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Advogado sueco de supostas vítimas de Assange nega conspiração

"Não há nada errado em terem procurado à Polícia. E o que estão sofrendo é injusto e absurdo", criticou o advogado

Julian Assange é acusado de ter cometido delito sexual na Suécia (Dan Kitwood/Getty Images)

Julian Assange é acusado de ter cometido delito sexual na Suécia (Dan Kitwood/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2010 às 13h18.

Londres - Claes Borgström, o advogado das duas suecas que denunciaram ser vítimas de agressões sexuais por Julian Assange, negou se tratar de conspiração contra o fundador do WikiLeaks.

Em declarações ao jornal "The Guardian", que publica na Inglaterra as filtragens do WikiLeaks, Borgström classificou de "muito injusto" o que está ocorrendo as suas clientes porque "estão sendo apontadas como se fizessem parte de uma conspiração contra Assange e o WikiLeaks, o que não é verdade".

"Não há nada errado em terem procurado à Polícia. E o que estão sofrendo é injusto e absurdo", criticou o advogado, que questionou se as duas mulheres teriam se atrevido a denunciar Assange se soubessem que iriam ter as reputações colocadas em dúvida.

Borgström sustenta que suas clientes sofreram dois ataques: o primeiro, físico, antes de serem "sacrificadas " por um ataque malévolo na internet por parte dos apoiadores de Assange, que puseram fim ao seu anonimato, publicando na rede inúmeras fotografias das duas e as acusaram de fazer parte de uma armadilha da CIA (agência de inteligência americana).

O próprio Borgström foi vítima de ataques de hackers, que bloquearam seu site: "nunca havia ocorrido nada igual", confessou à publicação.

Borgström negou que a denúncia de Assange por assédio sexual e estupro tivesse relação com WikiLeaks ou a CIA e lamentou que o próprio Assange não dissesse isso claramente.

"WikiLeaks está nas capas dos principais jornais de todo o mundo e Assange é suspeito de delito sexual na Suécia, o que faz com que as pessoas pensem que há uma relação entre ambas as coisas. Mas não há, em absoluto", garantiu o advogado sueco.

Um conhecido de Assange declarou ao jornal que havia advertido o fundador do WikiLeaks do risco que corria com sua "fraqueza por mulheres", que se sentiam atraídas por ele como o teriam estado pelo músico Mick Jagger.

"Uma personalidade como Assange, conhecida no mundo todo, que aparece todos os dias dos meios de comunicação, exerce uma grande atração sobre as mulheres. Muitas o convidavam as suas camas e ele abusava dessas oportunidades", acrescentou.

O advogado das duas denunciantes não quis dar detalhes sobre as provas apresentadas por elas: "é importante para a futura investigação que o suspeito não saiba mais do que o necessário antes que a Polícia sueca faça o interrogatório", justificou ao "The Guardian".

Para ele, uma das duas mulheres, que conheceu Assange em uma conferência em Estocolmo, quis processá-lo após a "agressão sexual" sofrida, Assange queria que ela se submetesse ao teste de aids.

A primeira mulher entrou em contato com a segunda, que estava na organização da conferência, para ver se esta a ajudava localizá-lo, quando se deram conta de que as duas tinham passado por experiências similares, só ai decidiram procurar a Polícia.

"Foram à Polícia informar sobre o ocorrido, simplesmente para consultar. Nesse momento elas estavam preocupada se haviam sido contagiadas por aids. Não tinham certeza se apresentavam ou não a denúncia, buscavam um conselho, mas quando contaram o fato à Polícia, a autoridade percebeu que se tratava de um delito, por isso que informou o caso à Promotoria, que decidiu deter Assange".

Dois dias depois, um segundo promotor, que realizou uma investigação preliminar, chegou à conclusão que as provas não cumpriam os critérios de um delito sexual e anulou a ordem de detenção.

"Quando li aquela decisão, minha própria conclusão foi e continua sendo que houve estupro, portanto pedi a reabertura do caso, o que ocorreu", disse o advogado.

"A lei não é uma ciência exata. Sempre pode gerar interpretações distintas. Acho que o promotor que anulou a ordem de detenção não estudou suficientemente o caso", acrescentou.
 

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