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A Nasa reinventou a roda, literalmente

"Para quê?", você pergunta. Para conquistar o Planeta Vermelho, é claro

Roda: desenvolvida pela Nasa, ela poderá ser usada para explorar Marte (Imaging Technology Center at NASA Glenn/Divulgação)

Roda: desenvolvida pela Nasa, ela poderá ser usada para explorar Marte (Imaging Technology Center at NASA Glenn/Divulgação)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 05h55.

Última atualização em 11 de dezembro de 2017 às 05h55.

Imagine ter que lidar com um pneu furado no meio de uma viagem em um lugar deserto. Agora imagine que a borracharia mais próxima fica a 225 milhões de quilômetros de distância.

Essa é a triste realidade que vive o Curiosity, o amado rover de exploração enviado pela Nasa para Marte em 2011. O Curi (vamos chamá-lo assim) é um motorista extremamente cauteloso: dirige a 0,144 km/h. Além disso, teve suas rodas e pneus preparados para lidar com o terreno arenoso e cheio de pedregulhos do Planeta Vermelho.

Mas ninguém podia imaginar o impacto que as pequenas pedrinhas do solo marciano teriam: em um ano de missão, já começaram a ser notados danos severos às rodas. Em 2013, a situação piorou. O jeito foi programar o bichinho mecânico para desviar dos terrenos mais irregulares, mas em Marte, não tem muito jeito de escapar totalmente deles.

E aí a Nasa chegou à conclusão de que só tinha uma forma de evitar tudo isso em missões futuras: reinventando a roda.

A grande vantagem da nova roda não é a função – é a memória.

A agência espacial acaba de lançar sua roda espacial reinventada. Não é um desafio simples: o material precisa ser (muito) durável e resistente. Resistência geralmente implica peso. E coisas pesadas exigem mais combustível, o que facilmente resulta em um rombo no orçamento. Material pesado, portanto, simplesmente não vai para Marte. Além de tudo, a roda precisava aguentar o clima maluco do planeta.

A solução: mudar tudo. Engenheiros parceiros da Nasa criaram um pneu quase invencível feito com uma liga de níquel e titânio que é capaz de se lembrar do seu formato original. Isso quer dizer que esse baita metal é resistente, mas não rígido: quando ele sofre um baque, como o contato com um pedregulho, o tecido se separa, gerando um furo. Logo depois, o pneu retoma a estrutura original, programada em sua memória, como se furo nenhum tivesse acontecido.

Além de ter memória de elefante e ser praticamente um Transformer, a nova roda também bate recordes em outras áreas. Ela aguenta 30 vezes mais deformação que a roda do Curiosity. Também aguenta 10 vezes mais peso. E por ter melhor aderência ao solo, permite escalar ladeiras até 23% mais inclinadas no irregular deserto marciano.

Tenha um pneu de Marte você também

E o que você tem a ver com tudo isso? Bom, além de revolucionar futuras missões à Marte – em 2024, elas devem ser testadas na tentativa de enviar amostras de lá para a Terra – os engenheiros que trabalharam na nova roda têm buscado parcerias com as fabricantes de pneus aqui na Terra mesmo, focados no mercado off-road e nos veículos militares, para os quais um dano à roda pode ser uma questão de vida ou morte ainda pior que para o Curiosity.

Veja alguns vídeos da roda abaixo.

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Este texto foi publicado originalmente no site da Superinteressante.

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