Argila amplificou terremoto de 2011 no Japão
Uma camada de argila fez com que o terremoto que atingiu o nordeste do Japão em 2011 fosse muito mais devastador
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2013 às 06h42.
Uma camada de argila fez com que o terremoto que atingiu o nordeste do Japão em 2011 fosse muito mais devastador, já que agiu como lubrificante entre as placas tectônicas submarinas, anunciaram cientistas japoneses.
Esta camada de solo argiloso, ou esmectita, de entre 1 e 5 metros de espessura, provocou um movimento muito rápido das placas, que deslizaram uma sobre a outra.
Os resultados do estudo foram publicados nesta sexta-feira na revista americana Science.
O terremoto de magnitude 9 e o tsunami que se seguiu no dia 11 de março de 2011 deixaram mais de 18.000 mortos no nordeste do Japão e provocaram a catástrofe nuclear de Fukushima, a pior desde Chernobyl (Ucrânia), em 1986.
Kotaro Ujiie, professor da Universidade de Tsukuba, que fez esta constatação, participa de um projeto científico iniciado imediatamente após o desastre. O mesmo consistiu em perfurar as profundezas submarinas a partir de um barco de prospecção, a 7000 metros de profundidade.
Com esta técnica, os pesquisadores associados ao projeto recolheram amostras no local onde as placas se cruzaram.
Descobriram que quando a camada de argila está imprensada entre camadas de rochas impermeáveis se torna muito mais escorregadia devido à enorme pressão sofrida.
Segundo Kotaro Ujiie, esta camada de esmectita, que se formou com cinzas vulcânicas durante um longo período de tempo, inicialmente estava na superfície, mas pouco a pouco foi afundando nas entranhas da terra com as placas.
Os sismólogos realizam atualmente outras perfurações submarinas em frente à península de Kii, no sudoeste do Japão, na fossa de Nankai, onde a placa das Filipinas desliza sob a placa Eurásica e onde teme-se que ocorra um gigantesco terremoto em um futuro próximo.
No entanto, segundo Ujiie, a falha tectônica da fossa de Nankai é menos escorregadia que mais ano norte da costa japonesa.
"Sob a fossa há uma placa relativamente jovem que desliza, mas não passou tempo suficiente para que se forme uma camada de esmectita", explicou.