Abrigos antiaéreos em São Paulo: conheça prédios projetados para aguentar ataque de bombas no Brasil
Entenda a influência da 2ª Guerra Mundial na arquitetura paulistana, que fez com que edifícios históricos se destacassem pela inclusão de abrigos antiaéreos, uma exigência legal da era Vargas
Redação Exame
Publicado em 28 de março de 2024 às 11h13.
Última atualização em 28 de março de 2024 às 11h24.
Em meio à paisagem urbana de São Paulo, algumas estruturas se destacam não apenas por sua arquitetura imponente, mas também por uma característica peculiar de sua construção:a capacidade de resistir a ataques aéreos.
A decisão construtiva tem um motivo na lei: dez dias após o Brasil declarar sua participação na 2º Guerra Mundia, em 22 de agosto de 1944, o presidente Getúlio Vargas criou o decreto 4.098, uma medida que incluía a obrigatoriedade de construção de abrigos antiaéreos em edificações com mais de cinco pavimentos ou aquelas situadas em locais de entretenimento.
Na metrópole paulistana, edifícios como o Edifício Arouche, Edifício Universal e Condomínio Santa Cecília foram projetados com essa preocupação extra.
Abaixo, explore a história e as especificidades desses abrigos antiaéreos paulistanos, revelando uma faceta menos conhecida da capital.
Edifício Arouche
Situado no número 184 do largo homônimo, o prédio foi anunciado em 1944, se destacando como um dos primeiros exemplares com a inclusão de um abrigo antiaéreo, um recurso de segurança que, naquele momento histórico, era considerado tão vital quanto uma varanda gourmet.
Além da funcionalidade incomum para a época, o edifício foi promovido por suas linhas arquitetônicas sóbrias e elegantes, pela excelência de sua localização – em uma área descrita como um dos bairros mais centrais de São Paulo – e pelo conforto proporcionado aos seus moradores.
À época da inauguração, anunciava com grande destaque um exclusivo abrigo antiaéreo ligado por dois túneis que avançam cerca de 100 metros em direções opostas sob o viário público e dão acesso às escotilhas de emergência no meio da praça.
Edifício São Luiz
O icônicoEdifício São Luiz, localizado na Praça da República, construído em 1953 pelo arquiteto Adolpho Lindenberg, tem um dos abrigos antiaéreos previstos para abrigar também pessoas que estivessem em espaço púbico, no caso a praça da República localizada logo a frente do prédio.
O espaço de 100 metros quadrados, antes destinado à proteção em caso de ataques aéreos, hoje abriga infraestruturas como caixa d'água, aquecedor central e um quarto de despejo.
Condomínio Santa Cecília
Situado na Rua Conselheiro Brotero, o Condomínio Santa Cecília, com imóveis com áreas que variam de 73m² a 94m², é um outro exemplo que usou o apelo marqueteiro de segurança contra bombardeios.
Embora as informações disponíveis não detalhem especificamente as características antiaéreas desses edifícios, a menção ao Edifício Urânio como uma "inspiração da era atômica" sugere uma preocupação com a segurança estrutural em tempos de incertezas globais.
Esses prédios, portanto, não só contribuem para o patrimônio arquitetônico de São Paulo, mas também contam parte da história urbana da cidade em períodos de tensão mundial.