Adobe e Figma cancelam fusão de US$ 20 bilhões após escrutínio regulatório
Acordo entre gigantes do design é interrompido por preocupações antitruste; Adobe enfrentará multa de US$ 1 bilhão
Repórter
Publicado em 18 de dezembro de 2023 às 11h08.
Última atualização em 18 de dezembro de 2023 às 11h10.
Sob crescente pressão de reguladores no Reino Unido e na União Europeia, a Adobe e a Figma anunciaram nesta segunda-feira, 18, o término mútuo do acordo de fusão, que envolvia a aquisição da plataforma de design de produtos Figma pela Adobe, avaliada em US$ 20 bilhões.
Com a desistência, a Adobe terá de desembolsar US$ 1 bilhão à Figma, como taxa de rescisão. Shantanu Narayen, presidente e CEO da Adobe, afirmou: "Embora Adobe e Figma compartilhassem uma visão para redefinir conjuntamente o futuro da criatividade e produtividade, continuamos bem posicionados para capitalizar nossa imensa oportunidade de mercado e missão de mudar o mundo através de experiências digitais personalizadas."
Reguladores apontaram o quase monopólio da Adobe no mercado de softwares de design ao contestarem o acordo. A aquisição da Figma, uma plataforma de design de produtos em rápido crescimento e agora mais popular que o aplicativo rival da Adobe, XD, gerou preocupações de que a Adobe poderia prejudicar a inovação que ocorreria se a Figma continuasse independente. Designers expressaram preocupações semelhantes desde o anúncio da fusão em setembro de 2022, mas a Adobe contestou essas alegações durante as várias investigações em andamento.
Em uma carta datada de 14 de dezembro, a Adobe rejeitou soluções sugeridas pela Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) para aprovar a fusão após uma investigação antitruste aprofundada. A autoridade exigia que a Adobe fizesse um desinvestimento significativo de ativos, código-fonte e engenheiros para "restaurar as condições de concorrência".
Havia a espera de que todas as partes discutissem a decisão provisória da CMA de bloquear o acordo em 21 de dezembro, com um prazo final para aprovar ou bloquear a aquisição em 25 de fevereiro. O negócio também estava sendo analisado pela Comissão Europeia, e a Bloomberg informou em fevereiro de 2023 que o Departamento de Justiça dos EUA estava preparando investigações semelhantes.
Com toda essa pressão, a Adobe teve pouco espaço para avançar com o acordo e ainda obter todos os ativos da Figma que esperava adquirir ou, no caso de sacrificar seus próprios aplicativos em um apaziguamento antitruste, reter.
Dylan Field, CEO da Figma, declarou: "Não é o resultado que esperávamos. Mas, apesar de milhares de horas gastas com reguladores ao redor do mundo detalhando diferenças entre nossos negócios, nossos produtos e os mercados que atendemos, não vemos mais um caminho para a aprovação regulatória do negócio."