Apple não lucrou muito com os cabos USB que fez você comprar
Desde o lançamento dos modelos de MacBook mais recentes, uma onda de queixas varreu as redes sociais com a hashtag #donglelife
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2017 às 14h06.
A linha do tempo do universo Apple pode ser medida em A.C. e D.C.: ou seja, antes de seus populares laptops MacBook e MacBook Pro terem apenas portas USB-C e depois, quando esta passou a ser a única alternativa.
A decisão de abandonar a porta USB tradicional foi anunciada em 27 de outubro e a congregação Apple rapidamente se dividiu em dois bandos.
Alguns fantasiaram que aquilo era um estratagema para gerar lucro com a venda de mais adaptadores -- ou “dongles”, no jargão do setor --, enquanto outros classificaram a troca como uma clássica jogada da Apple.
Segundo esta versão, mais uma vez a mestra presciente afastava seus adoráveis clientes do ninho, forçando-os a adotar uma tecnologia pouco antes de que eles -- e seus vários aparelhos -- estivessem prontos.
Acontece que os defensores das teorias da conspiração estavam muito errados (apesar de a hipótese viral sobre a estratégia continuar gerando histeria).
No trimestre que terminou em 31 de dezembro, as receitas com dongles, fones de ouvido e “outros produtos”, na verdade, caíram, divulgou a Apple na terça-feira.
A gigante com sede em Cupertino, Califórnia, ainda é, para todos os efeitos, uma empresa de apenas um produto.
O iPhone capturou 70 por cento das receitas, enquanto cabos adaptadores, relógios e equipamentos TV box responderam por apenas 5 por cento.
Nenhum fã da Apple que preze seu AirPod deveria se surpreender com a decisão de hardware sobre o UBS-C.
Uma e outra vez a empresa enveredou seus seguidores pelo caminho do progresso. Seu sistema operacional iOS praticamente condenou os sites web com flash.
A introdução da porta lightning ofereceu uma solução muito mais elegante para recarregar os aparelhos.
Mais recentemente, a Apple retirou a entrada para fones de ouvido do iPhone, tornando os fones com fio de uma hora para a outra tão irrelevantes quanto os CDs há uma década.
Desta vez, contudo, o resultado foi um pouco diferente. Primeiro, a Apple parece ter dado um passo maior do que a própria perna: seu iPhone mais recente ainda vem com uma porta lightning, por isso exige um adaptador para ser recarregado nos novos modelos de MacBook.
Segundo, a próspera divisão de acessórios da companhia deixou de ganhar com os cabos extras exigidos, já que a maioria deles custa entre US$ 20 e US$ 40.
Uma pessoa que quer fazer algumas tarefas ao mesmo tempo -- por exemplo, recarregar um iPhone e escutar música ao mesmo tempo, poderia facilmente pagar mais de US$ 100 pelo privilégio.
Desde o lançamento dos modelos de MacBook mais recentes, uma onda de queixas varreu as redes sociais com a hashtag #donglelife.
Para um pequeno grupo de fãs, a foto de um punhado de cabos brancos se tornou o equivalente a uma torrada com abacate no Instagram.
Talvez percebendo o possível dano de imagem, a Apple rapidamente reduziu o preço dos adaptadores. Além disso, lançou um desconto de 25 por cento nas lojas nos itens produzidos por fornecedores terceirizados, como a SanDisk.
A companhia sem dúvida deixou de ganhar algum dinheiro, mas a quantia é relativamente pequena dentro das finanças da Apple como um todo.