americana, não passa despercebido aos olhos atentos de um jogador. Astronaut: Moon, Mars and Beyond, um projeto ambicioso da produtora canadense Project Whitecard, ganhou um concurso promovido pela agência e, com isso, o direito de uso da marca Nasa.

A agência espacial americana não efetuará qualquer investimento financeiro no jogo, razão pela qual a empresa procurou o Kickstarter, maior site de crowdfunding do mundo, para levantar os 50.000 dólares necessários ao desenvolvimento da versão beta do game. Ao final da empreitada, 962 pessoas colaboraram com a ideia e doaram diferentes cotas para a execução do projeto. Em contrapartida, a agência abriu suas portas para que os desenvolvedores pudessem consultar seus cientistas: assim, toda e qualquer referência espacial e técnica será baseada em conhecimentos e tecnologias reais.

Segundo Darryl Mitchell, responsável por parcerias do Goddard Space Flight Center, divisão da Nasa, o contato com os cientistas da agência espacial acontece de diversas maneiras. "Os desenvolvedores têm acesso a pesquisas, workshops e conferências. Eles também podem frequentar as instalações, além de trocar experiências com especialistas da casa", explica o americano. Don Fraser, gerente de negócios da Project Whitecard, afirma que a Nasa tem alocado estudiosos para ajudar no projeto, bem como permitido o acesso a documentos que normalmente não sairiam da instituição. "Nossa relação com a Nasa é regida pelo Space Act Agreement, um acordo bilateral de cooperação e troca de informações", diz.

A estratégia de usar conhecimento específico para o desenvolvimento de jogos cada vez mais realistas não é exclusividade dos "serious games", jogos cujo principal objetivo é ensinar à medida que entretêm. De acordo com o francês Bertrand Chaverot, diretor geral da Ubisoft no Brasil, é cada vez mais comum o apoio de historiadores, arquitetos, físicos, entre outros especialistas, na concepção de títulos comerciais. "Em Assassin's Creed: Brotherhood, por exemplo, uma equipe inteira foi enviada a Roma. O time era composto de arquitetos, que reconstruíram todo o Coliseu, historiadores e até arqueólogos", conta.

Títulos com forte base histórica, como o World of Warcraft, jogo de fantasia medieval da Blizzard, exigem consultoria permanente. Como possuem um cronograma de atualizações constante, a companhia, sediada em Irvine, na Califórnia, é obrigada a manter uma equipe de historiadores fixa na empresa. Os profissionais não só guiam novos projetos como mantêm a coerência do enredo ao longo das inúmeras expansões, lançadas a cada dois ou três anos.


Brasil

O mercado de games ainda não está estabelecido no país, mas os acadêmicos, cuja linha de pesquisa permeia o universo dos jogos eletrônicos, têm se esforçado para produzir títulos embasados historicamente. Tríade e Búzios, dois games desenvolvidos pela pedagoga e doutora em comunicação Lynn Alves, da Universidade do Estado da Bahia, contam os eventos da Revolução Francesa e da Revolta dos Búzios, respectivamente. Para evitar equívocos e explorar os fatos de maneira contextualizada, e especialista trabalhou com quatro historiadores, que acompanharam o projeto da concepção ao desfecho.

Delmar Galisi, coordenador do curso de design de games da Universidade Anhembi Morumbi, explica que a consultoria de especialistas é fundamental. "Ao longo do curso de graduação, os alunos já são incentivados a buscar referencial teórico para seus projetos", afirma. O professor explica ainda que a consultoria evita erros graves, como a confusão de mitologias nórdica e celta, temas abordados com frequência em MMOs. Para o acadêmico, esse cuidado assegura aos jogos o posto de obra artística e os transforma em verdadeiras fontes de conhecimento.

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